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segunda-feira, 3 de março de 2025

Cinema no Rio Grande do Sul

Com toda a repercussão do Oscar no último domingo (02/03), resolvemos trazer aqui um pouco do cinema regional do Rio Grande do Sul, como nosso foco é o regional e a cultura local, vamos apresentar aqui algumas produções que marcaram época e mostraram o dia dia cultural no nosso estado. Claro que sempre que falamos de cinema gaúcho, sempre vamos lembrar dos filmes do Teixeirinha que marcou época e inclusive com repercussão nacional.

Além dos filmes do saudoso Teixeirinha, tivemos a série da Globo A Casa das sete mulheres e o tema O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo que talvez tenha sido o livro mais reproduzido no cinema e na televisão, incluindo ainda outros livros do Arquipélago.

Conheça abaixo alguns filmes que contam o cotidiano e/ou a história do nosso estado.

O TEMPO E O VENTO (2013)

O Tempo e o Vento, filme ambientado no final do século XIX, se passa no Rio Grande do Sul, onde as famílias Amaral e Terra-Cambará são inimigas históricas na cidade de Santa Fé. A história começa quando o sobrado dos Terra-Cambará é cercado pelos Amaral, forçando todos os membros da família a se defenderem com as armas que têm à disposição. A vigília dura vários dias, o que faz com que os recursos, como comida, comecem a escassear.

Dentro do sobrado, está Bibiana (Fernanda Montenegro), matriarca da família, que recebe a visita de seu falecido esposo, o capitão Rodrigo (Thiago Lacerda). Juntos, eles relembram a história do amor que viveram e de como a família Terra-Cambará surgiu, enquanto enfrentam o cerco e a luta pela sobrevivência.

O filme é uma adaptação do clássico romance de Erico Veríssimo, retratando não apenas o conflito entre as famílias, mas também os laços de amor e a memória histórica da região.

Ainda tivemos uma minissérie das mesmas gravações exibida na tv e outra em 1985.

UM CERTO CAPITÃO RODRIGO (1971)

Entre os grandes clássicos do cinema nacional, Um Certo Capitão Rodrigo se destaca, especialmente pelo seu compromisso com a autenticidade histórica. Quase como um documentário, o filme impressiona pelo rigor na reconstrução de cenários, figurinos e costumes. Desde a escolha das locações – com filmagens realizadas nos casarões de arquitetura portuguesa de General Câmara, Triunfo e Santo Amaro – até os mínimos detalhes culturais, tudo foi cuidadosamente planejado sob a exigente direção de Anselmo Duarte.

O projeto original previa Tônia Carrero como protagonista, mas, devido ao adiamento da produção ao longo dos anos, a ideia precisou ser reformulada. O elenco final contou com Francisco Di Franco no papel de Capitão Rodrigo, ao lado de Newton Prado, Pepita Rodrigues e do folclorista João Carlos Paixão Côrtes, que interpretou Pedro Terra, pai de Bibiana. Além disso, Paixão Côrtes atuou como “consultor de costumes”, garantindo a fidelidade histórica do filme. A grandiosidade da produção envolveu também 400 cavaleiros e mais de 300 figurantes.

A trama é bem conhecida, baseada nos trechos clássicos de O Tempo e o Vento: Rodrigo Cambará, um aventureiro carismático, chega à pacata Santa Fé, conquista o coração da jovem Bibiana Terra e, ao mesmo tempo, desperta rivalidades na cidade, desencadeando grandes conflitos.

ANA TERRA (1971)

Assim como Um Certo Capitão Rodrigo, este filme já era um projeto antigo do produtor paulista Alberto Ruschel, idealizado junto a Tônia Carrero ainda nos tempos da Companhia Vera Cruz. No entanto, a produção não saiu do papel até ser finalmente concretizada anos depois. Baseado no clássico personagem criado por Érico Veríssimo em O Tempo e o Vento, Ana Terra traz uma adaptação cinematográfica de uma parte distinta da história, diferenciando-se dos filmes anteriores.

Classificado como um drama histórico brasileiro, o filme foi rodado em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. A trilha sonora conta com composições do gaúcho Carlos Castilho, conhecido sapateador, cantor e compositor, que também atua no longa e chega a dançar alguns passos de Chula.

A narrativa se passa no final da década de 1770, ainda no período imperial, logo após a destruição das missões jesuítas. O fazendeiro bandeirante Manuel Terra parte com sua esposa Henriqueta e seus filhos Ana, Antônio e Horácio para a região de fronteira, onde estabelece uma estância de criação de gado. No entanto, a família vive sob constante ameaça, seja por bandoleiros armados, grupos indígenas sobreviventes das missões ou pelo risco de invasões vindas de países vizinhos. Para se proteger, Manuel conta apenas com seus filhos e, ocasionalmente, com a ajuda de milícias locais, entre elas uma liderada pelo Major Pinto Bandeira.

Em determinado momento, a família socorre um mestiço ferido a tiros, Pedro Missioneiro, planejando enviá-lo embora assim que ele se recuperasse. No entanto, Pedro decide permanecer na estância, tornando-se um ajudante valioso nos serviços e domas. Além disso, ele fascina Ana Terra com seus conhecimentos religiosos, sua arte e a alfabetização que adquiriu na missão jesuítica. O envolvimento entre os dois cresce e Ana acaba engravidando, dando continuidade à saga exatamente como descrita na obra de Érico Veríssimo.

O SOBRADO (1956)

Lançado em 1956, este filme é um clássico do cinema nacional e faz parte da saga O Tempo e o Vento. Classificado como drama, O Sobrado desenvolve sua narrativa a partir do cerco à residência de Licurgo Terra-Cambará, que se encontra isolada pelas forças dos maragatos.

Os adversários, prestes a serem derrotados, precisam abandonar a cidade, mas mantêm o cerco devido à rivalidade entre os Amaral e Licurgo, um conflito antigo que se reflete na insistência dos atacantes.

