quarta-feira, 2 de abril de 2025

Chimarrão: Tradição, História e Cultura Gaúcha

O chimarrão é muito mais do que uma simples bebida quente; ele representa um ritual de hospitalidade, um símbolo de amizade e uma tradição enraizada na cultura do Rio Grande do Sul. Sua história remonta às práticas dos povos indígenas e atravessa séculos de transformações sociais e culturais. Vamos explorar desde suas origens até sua presença no dia a dia dos gaúchos.


As Origens Indígenas: O Primeiro Contato com a Erva-Mate

Muito antes da chegada dos colonizadores europeus, os povos indígenas que habitavam a região sul da América do Sul, especialmente os Guaranis, já utilizavam a erva-mate (Ilex paraguariensis). Eles acreditavam que essa planta tinha propriedades medicinais e espirituais. O consumo era feito de diversas formas, incluindo mastigar as folhas e preparar infusões em água quente, o que deu origem ao que hoje conhecemos como chimarrão.


A Proibição Jesuítica e a Redescoberta

Com a chegada dos jesuítas, que buscavam catequizar os povos indígenas, houve um período de proibição do consumo da erva-mate. Os religiosos temiam que o uso estivesse ligado a práticas pagãs e até mesmo que tivesse efeitos negativos sobre a saúde. No entanto, ao perceberem que a erva ajudava a reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e aumentava a disposição dos nativos, acabaram por adotar e incentivar seu uso.

Dessa forma, os jesuítas contribuíram para a disseminação do consumo do chimarrão, aperfeiçoando técnicas de cultivo e colheita da erva-mate, além de introduzirem o costume entre os colonos europeus.


A Consolidação como Hábito e Tradição

Ao longo dos séculos, o chimarrão passou a ser uma parte essencial do cotidiano gaúcho. Mais do que uma simples bebida, tornou-se um símbolo de convivência e tradição. Beber chimarrão é um ato de hospitalidade, e a roda de mate é uma prática social valorizada até os dias de hoje.


O Chimarrão na Legislação

A importância cultural do chimarrão é reconhecida até mesmo em leis estaduais e federais. No Rio Grande do Sul, o Dia do Chimarrão e do Churrasco foi instituído pela Lei Estadual nº 11.929, sendo comemorado em 24 de abril. Em nível nacional, a Política Nacional da Erva-Mate foi sancionada em 2019, incentivando o desenvolvimento da cadeia produtiva da erva-mate no Brasil.


Produção e Regiões Produtoras de Erva-Mate

O Brasil é um dos maiores produtores de erva-mate do mundo, sendo os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul os principais polos produtivos. Em 2023, a produção brasileira ultrapassou 737 mil toneladas. A erva-mate também é exportada para países como Argentina, Uruguai, Paraguai e até mercados europeus, onde cresce o interesse por bebidas naturais e energéticas.


Os Tipos de Erva-Mate

Existem diversas classificações de erva-mate, que variam conforme o processo de produção:

Erva-mate tradicional: Moída fina, com alto teor de pó, muito usada no chimarrão gaúcho.

Erva-mate moída grossa: Menos pó e folhas maiores, comum em algumas regiões do Paraná.

Erva-mate peneirada: Com menos resíduos, mais uniforme, popular para exportação.


O Chimarrão na Cultura e na Música

A presença do chimarrão na cultura gaúcha é evidente na música, na poesia e na literatura. Muitos versos tradicionalistas exaltam o chimarrão como um elemento essencial da identidade sulista. Cantores como Vítor Ramil e grupos de música nativista frequentemente mencionam o mate em suas composições, reforçando seu papel na cultura regional.


Mitos e Verdades sobre o Chimarrão

Mito: O chimarrão faz mal para o estômago.

Verdade: Se consumido moderadamente, ele pode até auxiliar na digestão.

Mito: Compartilhar chimarrão é anti-higiênico.

Verdade: O ritual de passar a cuia faz parte da tradição, e a higiene depende dos cuidados individuais.


Os 10 Mandamentos do Chimarrão

1. Não se pede açúcar no mate. Chimarrão de verdade é puro.

2. Não se diz que o mate está muito quente. Faz parte da experiência.

3. Não se mexe na bomba. Isso pode entupir o mate.

4. Não se deixa um mate pela metade. Se aceitou, beba até o fim.

5. O ronco no fim do mate não é falta de educação. Apenas sinaliza que terminou.

6. O dono da casa sempre toma o primeiro mate. É um gesto de hospitalidade.

7. O mate deve seguir a ordem da roda. Não se quebra a sequência.

8. Não se apressa a roda. Cada um tem seu tempo para saborear.

9. Não se dorme com a cuia na mão. Se recebeu, beba e passe adiante.

10. Não se desvaloriza o chimarrão. Ele é parte da identidade cultural dos gaúchos.

O chimarrão é mais do que uma bebida: é um legado histórico e um símbolo de identidade. Seu consumo transcende gerações e continua sendo uma tradição viva, que representa a hospitalidade, a cultura e a união dos povos do Sul.



sábado, 29 de março de 2025

A Chama Crioula e o nascimento da Semana Farroupilha

Era uma tarde de setembro de 1947 quando um grupo de jovens estudantes do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, decidiu dar um passo fundamental na preservação das tradições gaúchas. Entre eles estava um jovem visionário chamado João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes, que, ao lado de seus colegas Barbosa Lessa, Cyro Dutra, Fernando Machado Vieira, Flávio Krebs, Glaucus Saraiva, Ivo Sanguinetti e Wilmar Santana, concebeu a ideia de resgatar e valorizar a cultura do Rio Grande do Sul de uma forma inédita.

Inspirados pelo sentimento de pertencimento e pela necessidade de exaltar a identidade gaúcha em meio à modernização do Brasil, esses estudantes fundaram o Departamento de Tradições Gaúchas (DTG) dentro do grêmio estudantil do colégio. A iniciativa buscava resgatar costumes, celebrar a cultura regional e incentivar o conhecimento da história da Revolução Farroupilha. Mas a ideia logo se expandiria para algo maior.

A busca pela chama e o nascimento de um símbolo

A primeira grande ação desse grupo ocorreu no dia 7 de setembro daquele ano. Aproveitando as comemorações da Independência do Brasil, os estudantes solicitaram à Liga de Defesa Nacional uma centelha do Fogo Simbólico da Pátria, chama que ardia na Pira da Pátria, no Parque Farroupilha. A intenção era criar um novo símbolo para o tradicionalismo gaúcho.

Com a autorização concedida, Paixão Côrtes, montado a cavalo e empunhando um archote¹ improvisado, conduziu a centelha até o Colégio Júlio de Castilhos. Ali, acendeu um candeeiro crioulo, dando origem à primeira Chama Crioula, que se tornaria um dos maiores emblemas das tradições gaúchas.

O simbolismo desse ato foi imediato. Durante os dias seguintes, a chama permaneceu acesa dentro do colégio, iluminando não apenas o local, mas também os corações daqueles que queriam manter viva a essência cultural do Rio Grande do Sul. O gesto inspirou uma série de eventos que culminariam na criação da Semana Farroupilha.

O crescimento da tradição e a primeira Ronda Crioula

Durante os dias que antecederam o 20 de setembro, data que marca o início da Revolução Farroupilha, os jovens organizaram a primeira Ronda Crioula, uma série de atividades culturais que incluíam apresentações de dança, declamações de poesias, encontros de gaiteiros e debates sobre a história do estado.

A celebração culminou em um evento marcante: o primeiro baile tradicionalista da história, realizado no Teresópolis Tênis Clube. O jantar foi servido com pratos típicos como churrasco, pastel de carreira e o clássico café de chaleira. No salão, homens vestiam bombachas e lenços farroupilhas, enquanto as mulheres desfilavam seus vestidos de prenda.

A iniciativa dos estudantes logo se espalhou e, nos anos seguintes, diversos grupos tradicionalistas passaram a repetir o ritual da Chama Crioula, realizando cavalgadas para buscar e distribuir a centelha pelo Rio Grande do Sul. Em 1954, a data foi oficializada pelo governo estadual e a Semana Farroupilha tornou-se um evento consolidado no calendário gaúcho.

O legado de um movimento estudantil

O que começou como um gesto simbólico de jovens idealistas transformou-se na maior celebração da cultura gaúcha. A Semana Farroupilha, hoje, atrai milhares de pessoas para desfiles, acampamentos e atividades culturais, mantendo viva a história e a identidade do Rio Grande do Sul.

Graças à coragem e à paixão de Paixão Côrtes e seus colegas, a Chama Crioula segue ardendo como um lembrete de que a tradição gaúcha não é apenas uma lembrança do passado, mas um compromisso vivo com o futuro.

1 - Utensílio de iluminação, usado principalmente ao ar livre, que consiste essencialmente em um pedaço de corda untado de breu que se acende para iluminar; facho, teda, teia, tocha.


segunda-feira, 3 de março de 2025

Cinema no Rio Grande do Sul

Com toda a repercussão do Oscar no último domingo (02/03), resolvemos trazer aqui um pouco do cinema regional do Rio Grande do Sul, como nosso foco é o regional e a cultura local, vamos apresentar aqui algumas produções que marcaram época e mostraram o dia dia cultural no nosso estado. Claro que sempre que falamos de cinema gaúcho, sempre vamos lembrar dos filmes do Teixeirinha que marcou época e inclusive com repercussão nacional.

Além dos filmes do saudoso Teixeirinha, tivemos a série da Globo A Casa das sete mulheres e o tema O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo que talvez tenha sido o livro mais reproduzido no cinema e na televisão, incluindo ainda outros livros do Arquipélago.

Conheça abaixo alguns filmes que contam o cotidiano e/ou a história do nosso estado.

O TEMPO E O VENTO (2013)

O Tempo e o Vento, filme ambientado no final do século XIX, se passa no Rio Grande do Sul, onde as famílias Amaral e Terra-Cambará são inimigas históricas na cidade de Santa Fé. A história começa quando o sobrado dos Terra-Cambará é cercado pelos Amaral, forçando todos os membros da família a se defenderem com as armas que têm à disposição. A vigília dura vários dias, o que faz com que os recursos, como comida, comecem a escassear.

Dentro do sobrado, está Bibiana (Fernanda Montenegro), matriarca da família, que recebe a visita de seu falecido esposo, o capitão Rodrigo (Thiago Lacerda). Juntos, eles relembram a história do amor que viveram e de como a família Terra-Cambará surgiu, enquanto enfrentam o cerco e a luta pela sobrevivência.

O filme é uma adaptação do clássico romance de Erico Veríssimo, retratando não apenas o conflito entre as famílias, mas também os laços de amor e a memória histórica da região.

Ainda tivemos uma minissérie das mesmas gravações exibida na tv e outra em 1985.

UM CERTO CAPITÃO RODRIGO (1971)

Entre os grandes clássicos do cinema nacional, Um Certo Capitão Rodrigo se destaca, especialmente pelo seu compromisso com a autenticidade histórica. Quase como um documentário, o filme impressiona pelo rigor na reconstrução de cenários, figurinos e costumes. Desde a escolha das locações – com filmagens realizadas nos casarões de arquitetura portuguesa de General Câmara, Triunfo e Santo Amaro – até os mínimos detalhes culturais, tudo foi cuidadosamente planejado sob a exigente direção de Anselmo Duarte.

O projeto original previa Tônia Carrero como protagonista, mas, devido ao adiamento da produção ao longo dos anos, a ideia precisou ser reformulada. O elenco final contou com Francisco Di Franco no papel de Capitão Rodrigo, ao lado de Newton Prado, Pepita Rodrigues e do folclorista João Carlos Paixão Côrtes, que interpretou Pedro Terra, pai de Bibiana. Além disso, Paixão Côrtes atuou como “consultor de costumes”, garantindo a fidelidade histórica do filme. A grandiosidade da produção envolveu também 400 cavaleiros e mais de 300 figurantes.

A trama é bem conhecida, baseada nos trechos clássicos de O Tempo e o Vento: Rodrigo Cambará, um aventureiro carismático, chega à pacata Santa Fé, conquista o coração da jovem Bibiana Terra e, ao mesmo tempo, desperta rivalidades na cidade, desencadeando grandes conflitos.

ANA TERRA (1971)

Assim como Um Certo Capitão Rodrigo, este filme já era um projeto antigo do produtor paulista Alberto Ruschel, idealizado junto a Tônia Carrero ainda nos tempos da Companhia Vera Cruz. No entanto, a produção não saiu do papel até ser finalmente concretizada anos depois. Baseado no clássico personagem criado por Érico Veríssimo em O Tempo e o Vento, Ana Terra traz uma adaptação cinematográfica de uma parte distinta da história, diferenciando-se dos filmes anteriores.

Classificado como um drama histórico brasileiro, o filme foi rodado em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. A trilha sonora conta com composições do gaúcho Carlos Castilho, conhecido sapateador, cantor e compositor, que também atua no longa e chega a dançar alguns passos de Chula.

A narrativa se passa no final da década de 1770, ainda no período imperial, logo após a destruição das missões jesuítas. O fazendeiro bandeirante Manuel Terra parte com sua esposa Henriqueta e seus filhos Ana, Antônio e Horácio para a região de fronteira, onde estabelece uma estância de criação de gado. No entanto, a família vive sob constante ameaça, seja por bandoleiros armados, grupos indígenas sobreviventes das missões ou pelo risco de invasões vindas de países vizinhos. Para se proteger, Manuel conta apenas com seus filhos e, ocasionalmente, com a ajuda de milícias locais, entre elas uma liderada pelo Major Pinto Bandeira.

Em determinado momento, a família socorre um mestiço ferido a tiros, Pedro Missioneiro, planejando enviá-lo embora assim que ele se recuperasse. No entanto, Pedro decide permanecer na estância, tornando-se um ajudante valioso nos serviços e domas. Além disso, ele fascina Ana Terra com seus conhecimentos religiosos, sua arte e a alfabetização que adquiriu na missão jesuítica. O envolvimento entre os dois cresce e Ana acaba engravidando, dando continuidade à saga exatamente como descrita na obra de Érico Veríssimo.

O SOBRADO (1956)

Lançado em 1956, este filme é um clássico do cinema nacional e faz parte da saga O Tempo e o Vento. Classificado como drama, O Sobrado desenvolve sua narrativa a partir do cerco à residência de Licurgo Terra-Cambará, que se encontra isolada pelas forças dos maragatos.

Os adversários, prestes a serem derrotados, precisam abandonar a cidade, mas mantêm o cerco devido à rivalidade entre os Amaral e Licurgo, um conflito antigo que se reflete na insistência dos atacantes.

Dentro do sobrado, a família de Licurgo e seus capangas enfrentam dificuldades extremas, como escassez de água, comida e assistência médica. A trama é marcada por uma narrativa fragmentada, interrompida por longos trechos que remetem ao passado da família Terra-Cambará, prolongando ainda mais a resolução da história.

Um detalhe interessante do filme é a cena da Chula, que ganha destaque como uma manifestação cultural. Além disso, esta produção foi a primeira a registrar a dança sendo executada sobre uma lança, uma adaptação criada dentro do contexto da guerra, sem referência histórica comprovada.