Dentro do sobrado, a família de Licurgo e seus capangas enfrentam dificuldades extremas, como escassez de água, comida e assistência médica. A trama é marcada por uma narrativa fragmentada, interrompida por longos trechos que remetem ao passado da família Terra-Cambará, prolongando ainda mais a resolução da história.

Um detalhe interessante do filme é a cena da Chula, que ganha destaque como uma manifestação cultural. Além disso, esta produção foi a primeira a registrar a dança sendo executada sobre uma lança, uma adaptação criada dentro do contexto da guerra, sem referência histórica comprovada.

Com um elenco de peso, incluindo Lima Duarte, Fernando Baloroni e Bárbara Parisi, O Sobrado se consagrou como uma obra marcante do cinema brasileiro

CORAÇÃO DE LUTO (1973)

“Coração de Luto” é um drama musical que traz à tona a trajetória de um homem devastado pela dor e pela perda. A história se passa na década de 1970 e é centrada no personagem de Teixeirinha, interpretado pelo próprio cantor. Ele dá vida a um homem marcado pela morte da esposa, cuja partida deixa um vazio profundo em seu coração. Desolado, ele se vê preso a lembranças e à saudade da mulher que amava.

O filme explora a dor da perda e o sofrimento de quem fica para trás, enquanto o personagem tenta encontrar uma maneira de lidar com a tragédia e seguir adiante. O enredo se desenrola com bastante emoção e sentimento, refletindo na tela a profundidade da música e da cultura gaucha, com destaque para a interpretação de Teixeirinha e suas canções, que tornam a narrativa ainda mais tocante.

TROPEIRO VELHO (1978)

Tropeiro Velho é um drama que narra a história de um homem já idoso, que vive em uma época de grandes mudanças, refletindo sobre sua vida como tropeiro. O personagem principal, interpretado por José Maia, é um homem simples e resiliente, que dedicou sua vida ao transporte de mercadorias através das trilhas do interior do Rio Grande do Sul. À medida que envelhece, o tropeiro se vê confrontado com a modernização que ameaça sua forma de viver e de trabalhar, ao mesmo tempo em que lida com as memórias e as dificuldades de um passado que não pode mais ser revivido.

A história explora o desgaste físico e emocional do tropeiro, que, apesar da idade avançada, ainda sente a necessidade de seguir sua jornada, enfrentando as intempéries e os desafios da vida rural. O filme é uma reflexão sobre o fim de uma era e a resistência de um homem que, embora envelhecido, se recusa a abandonar seu legado e as tradições que marcaram sua vida e a história do Rio Grande do Sul.

ANITA E GARIBALDI (2013)

O filme Anita e Garibaldi se passa durante a Revolução Farroupilha (1835–1845) e conta a história de Giuseppe Garibaldi (Gabriel Braga Nunes), um comandante de 32 anos dos rebeldes republicanos, que invade a cidade de Laguna, em Santa Catarina. Durante essa jornada, ele encontra sua alma gêmea, Anita (Ana Paula Arósio), uma jovem de 18 anos, esposa de um sapateiro local.

Entre a paixão que nasce entre eles e as batalhas pela liberdade, o filme explora como o amor de Anita e Garibaldi influencia não apenas suas vidas, mas também o curso da revolução. A união dos dois se torna um marco tanto na história pessoal dos personagens quanto no contexto histórico da Guerra dos Farrapos.

Rodado entre 2005 e 2006, com locações em São Francisco do Sul e Lages, o filme busca reconstituir o cenário histórico de forma envolvente, destacando a luta pela liberdade e a força de uma mulher que se torna símbolo de resistência.

CERRO DO JARAU (2004)

O filme Cerro do Jarau narra a história de três primos que cresceram em um lugar mágico do sul do Brasil, conhecido como o Cerro do Jarau. Desde a infância, os três foram influenciados pela lenda de uma princesa aprisionada em uma caverna, Teiniaguá. Dentre os primos, a menina é a mais corajosa e aquela que, ainda jovem, ousou desafiar as histórias místicas sobre o local.

Com o tempo, os primos crescem e a jovem, agora casada, vai ajudar o marido na administração de um clube. No entanto, quando o novo dono do estabelecimento se recusa a pagar o que deve, o marido acaba sendo pressionado por um criminoso a saldar uma dívida, o que o leva a cometer um assalto. Sentindo-se traída e humilhada, a mulher decide fugir com o dinheiro e retornar ao Cerro do Jarau, onde reencarnam antigas lendas e onde ela encontrará novas revelações sobre seu passado e as histórias que marcaram sua infância.

NETTO PERDE SUA ALMA (2001)

Primeira experiência do escritor Tabajara Ruas na direção de um longa-metragem, Netto Perde Sua Alma foi realizado em parceria com Beto Souza. O filme é uma adaptação do livro homônimo do próprio Ruas e narra a trajetória do General Antônio de Souza Netto, figura histórica brasileira. Gravemente ferido por uma bala durante a Batalha de Tuiuti, na Guerra do Paraguai, em maio de 1866, Netto é encaminhado para um hospital de campanha na cidade de Corrientes, na Argentina.

Ali, enquanto se recupera, começa a perceber acontecimentos inquietantes. Entre eles, o capitão de Los Santos, que acusa o cirurgião do hospital de ter amputado suas pernas sem necessidade. Além disso, Netto reencontra o sargento Caldeira, um antigo companheiro de guerra e ex-escravizado, com quem lutou na Revolução Farroupilha décadas antes. Ao lado de Caldeira, Netto revisita suas memórias, recordando sua participação na guerra, seu encontro com Milonga – jovem escravizado que se alistou no Corpo de Lanceiros Negros – e o período de exílio que passou no Uruguai.

Um filme que mergulha na história brasileira e na trajetória de um dos grandes personagens do século XIX.