Com um elenco de peso, incluindo Lima Duarte, Fernando Baloroni e Bárbara Parisi, O Sobrado se consagrou como uma obra marcante do cinema brasileiro

CORAÇÃO DE LUTO (1973)

“Coração de Luto” é um drama musical que traz à tona a trajetória de um homem devastado pela dor e pela perda. A história se passa na década de 1970 e é centrada no personagem de Teixeirinha, interpretado pelo próprio cantor. Ele dá vida a um homem marcado pela morte da esposa, cuja partida deixa um vazio profundo em seu coração. Desolado, ele se vê preso a lembranças e à saudade da mulher que amava.

O filme explora a dor da perda e o sofrimento de quem fica para trás, enquanto o personagem tenta encontrar uma maneira de lidar com a tragédia e seguir adiante. O enredo se desenrola com bastante emoção e sentimento, refletindo na tela a profundidade da música e da cultura gaucha, com destaque para a interpretação de Teixeirinha e suas canções, que tornam a narrativa ainda mais tocante.

TROPEIRO VELHO (1978)

Tropeiro Velho é um drama que narra a história de um homem já idoso, que vive em uma época de grandes mudanças, refletindo sobre sua vida como tropeiro. O personagem principal, interpretado por José Maia, é um homem simples e resiliente, que dedicou sua vida ao transporte de mercadorias através das trilhas do interior do Rio Grande do Sul. À medida que envelhece, o tropeiro se vê confrontado com a modernização que ameaça sua forma de viver e de trabalhar, ao mesmo tempo em que lida com as memórias e as dificuldades de um passado que não pode mais ser revivido.

A história explora o desgaste físico e emocional do tropeiro, que, apesar da idade avançada, ainda sente a necessidade de seguir sua jornada, enfrentando as intempéries e os desafios da vida rural. O filme é uma reflexão sobre o fim de uma era e a resistência de um homem que, embora envelhecido, se recusa a abandonar seu legado e as tradições que marcaram sua vida e a história do Rio Grande do Sul.

ANITA E GARIBALDI (2013)

O filme Anita e Garibaldi se passa durante a Revolução Farroupilha (1835–1845) e conta a história de Giuseppe Garibaldi (Gabriel Braga Nunes), um comandante de 32 anos dos rebeldes republicanos, que invade a cidade de Laguna, em Santa Catarina. Durante essa jornada, ele encontra sua alma gêmea, Anita (Ana Paula Arósio), uma jovem de 18 anos, esposa de um sapateiro local.

Entre a paixão que nasce entre eles e as batalhas pela liberdade, o filme explora como o amor de Anita e Garibaldi influencia não apenas suas vidas, mas também o curso da revolução. A união dos dois se torna um marco tanto na história pessoal dos personagens quanto no contexto histórico da Guerra dos Farrapos.

Rodado entre 2005 e 2006, com locações em São Francisco do Sul e Lages, o filme busca reconstituir o cenário histórico de forma envolvente, destacando a luta pela liberdade e a força de uma mulher que se torna símbolo de resistência.

CERRO DO JARAU (2004)

O filme Cerro do Jarau narra a história de três primos que cresceram em um lugar mágico do sul do Brasil, conhecido como o Cerro do Jarau. Desde a infância, os três foram influenciados pela lenda de uma princesa aprisionada em uma caverna, Teiniaguá. Dentre os primos, a menina é a mais corajosa e aquela que, ainda jovem, ousou desafiar as histórias místicas sobre o local.

Com o tempo, os primos crescem e a jovem, agora casada, vai ajudar o marido na administração de um clube. No entanto, quando o novo dono do estabelecimento se recusa a pagar o que deve, o marido acaba sendo pressionado por um criminoso a saldar uma dívida, o que o leva a cometer um assalto. Sentindo-se traída e humilhada, a mulher decide fugir com o dinheiro e retornar ao Cerro do Jarau, onde reencarnam antigas lendas e onde ela encontrará novas revelações sobre seu passado e as histórias que marcaram sua infância.

NETTO PERDE SUA ALMA (2001)

Primeira experiência do escritor Tabajara Ruas na direção de um longa-metragem, Netto Perde Sua Alma foi realizado em parceria com Beto Souza. O filme é uma adaptação do livro homônimo do próprio Ruas e narra a trajetória do General Antônio de Souza Netto, figura histórica brasileira. Gravemente ferido por uma bala durante a Batalha de Tuiuti, na Guerra do Paraguai, em maio de 1866, Netto é encaminhado para um hospital de campanha na cidade de Corrientes, na Argentina.

Ali, enquanto se recupera, começa a perceber acontecimentos inquietantes. Entre eles, o capitão de Los Santos, que acusa o cirurgião do hospital de ter amputado suas pernas sem necessidade. Além disso, Netto reencontra o sargento Caldeira, um antigo companheiro de guerra e ex-escravizado, com quem lutou na Revolução Farroupilha décadas antes. Ao lado de Caldeira, Netto revisita suas memórias, recordando sua participação na guerra, seu encontro com Milonga – jovem escravizado que se alistou no Corpo de Lanceiros Negros – e o período de exílio que passou no Uruguai.

Um filme que mergulha na história brasileira e na trajetória de um dos grandes personagens do século XIX.

NETTO E O DOMADOR DE CAVALOS (2008)

Na sequência de Netto Perde Sua Alma (2001), Netto e o Domador de Cavalos, dirigido por Tabajara Ruas, traz uma releitura contemporânea da lenda do Negrinho do Pastoreio, uma das mais populares do Rio Grande do Sul, e também narra mais sobre a história do herói farroupilha Antônio de Souza Netto (interpretado por Werner Schünemann).

Situado na América do Sul em 1835, durante o Império Brasileiro ainda escravocrata, o filme retrata Netto como um republicano que luta pela liberdade dos negros, enfrentando a tirania e a opressão. O general foi um herói das Guerras de Fronteira no Sul do Brasil no século XIX.

A história se desenrola no início da Guerra dos Farrapos, quando Netto descobre que seu antigo companheiro de guerra, Índio Torres (Tarcísio Filho), está preso. Para libertá-lo, ele se alia a escravos rebeldes, incluindo Negrinho (Evandro Elias), considerado o melhor cavaleiro da região.

O filme faz parte de uma trilogia, e um novo capítulo, intitulado Netto nos Braços da Moura, está previsto para dar continuidade à saga. No Festival de Cinema de Gramado de 2001, o primeiro filme da trilogia foi premiado com quatro Kikitos, o principal prêmio do maior festival de cinema do Brasil.

PAIXÃO GAÚCHO (1957)

Este é mais um grande clássico do cinema nacional, embora ainda pouco conhecido pelo público. Paixão Gaúcho tem seu roteiro completamente baseado e adaptado a partir do livro O Gaúcho, de José de Alencar, publicado em 1870. A trama se passa em 1836 e acompanha a forte amizade entre dois homens, que se vê ameaçada quando ambos se apaixonam pela mesma mulher. Com o início da Guerra dos Farrapos, os antigos amigos acabam em lados opostos, e a disputa pelo amor da jovem apenas intensifica o conflito entre eles.

A trilha sonora conta com algumas canções de Barbosa Lessa, incluindo Chimarrita Cafuné. O próprio Lessa foi convidado pelo diretor Walter George Dust (o mesmo de O Sobrado) para atuar como “consultor de costumes” da produção. No entanto, por estar cumprindo um estágio obrigatório como aspirante no IX Regimento de Cavalaria de São Gabriel, indicou seu primo Sady para a função. Ainda assim, conseguiu participar dos últimos dias de gravação e até mesmo da cena do casamento, onde dançou o Anú, dança recém-publicada por ele e Paixão Côrtes naquele ano.