NETTO E O DOMADOR DE CAVALOS (2008)

Na sequência de Netto Perde Sua Alma (2001), Netto e o Domador de Cavalos, dirigido por Tabajara Ruas, traz uma releitura contemporânea da lenda do Negrinho do Pastoreio, uma das mais populares do Rio Grande do Sul, e também narra mais sobre a história do herói farroupilha Antônio de Souza Netto (interpretado por Werner Schünemann).

Situado na América do Sul em 1835, durante o Império Brasileiro ainda escravocrata, o filme retrata Netto como um republicano que luta pela liberdade dos negros, enfrentando a tirania e a opressão. O general foi um herói das Guerras de Fronteira no Sul do Brasil no século XIX.

A história se desenrola no início da Guerra dos Farrapos, quando Netto descobre que seu antigo companheiro de guerra, Índio Torres (Tarcísio Filho), está preso. Para libertá-lo, ele se alia a escravos rebeldes, incluindo Negrinho (Evandro Elias), considerado o melhor cavaleiro da região.

O filme faz parte de uma trilogia, e um novo capítulo, intitulado Netto nos Braços da Moura, está previsto para dar continuidade à saga. No Festival de Cinema de Gramado de 2001, o primeiro filme da trilogia foi premiado com quatro Kikitos, o principal prêmio do maior festival de cinema do Brasil.

PAIXÃO GAÚCHO (1957)

Este é mais um grande clássico do cinema nacional, embora ainda pouco conhecido pelo público. Paixão Gaúcho tem seu roteiro completamente baseado e adaptado a partir do livro O Gaúcho, de José de Alencar, publicado em 1870. A trama se passa em 1836 e acompanha a forte amizade entre dois homens, que se vê ameaçada quando ambos se apaixonam pela mesma mulher. Com o início da Guerra dos Farrapos, os antigos amigos acabam em lados opostos, e a disputa pelo amor da jovem apenas intensifica o conflito entre eles.

A trilha sonora conta com algumas canções de Barbosa Lessa, incluindo Chimarrita Cafuné. O próprio Lessa foi convidado pelo diretor Walter George Dust (o mesmo de O Sobrado) para atuar como “consultor de costumes” da produção. No entanto, por estar cumprindo um estágio obrigatório como aspirante no IX Regimento de Cavalaria de São Gabriel, indicou seu primo Sady para a função. Ainda assim, conseguiu participar dos últimos dias de gravação e até mesmo da cena do casamento, onde dançou o Anú, dança recém-publicada por ele e Paixão Côrtes naquele ano.

Lima Duarte, que já havia participado de O Sobrado, retorna neste filme, interpretando com maestria um gaúcho campechano. Ele divide cena com a cantora Inhána, responsável por interpretar as músicas compostas por Lessa para a trilha sonora.

PÁRA PEDRO! (1969)

Lançado em 1969, este foi um dos primeiros filmes coloridos a retratar os regionalismos gaúchos. Pára Pedro! é uma comédia inspirada na famosa canção homônima de José Mendes, que até hoje é lembrada e cantada em todo o Brasil.

A trama se desenrola na região de Vacaria e arredores, acompanhando Pedro, que se vê obrigado a fugir da cidade após um desentendimento com o secretário de um político local, candidato a deputado. O motivo da confusão envolve um mal-entendido relacionado à sua namorada, Rosário, e sua madrinha, que nunca aprovou o relacionamento dos dois. Sem entender as razões da fuga de Pedro, Rosário decide agir por conta própria e contrata um pistoleiro para trazê-lo de volta, dando início a uma série de situações cômicas e inesperadas.

Com roteiro de Antônio Augusto Fagundes, o filme captura com autenticidade a vida do gaúcho serrano, destacando seus costumes, tradições e até a arquitetura local. Uma obra divertida e cheia de identidade cultural, que vale a pena conferir

NÃO APERTA APARÍCIO! (1970)

Este filme, lançado em 1970, também traz José Mendes como protagonista e é inspirado em uma de suas canções mais conhecidas, que leva o mesmo nome. As filmagens ocorreram na região de Dom Pedrito e na Base Aérea de Canoas, contando com um elenco de peso, incluindo Grande Otélo, José Lewgoy, Angelito Mello e Edson Acri, que, mais uma vez, contribuiu com seus desenhos na abertura.

A história acompanha o Coronel Amaro Silva, um grande criador de gado e dono de uma imensa estância no interior de Dom Pedrito. Seu filho, Aparício, trabalha como capataz da propriedade, sempre acompanhado do negrinho Tonico (personagem interpretado por Grande Otélo), afilhado do coronel.

A situação muda com a chegada de um novo vizinho, o Dr. Azevedo, que adquire terras ao lado da estância. Com ele, vem sua filha Aurora, que acaba conhecendo Aparício e iniciando um romance com ele. No entanto, o clima de amor logo dá lugar a um grande problema: parte do gado do Dr. Azevedo é roubada e Aparício é acusado injustamente, já que os verdadeiros ladrões deixaram pistas falsas para incriminá-lo. Agora, ele precisa lutar para provar sua inocência.

ANAHY DE LAS MISIONES (1997)

Este drama retrata a jornada de Anahy, uma mulher errante, descendente de guaranis (o que seu próprio nome já sugere), que atravessa os campos da Província durante a Revolução Farroupilha. Acompanhada de seus quatro filhos – Teobaldo, Leonardo, Luna e Solano –, do revoltoso Manuel e da prostituta Picumã, ela percorre os campos de batalha recolhendo trajes, pertences e qualquer tipo de valor dos soldados caídos, repassando-os a outros combatentes, sem distinção de lado.

Dirigido por Sérgio Silva e produzido por Gisele Hilti, o filme se destaca pela cuidadosa reconstrução histórica, desde as locações até figurinos e objetos de época, fruto de um extenso trabalho de pesquisa da equipe. O elenco reúne grandes nomes do cinema brasileiro, como Dira Paes, Marcos Palmeira, Matheus Nachtergaele, Paulo José e Araci Esteves, que dá vida à protagonista.