Lima Duarte, que já havia participado de O Sobrado, retorna neste filme, interpretando com maestria um gaúcho campechano. Ele divide cena com a cantora Inhána, responsável por interpretar as músicas compostas por Lessa para a trilha sonora.

PÁRA PEDRO! (1969)

Lançado em 1969, este foi um dos primeiros filmes coloridos a retratar os regionalismos gaúchos. Pára Pedro! é uma comédia inspirada na famosa canção homônima de José Mendes, que até hoje é lembrada e cantada em todo o Brasil.

A trama se desenrola na região de Vacaria e arredores, acompanhando Pedro, que se vê obrigado a fugir da cidade após um desentendimento com o secretário de um político local, candidato a deputado. O motivo da confusão envolve um mal-entendido relacionado à sua namorada, Rosário, e sua madrinha, que nunca aprovou o relacionamento dos dois. Sem entender as razões da fuga de Pedro, Rosário decide agir por conta própria e contrata um pistoleiro para trazê-lo de volta, dando início a uma série de situações cômicas e inesperadas.

Com roteiro de Antônio Augusto Fagundes, o filme captura com autenticidade a vida do gaúcho serrano, destacando seus costumes, tradições e até a arquitetura local. Uma obra divertida e cheia de identidade cultural, que vale a pena conferir

NÃO APERTA APARÍCIO! (1970)

Este filme, lançado em 1970, também traz José Mendes como protagonista e é inspirado em uma de suas canções mais conhecidas, que leva o mesmo nome. As filmagens ocorreram na região de Dom Pedrito e na Base Aérea de Canoas, contando com um elenco de peso, incluindo Grande Otélo, José Lewgoy, Angelito Mello e Edson Acri, que, mais uma vez, contribuiu com seus desenhos na abertura.

A história acompanha o Coronel Amaro Silva, um grande criador de gado e dono de uma imensa estância no interior de Dom Pedrito. Seu filho, Aparício, trabalha como capataz da propriedade, sempre acompanhado do negrinho Tonico (personagem interpretado por Grande Otélo), afilhado do coronel.

A situação muda com a chegada de um novo vizinho, o Dr. Azevedo, que adquire terras ao lado da estância. Com ele, vem sua filha Aurora, que acaba conhecendo Aparício e iniciando um romance com ele. No entanto, o clima de amor logo dá lugar a um grande problema: parte do gado do Dr. Azevedo é roubada e Aparício é acusado injustamente, já que os verdadeiros ladrões deixaram pistas falsas para incriminá-lo. Agora, ele precisa lutar para provar sua inocência.

ANAHY DE LAS MISIONES (1997)

Este drama retrata a jornada de Anahy, uma mulher errante, descendente de guaranis (o que seu próprio nome já sugere), que atravessa os campos da Província durante a Revolução Farroupilha. Acompanhada de seus quatro filhos – Teobaldo, Leonardo, Luna e Solano –, do revoltoso Manuel e da prostituta Picumã, ela percorre os campos de batalha recolhendo trajes, pertences e qualquer tipo de valor dos soldados caídos, repassando-os a outros combatentes, sem distinção de lado.

Dirigido por Sérgio Silva e produzido por Gisele Hilti, o filme se destaca pela cuidadosa reconstrução histórica, desde as locações até figurinos e objetos de época, fruto de um extenso trabalho de pesquisa da equipe. O elenco reúne grandes nomes do cinema brasileiro, como Dira Paes, Marcos Palmeira, Matheus Nachtergaele, Paulo José e Araci Esteves, que dá vida à protagonista.

O QUATRILHO (1995)

A trama de O Quatrilho se desenrola em 1910, em uma comunidade rural situada na serra do Rio Grande do Sul, onde dois casais muito amigos vivem juntos, compartilhando a mesma casa e enfrentando, juntos, as dificuldades da vida. No entanto, a rotina desses casais muda quando a esposa de um deles começa a se envolver com o marido do outro e decide fugir com ele.

A maior parte das filmagens do filme foi realizada na cidade de Farroupilha, com destaque para cenas que mostram a beleza da Cascata do Salto do Ventoso e o tradicional caminho de pedras, que servem como um cenário natural impactante.

Esta é a nossa sugestão de cinema no Rio Grande do Sul, faltou algum, pode contribuir nos comentários. E tu que é de fora do nosso estado e tem um filme regional para contribuir para nós, fica a vontade tchê, todas culturas regionais são bem vindas.

sábado, 1 de março de 2025

A paz do Ponche Verde - O Fim da Revolução Farroupilha

O Tratado de Ponche Verde, também chamado de Convenção de Ponche Verde ou Paz de Ponche Verde, marcou o encerramento da Revolução Farroupilha, selando infelizmente a reincorporação do território da República Rio-Grandense (considerada rebelde) ao Império do Brasil sob o governo de Dom Pedro II. No final de fevereiro de 1845, os termos da pacificação foram levados à análise dos líderes farroupilhas, já assinados pelo Barão de Caxias. O general David Canabarro, comandante-em-chefe do Exército Republicano, aceitou os termos em nome da República Rio-Grandense. A data oficial da assinatura é aceita como 1º de março de 1845, quando  foi oficialmente anunciada a paz no Acampamento Imperial de Carolina, em Poncho Verde.

A região de Ponche Verde, nomeada assim pelos vastos campos verdejantes ideais para a criação de gado, corresponde hoje ao município de Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul. Foi ali que os líderes republicanos e as forças imperiais selaram um acordo que, ao menos no papel, garantiria anistia e direitos aos combatentes farroupilhas.

Embora o tratado tenha determinado o fim formal da República Rio-Grandense, seu legado permanece vivo na identidade do Rio Grande do Sul. A bandeira e o brasão do estado preservam os símbolos da república revolucionária, assim como outros estados brasileiros mantêm referências a movimentos emancipatórios em seus símbolos cívicos.

Além disso, diversas cidades gaúchas carregam nomes de figuras históricas da Revolução Farroupilha, como Bento Gonçalves, Garibaldi e Farroupilha. Porto Alegre, por sua resistência ao cerco farroupilha, recebeu do próprio D. Pedro II o título de "Mui Leal e Valerosa".

Os Bastidores da Pacificação

No final de 1844, já estava claro que a resistência farroupilha se enfraquecia e havia o desgaste do conflito e dificuldade em sustentar a guerra. Com isso o próprio Imperador Dom Pedro II buscou uma solução conciliatória e expediu um decreto confidencial em 18 de dezembro daquele ano, concedendo ao Barão de Caxias poderes para negociar a paz. O documento deixava claro que os farrapos, antes vistos como traidores, seriam recebidos com clemência caso aceitassem depor as armas.

No documento, ficava clara a disposição imperial de perdoar os insurgentes. Em um dos trechos do decreto, o imperador afirmava que os revoltosos, embora tivessem desafiado as leis do Império, mereciam sua "paternal proteção", concedendo-lhes plena anistia e garantindo que não seriam perseguidos pelos atos cometidos durante a guerra.

O artigo 2º desse decreto imperial dizia:

“Recorrendo à minha imperial clemência aqueles de meus súditos que, iludidos e desvairados, têm sustentado na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul uma causa atentatória da Constituição (...), concedo-lhes plena e absoluta anistia, para que nem judicialmente, nem de outra forma, possam ser perseguidos.” Ou seja, o Império buscava encerrar o conflito sem retaliações formais contra os rebeldes – ao menos, era isso o que se prometia.

O acordo estabelecia 12 cláusulas, sendo elas:

Art. 1° - Fica nomeado Presidente da Província o indivíduo que for indicado pelos republicanos.