O QUATRILHO (1995)

A trama de O Quatrilho se desenrola em 1910, em uma comunidade rural situada na serra do Rio Grande do Sul, onde dois casais muito amigos vivem juntos, compartilhando a mesma casa e enfrentando, juntos, as dificuldades da vida. No entanto, a rotina desses casais muda quando a esposa de um deles começa a se envolver com o marido do outro e decide fugir com ele.

A maior parte das filmagens do filme foi realizada na cidade de Farroupilha, com destaque para cenas que mostram a beleza da Cascata do Salto do Ventoso e o tradicional caminho de pedras, que servem como um cenário natural impactante.

Esta é a nossa sugestão de cinema no Rio Grande do Sul, faltou algum, pode contribuir nos comentários. E tu que é de fora do nosso estado e tem um filme regional para contribuir para nós, fica a vontade tchê, todas culturas regionais são bem vindas.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

O RS e as demais culturas regionais do Brasil

Buenas gauchada, estamos aqui mais uma vez debatendo a cultura gaúcha além da fronteiras do estado. Hoje, dia 23/02/25 o Baitaca participou do programa do cantor sertanejo Daniel que é um ícone do gênero e reconhecido em qualquer cultura regional. 

A questão é: para chegar aos demais rincões e ser reconhecido, devemos reconhecer e respeitar as culturas regionais dos outros estados e dar mais valor ao que é diferente da nossa. O Daniel é um exemplo de valorização regional, mostra as raízes dele e ainda traz mais convidados para uma conversa regional sobre suas origens e tradições de onde nasceram.

Com a presença do Baitaca, certamente o programa do Daniel ganhou um pouco mais de atenção no RS, talvez levando uma audiência que normalmente não assistiria. O que particularmente acredito que deveria acontecer é o envolvimento da nossa cultura com as demais culturas e buscar ainda mais o intercâmbio de culturas, pois, o próprio Baitaca não conhecia a música do Daniel que é um dos maiores sucessos do sertanejo e como gratidão por estar ali levando nossa cultura as demais querências, o correto é por respeito e agradecimento seria acompanhar o anfitrião nas "modas" sertanejas.

Nossa cultura é rica, mas não é única no mundo, nosso país (Rio Grande do Sul) é lindo mas não é o único e não devemos nos ilhar em um mundo de ignorância achando que estamos sozinhos neste mundo globalizado que cada vez mais nossos conterrâneos têm um acesso universal ao mundo exterior. 

Se não evoluirmos e respeitar as pessoas diferentes da gente, nossa cultura cultura acabará se perdendo para os estrangeirismos e para que isso não aconteça só depende da gente, abrir nossa cultura aceitando a evolução sem se apegar a essa falsa tradição raiz que é imposta por mentes retrógradas que por maldade ou ignorância não aceitam coisas que fogem ao que não os convém. Isso vale para tudo, ditam regras sobre nossa música, nossa roupa e até no que podemos ou não falar como se o seu umbigo fosse uma verdade universal. 

Não queremos regras que me impeçam de usar uma bombacha larga demais ou estreita, não quero me seja imposto que eu tenha que falar dE e não di, não quero que imponham o que devo ouvir se é ou não tradição e música raiz  é sabem por que? Vem que eu te explico.

A bombacha, nem gaúcha é e entrou pelo Uruguai, porque uma gaúcho dentro de uma sala de uma entidade qualquer quer normalizar seu uso? Assim como o mundo, a América, o Brasil, o Rio Grande do Sul tem sua diversidade cultural devido aos imigrantes que colonizaram o estado e participam da evolução cultural, então o sotaque regional é riqueza e cada um fala do jeito de sua região e sua gente, não me venham impor regras. Na música é a mesma coisa, por que vamos condenar as vaneiras novas e bandas que deram uma nova roupagem por que não seguem o convencional dos grupos de baile já consagrados, temos espaço para todos e devemos ter orgulho da gurizada que leva a vaneira para outros rincões mesmo sem o uso da bombacha e também temos conterrâneos que ousam críticas as bandinhas, que transformaram uma tradicional reunião das comunidades alemãs em um ritmo musical regional único e nosso, o bailão. 

Como que levando em consideração tudo isso, ainda não somos capazes de romper a redoma de ignorância e se irmanar com outros povos, já que a nossa tradição é formada por imigrantes,  indígenas e forasteiros que nos fizeram único,  fortes e capazes de alcançar públicos e regiões que desconhecem nosso potencial cultural do estado e é este o motivo que estamos aqui para divulgar a nossa cultura, mas, acima de tudo apontar onde estamos errando para que sejamos fortes, aguerridos e bravos. 

domingo, 15 de dezembro de 2024

Califórnia da Canção Nativa: Celebração da Tradição Gaúcha

A Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul é um dos festivais de música mais emblemáticos da cultura gaúcha, realizado anualmente em Uruguaiana desde sua primeira edição, em 1971. Reconhecida como o berço dos festivais nativistas, ela nasceu da necessidade de preservar e promover as tradições musicais do Rio Grande do Sul, destacando-se como um espaço de exaltação do regionalismo e da arte campeira.

A premiação, simbolizada pela Calhandra de Ouro, celebra as composições que melhor capturam a alma gaúcha por meio de letras, melodias e interpretações que dialogam com as raízes do povo do pampa. Além de incentivar novos talentos, o festival homenageia grandes nomes da música regional, consolidando seu papel como patrimônio cultural do estado.