Art. 2° - Pleno e inteiro esquecimento de todos os atos praticados pelos republicanos durante a luta, sem ser, em nenhum caso, permitida a instauração de processos contra eles, nem mesmo para reivindicação de interesses privados.

Art. 3° - Dar-se-á pronta liberdade a todos os prisioneiros e serão estes, às custas do Governo Imperial, transportados ao seio de suas famílias, inclusive os que estejam como praça no Exército ou na Armada.

Art. 4° - Fica garantida a Dívida Pública, segundo o quadro que dela se apresente, em um prazo preventório.

Art. 5° - Serão revalidados os atos civis das autoridades republicanas, sempre que nestes se observem as leis vigentes.

Art. 6° - Serão revalidados os atos do Vigário Apostólico.

Art. 7° - Está garantida pelo Governo Imperial a liberdade dos escravos que tenham servido nas fileiras republicanas, ou nelas existam.

Art. 8° - Os oficiais republicanos não serão constrangidos a serviço militar algum; e quando, espontaneamente, queiram servir, serão admitidos em seus postos.

Art. 9° - Os soldados republicanos ficam dispensados do recrutamento.

Art. 10° - Só os Generais deixam de ser admitidos em seus postos, porém, em tudo mais, gozarão da imunidade concedida aos oficiais.

Art. 11° - O direito de propriedade é garantido em toda plenitude.

Art. 12° - Ficam perdoados os desertores do Exército Imperial.

Com o tratado firmado, David Canabarro emitiu uma proclamação aos farrapos no dia 28 de fevereiro de 1845, declarando o fim da guerra:

"Concidadãos! A guerra civil que há mais de nove anos devasta este belo país está acabada. Podeis volver tranquilos ao seio de vossas famílias. Vossa segurança individual e vossa propriedade estão garantidas pela palavra sagrada do monarca." Fica a questão, foi ou não foi traição nos Porongos?

O clima de conciliação, no entanto, escondia contradições que logo ficariam evidentes. Embora o acordo garantisse anistia e direitos aos farrapos, muitas cláusulas foram descumpridas:

Os republicanos não puderam indicar o presidente da província, e o próprio Barão de Caxias foi nomeado senador do Império.

Não há registros que comprovem o pagamento das compensações financeiras prometidas aos líderes farroupilhas. Antônio Vicente da Fontoura, responsável pela negociação, relatou que a distribuição dos valores foi caótica, marcada por disputas e suspeitas de corrupção.

Nem todos os escravizados que lutaram pelo Exército Farroupilha foram libertos. Muitos foram devolvidos aos antigos senhores, outros vendidos no Rio de Janeiro. Os Lanceiros Negros, um dos grupos mais emblemáticos da revolução, foram traídos e massacrados na Batalha de Porongos.

A pacificação não apagou completamente as feridas do conflito. Rivalidades entre os antigos aliados farroupilhas permaneceram, resultando, anos depois, em novos embates políticos e até mesmo em assassinatos, como o de Vicente da Fontoura, morto em 1860 por opositores. Essas divisões ainda ecoaram na Revolução Federalista de 1893 e na Revolução de 1923, sendo finalmente apaziguadas com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, em 1930.

Reconhecimento Internacional da República Rio-Grandense

A República Rio-Grandense chegou a obter algum reconhecimento internacional. Em 1841, Bento Gonçalves firmou um acordo de auxílio militar com o Uruguai, estabelecendo cooperação entre os dois países. Além disso, em 1842, no chamado Pacto de Paysandú, províncias independentes do norte argentino reconheceram a legitimidade da República Rio-Grandense ao lado de líderes como José María Paz e Juan Pablo López, em oposição ao ditador argentino Juan Manuel de Rosas.

Conclusão

O Tratado de Poncho Verde selou o fim de um dos mais marcantes movimentos separatistas do Brasil. A Revolução Farroupilha não alcançou a independência, mas moldou a identidade gaúcha, deixando um legado de coragem, resistência e orgulho que perdura até os dias de hoje. O povo do Rio Grande do Sul nunca esqueceu seus heróis e seus feitos, mantendo viva a memória da luta farroupilha como um dos capítulos mais intensos de sua história

A Revolução Farroupilha terminou, mas seus ideais – e suas contradições – continuam a ecoar na identidade do povo gaúcho até os dias de hoje.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

O RS e as demais culturas regionais do Brasil

Buenas gauchada, estamos aqui mais uma vez debatendo a cultura gaúcha além da fronteiras do estado. Hoje, dia 23/02/25 o Baitaca participou do programa do cantor sertanejo Daniel que é um ícone do gênero e reconhecido em qualquer cultura regional. 

A questão é: para chegar aos demais rincões e ser reconhecido, devemos reconhecer e respeitar as culturas regionais dos outros estados e dar mais valor ao que é diferente da nossa. O Daniel é um exemplo de valorização regional, mostra as raízes dele e ainda traz mais convidados para uma conversa regional sobre suas origens e tradições de onde nasceram.

Com a presença do Baitaca, certamente o programa do Daniel ganhou um pouco mais de atenção no RS, talvez levando uma audiência que normalmente não assistiria. O que particularmente acredito que deveria acontecer é o envolvimento da nossa cultura com as demais culturas e buscar ainda mais o intercâmbio de culturas, pois, o próprio Baitaca não conhecia a música do Daniel que é um dos maiores sucessos do sertanejo e como gratidão por estar ali levando nossa cultura as demais querências, o correto é por respeito e agradecimento seria acompanhar o anfitrião nas "modas" sertanejas.

Nossa cultura é rica, mas não é única no mundo, nosso país (Rio Grande do Sul) é lindo mas não é o único e não devemos nos ilhar em um mundo de ignorância achando que estamos sozinhos neste mundo globalizado que cada vez mais nossos conterrâneos têm um acesso universal ao mundo exterior. 

Se não evoluirmos e respeitar as pessoas diferentes da gente, nossa cultura cultura acabará se perdendo para os estrangeirismos e para que isso não aconteça só depende da gente, abrir nossa cultura aceitando a evolução sem se apegar a essa falsa tradição raiz que é imposta por mentes retrógradas que por maldade ou ignorância não aceitam coisas que fogem ao que não os convém. Isso vale para tudo, ditam regras sobre nossa música, nossa roupa e até no que podemos ou não falar como se o seu umbigo fosse uma verdade universal. 

Não queremos regras que me impeçam de usar uma bombacha larga demais ou estreita, não quero me seja imposto que eu tenha que falar dE e não di, não quero que imponham o que devo ouvir se é ou não tradição e música raiz  é sabem por que? Vem que eu te explico.

A bombacha, nem gaúcha é e entrou pelo Uruguai, porque uma gaúcho dentro de uma sala de uma entidade qualquer quer normalizar seu uso? Assim como o mundo, a América, o Brasil, o Rio Grande do Sul tem sua diversidade cultural devido aos imigrantes que colonizaram o estado e participam da evolução cultural, então o sotaque regional é riqueza e cada um fala do jeito de sua região e sua gente, não me venham impor regras. Na música é a mesma coisa, por que vamos condenar as vaneiras novas e bandas que deram uma nova roupagem por que não seguem o convencional dos grupos de baile já consagrados, temos espaço para todos e devemos ter orgulho da gurizada que leva a vaneira para outros rincões mesmo sem o uso da bombacha e também temos conterrâneos que ousam críticas as bandinhas, que transformaram uma tradicional reunião das comunidades alemãs em um ritmo musical regional único e nosso, o bailão. 