Vencedores da 46ª Califórnia da Canção Nativa (2024):

1. Calhandra de Ouro:

Música: Recolho Versos do Campo

Letra: Gujo Teixeira

Melodia: Cristian Camargo

Intérprete: Matheus Pimentel

2. Calhandra de Prata:

Música: Os Dois Amores

Letra: Colmar Duarte

Melodia: Cleber Soares

Intérprete: Arthur Rillo

3. Calhandra de Bronze:

Música: Dos Valores da Alma

Letra: Henrique Fernandes

Melodia: Filipi Coelho

Intérprete: Filipi Coelho


Melhor Intérprete: Filipi Coelho, por O Céu das Tormentas.

Melhor Instrumentista: Leonardo Schneider, pelo acordeão em O Beijo do Pai.

Canção Mais Popular: Maria Parteira, interpretada por Su Paz.

Este festival reafirma o compromisso de manter vivas as tradições do pampa, unindo gerações em torno da música e da cultura gaúcha. A cada edição, a Califórnia da Canção Nativa celebra não apenas a arte musical, mas também o espírito coletivo que define a identidade do povo do sul.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Significados das cores da bandeira do Rio Grande do Sul

A bandeira do Rio Grande do Sul, que herdou as cores da antiga República Rio-Grandense, carrega um rico simbolismo que remonta à Revolução Farroupilha (1835-1845). Cada cor – verde, amarelo e vermelho – reflete tanto aspectos históricos quanto ideais políticos da época. Entender esses significados é essencial para compreender a identidade cultural e política do povo gaúcho.

O verde e o amarelo: herança e unidade

As cores verde e amarelo, presentes tanto na bandeira da República Rio-Grandense quanto na atual bandeira estadual, possuem uma ligação direta com o Império do Brasil. Na heráldica imperial, o verde simbolizava a Casa de Bragança (Portugal), enquanto o amarelo representava a Casa de Habsburgo (Áustria), da qual fazia parte Dona Leopoldina, primeira esposa de Dom Pedro I. Essas cores, portanto, remetiam às famílias nobres que fundaram o Brasil independente.

No contexto da Revolução Farroupilha, porém, o significado dessas cores ganha outra nuance. Mesmo lutando contra o governo imperial, os líderes farroupilhas não buscavam romper totalmente com a pátria brasileira, mas sim rejeitar seu modelo centralizador. Essa ideia é reforçada por um diálogo lendário atribuído a David Canabarro, em resposta a uma oferta de ajuda militar de Juan Manuel de Rosas, da Argentina. Segundo a narrativa, Canabarro teria afirmado que os farrapos prefeririam a união com os monarquistas brasileiros a aceitar qualquer invasão estrangeira. Isso demonstra que a causa farroupilha tinha como base a defesa de um modelo federativo, em vez de uma separação definitiva do Brasil. Segue a transcrição do diálogo:

“O primeiro de vossos soldados que transpuser a fronteira, fornecerá o sangue com que assinaremos a Paz de Piratini com os imperiais, por cima de nosso amor à República está o nosso brio de brasileiros. Quisemos ontem a separação de nossa pátria, hoje almejamos a sua integridade. Vossos homens, se ousassem invadir nosso país, encontrariam ombro a ombro, os republicanos de Piratini e os monarquistas do Sr. D. Pedro II.”. Um aparte: foi traição em porongos?

Walter Spalding, historiador gaúcho, apontou em 1955 que as cores verde e amarelo na bandeira representam a fidelidade à pátria comum e ao ideal de uma federação. Assim, essas cores simbolizam não apenas a ligação com o Brasil, mas também o desejo de um governo mais justo e descentralizado.

O vermelho: sangue, liberdade e conexões internacionais

A inclusão da cor vermelha na bandeira é mais complexa e suscita debates entre historiadores. Uma das interpretações mais populares associa o vermelho ao sangue derramado pelos gaúchos durante os combates da Revolução Farroupilha. No entanto, há também outras explicações, que conectam o vermelho a ideais republicanos e movimentos revolucionários da época.

O professor César Augusto Barcellos Guazzelli sugere que o vermelho pode ter sido inspirado pelos revolucionários platinos, que em 1810 iniciaram a luta pela independência das Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina e Uruguai). Na Argentina, o vermelho era associado ao federalismo e, simbolicamente, à luta pela liberdade. Essa influência é visível nos laços políticos, econômicos e culturais entre os farroupilhas e seus vizinhos platinos, fortalecendo a ideia de que o vermelho representava tanto uma inspiração libertária quanto a solidariedade entre movimentos republicanos.

Além disso, o uso do vermelho como símbolo da revolução também se manifestava nos trajes, como o famoso lenço vermelho adotado pelos farroupilhas. Esse costume se perpetuou na cultura política gaúcha, sendo associado a outros movimentos revolucionários no Rio Grande do Sul, como as revoluções de 1893 e 1923.

A bandeira como símbolo de união e luta

Desde o início, a bandeira da República Rio-Grandense refletia os ideais de seus criadores. Sem o brasão central que conhecemos hoje, ela trazia apenas as três faixas – verde, amarela e vermelha – e era entendida como uma representação da luta pela liberdade e pelo federalismo. Mesmo após o fim da revolução, esses ideais permaneceram enraizados no imaginário coletivo do povo gaúcho.

Hoje, a bandeira do Rio Grande do Sul mantém seu significado histórico como um símbolo de resistência, liberdade e unidade. As cores, enquanto evocam as lutas do passado, também reafirmam o orgulho de uma identidade que, embora profundamente conectada ao Brasil, carrega consigo a marca da luta por autonomia e justiça.

sábado, 7 de setembro de 2024

Acampamento Farroupilha de Porto Alegre

Começa hoje o Acampamento Farroupilha de Porto Alegre. Confira toda a programação abaixo:

SÁBADO(07/09)

PALCO JAYME CAETANO BRAUN

12h- Cerimônia de Abertura
16h30- Os Pajadores
17h50- Paullo Costa
19h50- Ernesto Fagundes
21h50- Lincon Ramos
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Raízes doSul
14h50- Trova: José Estivalet e Vitor Hugo
15h50- Declamação Andrea Loe
16h- Marcelinho Nunes
17h- Zizi Machado

DOMINGO(08/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Cristiano Quevedo
19h50- Luiza Barbosa
21h50- Sina Fandangueira
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Tiarayu
14h50- Trova: Amaranto Arena e Tetê Carvalho
15h50- Declamação Rui Matias
16h- Maykell Paiva
17h- Desiderio Souza

SEGUNDA-FEIRA(09/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN 
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
17h50- Mauro Moraes
19h50- Daniel Torrez
21h50- Grupo Os Mateadores
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Victor Schimmelpfenig e Vinícius Schimmelpfenig
16h- Manoel Souza
17h- Moisés Oliveira e Grupo Vozes do Campo

TERÇA-FEIRA(10/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN 
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
 17h50- Raul Quiroga
19h50- César Oliveira & Rogério Melo
21h50- João Luiz Corrêa & Grupo Campeirismo
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Adrian Latroni e Arthur Latroni
16h- Jayme Caetano Braun- Um Século de Arte
17h- João Paulo Deckert

QUARTA-FEIRA(11/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
 17h50- Jorge Guedes & Família
19h50- Tchê Guri
21h50- Machado e Marcelo do Tchê
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Gurizada Campeira
16h- Felipe D’Avila
17h- Grupo Missões

QUINTA-FEIRA(12/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
17h50- André Teixeira
19h50- Tchê Garotos 21h50- Tchê Barbaridade
PALCO NICO FAGUNDES
11h- Festival Prosa e Poesia- Eliminatória
15h- Chula: Jean Marques da Rocha e Tiago Ferrari 16h- Tiago Quadros
17h- Felipe D’Avila

SEXTA-FEIRA(13/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
17h50- Flávio Hanssen
19h50- Tatiéli Bueno
21h50- Kelly Colares & Banda
PALCO NICO FAGUNDES
11h- Festival Prosa e Poesia- Eliminatória
14h- CTG Aldeia dos Anjos
15h- Chula: Adrian Latroni e Arthur Latroni
16h- Felipe Goulart
17h- KauanaNeves

SÁBADO(14/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
16h30- Alma e Pampa
17h50- Fofa Nobre
19h50- Marinês Siqueira
21h50- Eliandro Luz & Grupo Oh de Casa
PALCO NICO FAGUNDES
10h- Coral Despertar
11h- Festival Prosa e Poesia- Final
14h- CTG Chimangos
14h50- PQT Laçadores Herdeiros da Tradição
15h- Trova: José Estivalet e Clódis Rocha
15h30- Declamação Elvio Moraes
16h- Ricardo Rosa
17h- Heduardo Carrão

DOMINGO(15/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
10h- Missa Crioula
12h- CTG Lanceiros da Zona Sul
16h30- Maria Luiza Benitez
17h50- Marcelo Caminha
19h50- SomdoSul
21h50- Gurias Gaúchas
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTGV aqueanos da Tradição
14h50- Trova: Amaranto Arena e Clódis Rocha
15h30- Declamação Pablo Santana
16h- Diego Machado

SEGUNDA-FEIRA(16/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Juliana Spanevello
19h50- JocaMartins
21h50- Rodrigo Silva & Grupo Ala-Pucha
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Victor Schimmelpfenig e Vinícius Schimmelpfenig
16h- Ricardo Comassetto 
17h- Juliano Moreno

TERÇA-FEIRA(17/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Os Chacreiros
19h50- Érlon Péricles
21h50- Grupo Alma gaudéria
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Projeto Gurizada Campeira
16h- Gustavo Brodinho
17h- Jader Leal

QUARTA-FEIRA(18/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- João de Almeida Neto
19h50- Daniel Haack & Gaúchos Lá de Fora
21h50- Grupo Querência
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Victor Schimmelpfenig e Adrian Latroni ou Projeto Gurizada Campeira
16h- Leonel Almeida
17h- The AllPargatas

QUINTA-FEIRA(19/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Fátima Gimenez
19h50- Analise Severo
21h50- Sangue Farrapo
PALCO NICO FAGUNDES
14h- 35 CTG
15h- Chula: Daniel Magnus dos Santos e Valentin Otto Magnus dos Santos
16h- Jonatan Dalmonte e Maurício Marques
17h- Charles Arce

SEXTA-FEIRA(20/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
15h- Cerimônia de Encerramento- Chama crioula 16h30- Santa Fé
17h50- Luiz Marenco
19h50- Maria Alice
21h50- Pedro Ernesto
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Coxilha Aberta
14h50- Trova: Celso Oliveira e Vitor Hugo
15h30- Declamação Silvana Andrade
16h- Darlan Ortaça
17h- Eduardo Maicá

SÁBADO(21/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
16h30- Leandro Berlesi e Buena Parceria
17h50- Pirisca Grecco
19h50- Capitão Faustino
21h50- Sandro Coelho
PALCO NICO FAGUNDES
14h- Nelcy Vargas
14h50- Festival Pôr do Sol da Canção Piá

 DOMINGO(22/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Elmer Fagundes
19h50- Eco do Minuano & Bonitinho
21h50- Grupo Tagarrado
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Porteira da Restinga
14h50- Trova: Celso Oliveira e Tetê Carvalho
15h30- Declamação Adriana Braun
16h- Cristiano Cesarino

Programação extraída do site oficial do evento 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Bioma Pampa

Saiba um pouco mais sobre o BIOMA PAMPA

Também conhecido como Campos do Sul ou Campos Sulinos, ocupa uma área de 176,5 mil Km² (cerca de 2% do território nacional) e é constituído principalmente por vegetação campestre (gramíneas, herbáceas e algumas árvores).

No Brasil, o Pampa está presente do estado do Rio Grande do Sul, ocupando 63% do território gaúcho e também territórios da Argentina e Uruguai.
Serão graves os impactos da transformação no ecossistema atual em monocultura de árvores, cujo estágio de sucessão é bem diferente.