Como que levando em consideração tudo isso, ainda não somos capazes de romper a redoma de ignorância e se irmanar com outros povos, já que a nossa tradição é formada por imigrantes,  indígenas e forasteiros que nos fizeram único,  fortes e capazes de alcançar públicos e regiões que desconhecem nosso potencial cultural do estado e é este o motivo que estamos aqui para divulgar a nossa cultura, mas, acima de tudo apontar onde estamos errando para que sejamos fortes, aguerridos e bravos. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

O Gaúcho tem mesmo orgulho de seu estado? Será?

Sempre nas férias buscamos descansar e fazer uma viagem se propondo a conhecer novos lugares e culturas, comigo não é diferente. O foco aqui no blog é cultura gaúcha, mas, à cada viagem procuro fazer uma imersão na cultura regional do lugar e depois de Minas Gerais, onde mostramos as semelhanças culturais em outro post, agora foi a vez de conhecer a Paraíba. 

Em Minas já tínhamos visto um enorme orgulho das suas raízes, inclusive a capital Belo Horizonte conta com um mercado central dedicado exclusivamente a cultura regional de Minas, focado em queijo, cachaça e outras regionalidades. 

Na Paraíba não é diferente, espaços dedicados ao artesanato regional e mercado público de frutas típicas.

Sabemos que são lugares bastante visitados e exclusivamente turísticos, interior de Minas e praias, porém, o orgulho da cultura regional desses lugares está estampada no cotidiano das pessoas que vivem ali.

Em Minas, inclusive na capital, onde olhar tu vê as menções a Tiradentes e a exploração do ouro pelos portugueses nos primórdios da exploração, colonização e roubo das riquezas naturais das terras da Minas Gerais.

Na Paraíba, Lampião e Maria Bonita são personagens constante, a arte em couro está por todo lugar, as roupas estampam a bandeira do estado. Já em Olinda, Pernambuco, o frevo pulsa na cidade, as cores tradicionais do carnaval estão por toda parte e os bonecos de Olinda são figuras constantes nas feiras e lojinhas.

Aqui, os gaúchos de Facebook, raiz que se dizem da pura cepa ficam defendendo símbolos alheios ao Rio Grande, as prefeituras montam comércios para ambulantes venderem bugiganga e não criam espaços regionais para valorização da cultura regional, o povo briga por políticos de fora daqui e os políticos daqui usam sua influência para defenderem ideologias de outras querências. Quem se diz regionalista, enche a boca para defender Lulas e Bolsonaros e ninguém defende nossa cultura que definha a margem de estrangeirismos.

Quando alguém posta algo de bandas de bailão sempre vem um pseudo puritano dizer que não é tradição e pelo contrário, é o puro suco de regionalismo dos bailes do interior o de um ritmo se idealizou dentro do estado e a cada dia está mais popular.  Muitos acham que nossa cultura é só bota e bombacha e não é, é o sotaque de Porto Alegre, do noroeste e da campanha, é falar dE no norte e nas bandas de Bagé e ali no lado falar Di sem perder a essência de ser do RS e tudo isso acaba em mi-mi-mi.

Em outros estados, lugares são destinados para as culturas regionais, governos incentivam símbolos regionais e o povo produz, defende e divulga seus símbolos. Como nos estados citados acima que tem seus símbolos, desconheço material com ampla divulgação de nossos personagens, camisetas com General Netto e Bento Gonçalves, exaltação aos lanceiros negros e demais personagens de nossa história. 

Falo isso baseado na experiência da Serra, onde Caxias do Sul oferece pouco ou quase nada de cultura gaúcha fora da semana Farroupilha e algumas feiras esporádicas com temática italiana em seu interior. Alguns passeios e rotas que visam o mercado financeiro sem o principal produto estar em evidência, o Rio Grande do Sul.

Baseado nisso tudo,  conseguimos hoje afirmar que o RS ainda valoriza sua cultura? Temos o Pampa, a Serra, as Missões e demais regiões, elas são amplamente divulgadas?

Como ainda desconheço alguns municípios daqui do RS, gostaria que nossos leitores deixem nos comentários locais que vendem artigos regionais, ambientais temáticos e espaços dedicados para a cultura do estado do Rio Grande do Sul.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Cultura Gaúcha e Mineira: Um Encontro de Tradições

O Brasil é um país rico em diversidade cultural, e cada região traz consigo tradições únicas que encantam e contam a história do nosso povo. Hoje, vamos falar sobre duas culturas que, embora distintas, compartilham um profundo orgulho de suas raízes: a cultura gaúcha e a cultura mineira.

Sempre valorizando a cultura regional e cientes da riqueza da cultura mineira, fizemos essa postagem com o objetivo de mostrar as singularidades das culturas e que acabam se encontrando pelas suas qualidades.

A Cultura Gaúcha: Tradição e Orgulho no Sul

No extremo sul do Brasil, o Rio Grande do Sul é conhecido por sua forte identidade cultural, marcada pela tradição dos *pampas*. A cultura gaúcha é celebrada com orgulho, especialmente durante as festas típicas como a Semana Farroupilha, que homenageia a Revolução Farroupilha e os ideais de liberdade e justiça.

Churrasco e Chimarrão: Dois símbolos incontestáveis da cultura gaúcha. O churrasco, feito com maestria, é quase um ritual, enquanto o chimarrão, compartilhado em rodas de conversa, representa a hospitalidade e a união do povo gaúcho.

Danças Tradicionais: As danças como o vanerão e o chamamé são parte essencial das festividades, acompanhadas pelo som do acordeão.

Trajes Típicos: As bombachas, as botas e os lenços no pescoço são marcas registradas do gaúcho, refletindo sua conexão com o campo e a vida campeira.

A Cultura Mineira: Calor Humano e Sabores Inesquecíveis

Já em Minas Gerais, a cultura é marcada pela simplicidade, pelo calor humano e por uma culinária que conquista qualquer paladar. O mineiro é conhecido por sua hospitalidade e por preservar tradições que remontam ao período colonial.

Culinária Mineira: Quem nunca ouviu falar do pão de queijo, do feijão tropeiro ou do tutu à mineira? A comida mineira é um verdadeiro patrimônio, feita com ingredientes simples, mas com um sabor que emociona.


Fé e Tradição: Minas Gerais é terra de igrejas barrocas, romarias e festas religiosas, como a Festa do Divino e o Congado, que misturam devoção e cultura popular.


Música e Folclore: O violão, a viola caipira e as modas de viola são parte da alma mineira, assim como as histórias folclóricas que povoam o imaginário local.

O Que Gaúchos e Mineiros Têm em Comum?

Apesar das diferenças geográficas e culturais, gaúchos e mineiros compartilham valores como o amor pela terra, o respeito às tradições e a importância da família e dos amigos. Ambos têm um jeito único de receber quem chega, seja com um chimarrão quente ou com um café fresquinho e um pedaço de bolo de fubá.

Além disso, tanto no Rio Grande do Sul quanto em Minas Gerais, as festas típicas são momentos de celebração da identidade cultural, onde as gerações se encontram para manter viva a história de seus antepassados.

Veja os principais pontos em comum desses dois estados únicos 

Hospitalidade: O Ponto de Encontro

Tanto os gaúchos quanto os mineiros são conhecidos por sua hospitalidade. No Rio Grande do Sul, o mate amargo da cuia é compartilhado como símbolo de amizade e acolhimento. Em Minas Gerais, é o café fresquinho e o pão de queijo quentinho que traduzem esse carinho. Ambas as culturas têm em comum a valorização do encontro, da conversa e da convivência calorosa.

Culinária: Sabores da Alma

Se o churrasco e o carreteiro são ícones da mesa gaúcha, o pão de queijo, o feijão-tropeiro e a galinhada com quiabo são os representantes mineiros. O gosto pela simplicidade e pela autenticidade é um elo entre essas culturas, ambas marcadas por pratos feitos com amor e ingredientes locais.

Música e Tradição

O Rio Grande do Sul tem nos festivais nativistas e na música tradicionalista, como o som da gaita e da milonga, uma forma de preservar suas raízes. Em Minas Gerais, o congado e o som das violas caipiras contam histórias de fé, resistência e celebração da vida. Ambas as culturas exaltam suas tradições por meio de canções que emocionam e conectam.

Paisagens e Estilos de Vida

As montanhas mineiras e os pampas gaúchos não poderiam ser mais distintos em aparência, mas compartilham algo especial: o convite à contemplação e ao contato com a terra. Enquanto os mineiros apreciam o horizonte montanhoso com suas cidades históricas, os gaúchos vivem a imensidão do campo e o vento livre do sul.

Religião e Fé

Em Minas Gerais, as igrejas barrocas e a forte influência do catolicismo contam uma história de devoção. No Rio Grande do Sul, a religiosidade também se manifesta, seja no catolicismo ou nas crenças trazidas por imigrantes europeus. Em ambos os estados, a fé é uma base cultural que se reflete em festas e tradições.

O Charme do Interior

A vida no interior é um ponto de convergência entre gaúchos e mineiros. A simplicidade, o ritmo tranquilo e o valor dado às coisas pequenas são características que unem as duas culturas. Seja no sotaque arrastado mineiro ou no “tchê” gaúcho, há uma beleza única que nos faz sentir em casa.

A cultura gaúcha e a cultura mineira são dois pilares importantes da identidade brasileira. Cada uma com suas particularidades, mas ambas carregando consigo um profundo senso de pertencimento e orgulho de suas raízes. Que possamos sempre valorizar e celebrar essas tradições, que tanto enriquecem o nosso país.

Essa união de contrastes e similaridades mostra como a diversidade brasileira é encantadora. Ao entender um pouco mais sobre as culturas gaúcha e mineira, percebemos que, apesar das diferenças regionais, o que realmente importa são os valores compartilhados: tradição, hospitalidade e amor pelas próprias raízes.

E você, já teve a oportunidade de vivenciar a cultura gaúcha ou mineira? Qual delas mais te encantou? Compartilhe suas histórias nos comentários!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Biografia Gaúcha- Os Monarcas

A Trajetória dos Monarcas: Uma História de Amor à Música Gaúcha

Como um verdadeiro gaúcho apaixonado pela cultura do nosso Rio Grande, é impossível não se emocionar ao contar a história de Os Monarcas. Um grupo que começou pequeno, mas que, com trabalho, talento e amor à música regionalista, se tornou uma lenda viva da nossa tradição.

A trajetória de Os Monarcas começou em 1967, na cidade de Erechim, no norte do Rio Grande do Sul. Foi lá que os irmãos Gildinho e Chiquito formaram a dupla Gildinho e Chiquito, animando bailes da região e apresentando o programa de rádio "Assim Canta o Rio Grande". Essa paixão pela música os levou a estudar acordeom na Escola de Belas Artes.

Em 1972, o nome da dupla mudou para Os Monarcas e, dois anos depois, eles lançaram o primeiro LP, Galpão em Festa. Em 1976, com a entrada de João Argenir dos Santos (guitarra), Luiz Carlos Lanfredi (contrabaixo) e Nelson Falkembach (bateria), o grupo assumiu sua formação completa e gravou o álbum O Valentão Bombachudo, que marcou o início de uma trajetória de sucesso na música regionalista gaúcha.

A década de 1980 consolidou Os Monarcas como um dos maiores grupos do gênero. Foram lançados LPs icônicos como Isto é Rio Grande (1980), Rancho Sem Tramela (1985) e Fandangueando (1988). Foi nesse período que o grupo ganhou o reforço de Ivan Vargas, que permanece até hoje como vocalista.

Nos anos 1990, Os Monarcas atingiram o auge. Também em 1990, um dos pioneiros, o acordeonista Chiquito, deixou o grupo para fundar o conjunto Chiquito & Bordoneio. Para o seu lugar, foi chamado o também acordeonista Leonir Vargas, catarinense, conhecido como Varguinhas. Em 1991, o CD Cheiro de Galpão foi um estrondoso sucesso de vendas, rendendo ao grupo o primeiro Disco de Ouro. Nessa mesma época, Francisco de Assis Brasil, o Chico Brasil, se juntou ao conjunto, trazendo sua habilidade na gaita-ponto. Em 1994, o grupo lançou Eu Vim Aqui Para Dançar, que também foi premiado com Disco de Ouro.

A década terminou com mais mudanças importantes. Em 1999, o grupo passou a gravar pela gravadora ACIT e lançou Locomotiva Campeira. O percussionista Vanclei da Rocha também se uniu ao grupo, agregando ainda mais qualidade à sonoridade dos Monarcas.

Além de levar a música gaúcha para todo o Brasil, Os Monarcas acumularam ao longo dos anos 10 Discos de Ouro, incontáveis troféus e prêmios. Em 2013, a história do grupo foi eternizada no filme Os Monarcas – A Lenda, que conta a trajetória de Gildinho e Chiquito, mostrando como o amor à música e à tradição moldou esse grupo único.

Os Monarcas também têm uma extensa discografia, com mais de 40 álbuns lançados. Destacam-se trabalhos como Do Sul Para o Brasil (1989), Rodeio da Vida (1995), Alma de Pampa (2003) e Marca Monarca (2021). Em 2023, comemoraram 50 anos de estrada, reafirmando o legado de um grupo que é sinônimo de música regional gaúcha.

A história de Os Monarcas não é apenas a de um grupo musical, mas de um pedaço da alma do Rio Grande do Sul. Cada acorde, cada letra, cada fandango é um tributo à nossa terra e às nossas tradições. E para nós, gaúchos, eles sempre serão mais do que músicos: são símbolos vivos do que significa amar e viver a cultura gaúcha.

Discografia:

1969: Os Trovadores do Sul

1974: Gaúcho Divertido

1976: Galpão em Festa

1978: O Valentão Bombachudo

1980: Isto é Rio Grande

1982: Grito de Bravos

1985: Rancho Sem Tramela

1986: Chamamento

1988: Fandangueando

1989: Do Sul Para o Brasil

1991: Cheiro de Galpão

1992: Os Monarcas

1994: Eu Vim Aqui Para Dançar

1995: Rodeio da Vida

1997: Do Rio Grande Antigo

1999: Locomotiva Campeira

2000: No Tranco dos Monarcas

2001: 30 Anos de Estrada

2002: A Gaita Gaúcha dos Monarcas

2003: Alma de Pampa

2004: Só Sucessos

2006: Recordando o Tempo Antigo

2007: DVD e CD 35 Anos - História, Música e Tradição - Ao Vivo

2008: A Marca do Rio Grande

2009: Os Monarcas Interpretam João Alberto Pretto

2011: Cantar é Coisa de Deus

2012: DVD e CD 40 Anos - Ao Vivo

2013: Alma de Gaita

2015: Perfil Gaúcho

2017: DVD 45 Anos - Ao Vivo

2017: Tô Pegando a Estrada

2018: Identidade Monarca

2021: Marca Monarca

2023: 50 Anos

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

As 7 Principais Lendas do Rio Grande do Sul: Histórias que Contam Quem Somos

Buenas, parceiro(a)! Se tu quer conhecer mais sobre a alma do gaúcho, não tem como deixar de lado as lendas que cruzam os pagos e fazem parte da nossa identidade. Estas histórias misturam crenças indígenas, europeias e africanas, dando vida a narrativas que não só emocionam, mas também explicam muito sobre o que somos como povo.

Hoje vou te contar sobre as sete lendas mais importantes do Rio Grande do Sul, explicando de onde vêm, onde surgiram e o que cada uma delas significa. Então, ajeita teu mate e vem comigo nessa prosa!