Toda monocultura provoca um desequilíbrio ambiental, que corresponde com a diminuição de algumas espécies e aumento de outras, além de alteração nas funções ecológicas básicas do ecossistema.

Os Campos da Região Sul do Brasil são denominados como “pampa”, termo de origem indígena para “região plana”, entretanto, esta denominação corresponde somente a um dos tipos de campo, encontrado mais ao sul do Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.

Outros tipos conhecidos como campos do alto da serra são encontrados em áreas de transição com o domínio de araucárias. Em outras áreas encontram-se, ainda, campos de fisionomia semelhantes à savana.
Os campos, em geral, parecem ser formações edáficas (do próprio solo) e não climáticas. A pressão do pastoreio e os incêndios não permitem o estabelecimento da vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da área de distribuição dos Campos do Sul.

A região geomorfológica do planalto de Campanha, a maior extensão de campos do Rio Grande do Sul, é a porção mais avançada para oeste e para o sul do domínio morfoestrutural das bacias e coberturas sedimentares.

Nas áreas de contato com o arenito botucatu, ocorrem os solos podzólicos vermelho-escuros, principalmente a sudoeste de Quaraí e a sul e sudeste de Alegrete, onde se constata o fenômeno da desertificação.

O solo, em geral, de baixa fertilidade natural e bastante suscetível à erosão. À primeira vista, a vegetação campestre mostra uma aparente uniformidade, apresentando nos topos mais planos um tapete herbáceo baixo – de 60 cm a 1 m, ralo e pobre em espécies, que se torna mais denso e rico nas encostas, predominando gramíneas, compostas e leguminosas; os gêneros mais comuns são: Stipa, Piptochaetium, Aristida, Melica, Briza. Sete gêneros de cactos e bromeliáceas apresentam espécies endêmicas da região.
A mata aluvial apresenta inúmeras espécies arbóreas de interesse comercial.

Na Área de Proteção Ambiental do Rio Ibirapuitã, inserida neste bioma, ocorrem formações campestres e florestais de clima temperado, distintas de outras formações existentes no Brasil. Além disso, abriga 11 espécies de mamíferos raros ou ameaçados de extinção, ratos d’água, cevídeos e lobos, e 22 espécies de aves nesta mesma situação. Pelo menos uma espécie de peixe, cará (Gymnogeophagus sp., Família Cichlidae) é endêmica da bacia do rio Ibirapuitã.

O Pampa Gaúcho está situado no sul do Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul, na divisa com o Uruguai. O Pampa é uma região de clima temperado, com temperaturas médias de 18°C, formada por coxilhas onde se situam os campos de produção pecuária e as várzeas que se caracterizam por áreas baixas e úmidas.
A região sul tem, na pecuária, uma tradição que se iniciou com a colonização do Brasil.

Os campos no Rio Grande do Sul ocupam uma área de aproximadamente 40% da área total do estado.
O Pampa gaúcho da Campanha Meridional encontra-se dentro da área de maior proporção de campos naturais preservados do Brasil, sendo um dos ecossistemas mais importantes do mundo.

Fonte: Site do Instituto Brasileiro de Florestas

domingo, 18 de agosto de 2024

Acendimento Chama Crioula 2024

 Hoje, se encerra mais um evento de acendimento da chama crioula na cidade do Alegrete. Antes de falar sobre o evento vamos resumir para conhecimento o que é a Chama Crioula.

A Chama Crioula é um dos símbolos mais importantes do tradicionalismo gaúcho e está profundamente enraizada na cultura e na identidade do Rio Grande do Sul. Ela representa o espírito e a resistência do povo gaúcho, mantendo viva a memória da Revolução Farroupilha, que foi uma das maiores revoltas civis da história do Brasil, ocorrida entre 1835 e 1845.

Foi idealizada em 1947, no contexto do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que buscava resgatar e preservar as tradições e a cultura do povo do Rio Grande do Sul. A ideia surgiu durante o 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho, realizado na cidade de Santa Maria, um evento que reuniu jovens preocupados com a preservação da cultura gaúcha. Os idealizadores do movimento foram jovens estudantes de Porto Alegre, membros do grupo conhecido como "os Oito Sentinelas do Rio Grande", que incluía Paixão Côrtes, Cyro Dutra Ferreira e Glauco Saraiva, entre outros. Inspirados pelo desejo de reviver o espírito farroupilha, eles decidiram criar um símbolo que unisse os gaúchos em torno de sua história e tradições.

Primeira Chama Crioula

Em 7 de setembro de 1947, esses jovens retiraram uma centelha do fogo simbólico da Pátria, aceso em frente ao Palácio Piratini, e a levaram até o Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, onde foi acesa a primeira Chama Crioula. Esse ato marcou o início das comemorações da Semana Farroupilha, que celebra a Revolução Farroupilha e é um dos maiores eventos culturais do estado. Desde então, a Chama Crioula passou a ser distribuída a partir de um local simbólico escolhido anualmente, de onde cavaleiros percorrem diversas partes do estado, levando-a a todas as regiões do Rio Grande do Sul. Esse percurso é chamado de "Ronda Crioula", e simboliza a união dos gaúchos em torno de suas tradições.

Importância Cultural

Mais do que um simples fogo, a Chama Crioula representa a resistência, a bravura e o orgulho do povo gaúcho. Ela é um símbolo de fé, tradição e patriotismo, ligando o presente ao passado e mantendo viva a memória dos antepassados que lutaram pela liberdade e pela identidade do Rio Grande do Sul.

Hoje, a Chama Crioula é reverenciada em todos os rincões do estado, sendo acesa em milhares de Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e servindo como um elo entre os gaúchos e suas raízes culturais, seja no Rio Grande do Sul ou em qualquer parte do mundo onde haja um gaúcho que mantenha viva a sua tradição.