1. O Negrinho do Pastoreio

O Negrinho era um escravo negro, jovem e inocente, que sofreu muito nas mãos de seu senhor. Depois de ser cruelmente castigado por perder o rebanho que cuidava, ele morreu e foi encontrado pelos anjos, com um rosário na mão e ao lado do gado perdido. Desde então, o Negrinho é visto como um símbolo de fé e justiça. Quem perde algo e faz uma prece pra ele, com uma vela acesa, logo encontra o que procura.

Origem: A lenda nasceu no período colonial, quando a escravidão era uma realidade nos campos do sul.

Localidade: É uma história típica das estâncias e fazendas da Campanha gaúcha.

Significado: Mais que uma lenda, o Negrinho é um símbolo da esperança e da luta por justiça, carregando o peso da memória dos que sofreram durante a escravidão.

2. O João-de-Barro

Conta-se que o João-de-Barro era um jovem indígena apaixonado por sua companheira, e juntos eles decidiram construir uma casa perfeita para simbolizar seu amor. Como prêmio pela dedicação, os deuses os transformaram em pássaros, famosos por construírem suas casas de barro com cuidado e parceria.

Origem: A história vem da tradição indígena e foi adaptada pelos colonizadores.

Localidade: É conhecida em todo o estado, mas se destaca nas áreas rurais.

Significado: O João-de-Barro representa a importância da união, do trabalho conjunto e do lar como base da vida.

3. Sepé Tiaraju

Baseada em uma figura histórica, Sepé foi um líder indígena guarani que lutou contra os colonizadores portugueses e espanhóis para defender as terras de seu povo. Sua frase “Esta terra tem dono!” se tornou um símbolo de resistência. Após sua morte, foi transformado em herói místico, protetor das Missões.

Origem: É uma lenda histórica, nascida da resistência indígena no século XVIII.

Localidade: A região das Missões é o berço dessa história.

Significado: Sepé Tiaraju é um símbolo da luta pela terra e pela preservação da cultura indígena.

4. A Boitatá

O Boitatá é descrito como uma serpente de fogo que protege a natureza. Ele aparece durante a noite para assustar aqueles que desrespeitam os campos, como quem bota fogo nas matas ou polui os rios. Dizem que seus olhos brilham como tochas, iluminando os pampas escuros.

Origem: Vem do folclore indígena, sendo uma das lendas mais antigas do Brasil.

Localidade: É contada em várias regiões de matas e campos do estado.

Significado: O Boitatá é um protetor dos recursos naturais, representando a força da natureza contra os abusos humanos.

5. O Quero-Quero

Dizem que o quero-quero nunca dorme profundamente porque foi amaldiçoado por não avisar um ataque surpresa a seu dono. Desde então, tornou-se o "sentinela dos pampas", sempre vigilante e gritando ao menor sinal de perigo. Há quem acredite que ele é um protetor das estâncias e campos abertos.

Origem: Mistura de crenças indígenas e histórias dos colonos.

Localidade: Os campos vastos do pampa são o cenário desta lenda.

Significado: O quero-quero simboliza a vigilância e a proteção, valores importantes para o homem do campo.

6. A Salamanca do Jarau

No Cerro do Jarau, em Quaraí, diz-se que vive a Teiniaguá, uma moça encantada com cabeça de cobra. Segundo a lenda, quem enfrenta os desafios da Salamanca pode conquistar grandes tesouros, mas precisa ser corajoso e respeitar os segredos do lugar.

Origem: A lenda tem influência espanhola e indígena, registrada por Simões Lopes Neto.

Localidade: Está associada ao Cerro do Jarau, na fronteira com o Uruguai.

Significado: A Salamanca é um misto de mistério e cobiça, simbolizando os desafios que a vida impõe para conquistar algo valioso.

7. A Erva-Mate

Diz-se que um velho guerreiro indígena, cansado e impossibilitado de migrar com sua tribo, foi visitado por Yari, uma deusa que o presenteou com a erva-mate. Ela ensinou seu povo a preparar a bebida, que se tornou símbolo de amizade e hospitalidade.

Origem: É uma lenda indígena, dos povos guaranis.

Localidade: A história é contada onde há ervais, especialmente no norte do estado.

Significado: A erva-mate é um símbolo de união, tradição e hospitalidade, sendo essencial na vida do gaúcho.

Por Que Essas Lendas São Importantes?

Mais do que histórias, essas lendas são uma forma de preservar as raízes do povo gaúcho. Elas explicam nossas tradições, crenças e a maneira como nos relacionamos com a terra e com os outros.

E aí, vivente, qual dessas lendas mais te emocionou? Se conhece alguma outra história do Rio Grande, compartilha com a gente nos comentários e vamos prosear sobre o nosso folclore!

Até a próxima volta do mate!

sábado, 4 de janeiro de 2025

Como ficou posicionada nossa música em 2024

 Já fizemos algumas postagens por aqui mostrando o fenômeno do bailão no sul do Brasil (RS e SC), confira no post AQUI, e conferimos no site Connectmix o monitoramento das músicas em rádios e sempre nossa música figurou no top 15, e na grande maioria com as "bandinhas", grandes bandas que tocam nosso ritmo regional conhecido como Bailão.

Abaixo colocamos o posicionamento da música daqui em 2024, no link acima temos o de 2023 e um resumo até agosto.

Atualização de todo o ano de 2024

Região Sul - Rádios Comerciais

Sem artistas regionais no Top 15

Região Sul - Rádios Comunitárias

7º - Perigosa e Linda/Corpo e Alma
9º - Saudade da ex/Céu e Cantos e Brilha Som
10° - Do Fundo da Grota/Baitaca
14º - Guardanapo/Rainha Musical

Rio Grande do Sul - Rádios Comerciais

13º - Perigosa e Linda/Corpo e Alma
19° - Guardanapo/Rainha Musical (fora do top 15, mas, no top 20)

Rio Grande do Sul - Rádios Comunitárias

3° - Guardanapo/Rainha Musical
4º - Perigosa e Linda/Corpo e Alma
6º - Saudade da ex/Céu e Cantos e Brilha Som
10º - Do Fundo da Grota/Baitaca
12° - Uma só lajota/Cleiton Borges
17° - Ai ai ai coração/San Marino (fora do top 15, mas, no top 20)

Santa Catarina - Rádios Comerciais
Sem artistas regionais no Top 15

Santa Catarina - Rádios Comunitárias

4º - Saudade da ex/Céu e Cantos e Brilha Som
7º - Do Fundo da Grota/Baitaca
14º - Perigosa e Linda/Corpo e Alma

Notamos que comparado até 17 de agosto, quando fizemos o parcial, as rádios comercias região sul não abriram espaço para o regional, ou por posicionamento cultural ou por estarem nas grandes cidades. Já a música regional sempre tem uma popularidade maior nas comunitárias, inclusive ganharam fôlego e aumentaram a participação no top.
Já na análise por estado, o RS aumentou a participação da música regional depois de agosto nas rádios comerciais e reduziu nas comunitárias, onde aí valorizamos as presenças entre os top 20.
Já em SC as rádios comerciais seguiram sem a participação regional no top 20 e aumentou nas comunitárias.

Com isso, concluímos que a cena musical regional se consolida, mantendo os mesmos números em relação a 2023, com pequena redução, onde nas comerciais no sul figurou uma e em 2024 nenhuma e nas comunitárias de SC e RS reduzindo uma e comerciais do RS um também.

Mesmo assim, com o domínio do sertanejo e a entrada de hits do exterior, nossa cultura segue firme com os ritmos regionais. Para conferir e comparar esses números acesse o link do início do artigo.