O evento em 2024

Chama Crioula foi acesa em Alegrete, dando início aos Festejos Farroupilhas 2024, sendo a 75ª Geração e Distribuição da Chama Crioula que ocorreu na noite desta sexta-feira (16) e marcou o início dos Festejos Farroupilhas 2024. Com o tema "Pampa Uma Pátria Sem Fronteiras", a cerimônia foi realizada em Alegrete, na Fronteira Oeste e marcou a primeira vez que a Chama Crioula foi gerada com a participação de três países simultaneamente. Anteriormente, em 2015, a cerimônia realizada na Colônia do Santíssimo Sacramento havia contado apenas com a presença do Brasil e Uruguai..

O evento se encerrou neste domingo (18), e contou com simpósios, shows musicais e churrasco, no Parque de Exposições Lauro Dornelles. 

A programação do acendimento foi precedida por um espetáculo teatral que apresentou a história de Alegrete e das fronteiras, destacando a formação da região e a integração dos povos que a constituem, incluindo representações do Brasil, Uruguai e Argentina. A Chama Crioula foi acesa por volta de 22h, e envolveu um monumento em forma de casa de pedras e a figura de um laçador, idealizado por Paixão Cortez. A chama, simbolizando a reconstrução e a esperança, foi acesa e colocada na pira central e contou com a presença do ex-BBB, natural de Alegrete, Matteus Amaral.

Participantes de Santa Catarina, Argentina e Uruguai também estiveram nos três dias do evento. A presença deles é "uma homenagem aos costumes e à história que unem os povos do Pampa", segundo a entidade. Após o acendimento, a Chama foi retirada por Adalberto Lima dos Santos, vice-presidente da Cavalgada do Rio Grande do Sul. Ele a transportou em seu candeeiro, onde posteriormente a pira foi apagada.

A distribuição da Chama ocorreu às 8h30min de sábado (17), a pira foi acesa novamente, mas desta vez a cavalo e começa a ser distribuída para as regiões tradicionalistas, abrangendo 30 e incluindo três regiões fora do Rio Grande do Sul: Paraná e Santa Catarina.. 

Após completar o ciclo de distribuição, todos os cavalarianos participaram da cavalgada até a Praça Nova e retornam à Zona leste. Ao término, os participantes retornam ao parque, encerrando a celebração com a entrega da chama às diversas regiões tradicionalistas, reforçando a união e a tradição da cultura gaúcha. A programação incluiu a Churrascada do Baita Chão Especial Pampa, ao meio-dia. Às 14h30min, ocorreu o simpósio de integração cultural 05 Gaúchos e Los Gauchos: A Vida no Pampa. À noite, um show com a cantora uruguaia Catherine Vergnes e baile do grupo Alma Gaudéria.

O encerramento do evento se deu no domingo, com uma mateada às 15h30min e apresentações artísticas às 16h.

O acendimento da Chama Crioula é organizado em parceria com o governo estadual, prefeitura de Alegrete e MTG.

terça-feira, 25 de junho de 2024

A música gaúcha

Conforme alguns estudos de historiadores no assunto, acredita-se que a música vem desde os habitantes seminômades da pampa, principalmente a payada.

Em um livro de João Cezimbra Jaques em 1883, há um registro de um major da Guerra do Paraguai que em meados de 1800 as danças vindas da Europa começaram a dominar  as classes altas do ambiente rural deixando de lado o antigo Fandango açoriano. No mesmo livro ele menciona polkas, schottisches, mazurkas e havaneras que perduram até hoje como xote e vaneira.

Apesar dos registros, músicos não eram citados. Sabe-se que a gaita entro no RS pelas fronteiras de Uruguai e Argentina após a guerra dos Paraguai e ganhou força com a chegada dos imigrantes italianos invadindo as danças acoimasse caracterizando os bailes gauchescos. 

Porém, os primeiros registros de gravações brasileiras de música gaúcha se dá em torno de 1911, após, Theodoro Hartlieb e Savério Leonetti montam duas gravadoras, a Casa Hartlieb e a Casa A Eléctrica. Com isso, há registros de várias gravações no ano de 1913 e mesmo que não possa se comprovar, os xotes Pisou-me no Poncho e Está de tirar lixiguana gravadas por Lúcio de Souza no acordeom e várias músicas ao som de gaita de Moysés Mandadori na mesma época.

Esta fase durou pouco e com os músicos ainda desconhecidos, já que nos anos 20 a música gauchesca pouco teve relevância e a mudança só ocorreu com o surgimento das rádios Gaúcha e Farroupilha que abriram espaço para a música regional, com programas do gênero regional e com destaque para o programa campereadas, onde, em 1939 surge o acordeonista catarinense Pedro Raymundo que organizou o Quarteto dos Tauras e quatro anos mais tarde foi contratado pela rádio Nacional do RJ e estourou o xote Adeus Mariana.

A partir daí, abrem-se os caminhos para os cantores regionais, já que Pedro Raymundo fez sucesso em nível nacional usando os trajes típicos do gaúcho, com uso de botas, bombacha, lenço, chapéu de aba larga e guaiaca. Nesse embalo surgiram a Dupla Campeira é o Conjunto Farroupilha no início dos anos 50 e em 1955 Honeyde e Adelar Bertussi surgiram com o estilo Serrano.

No final dos anos 50 a música gauchesca volta a ser minimizada e perder espaço até o surgimento em 1959 de Vítor Mateus Teixeira, o Teixeirinha e acabou se tornando um dos maiores sucessos da música gaúcha até os dias de hoje. Nos anos 60 Gildo de Freitas e José Mendes. A partir dos anos 70 a popularidade dos músicos começou gerar críticas vindas dos tradicionalistas que acusaram os músicos mais popular de estigmas a grossura distorcendo a cultura gaúcha.

Com essa rivalidade de gêneros nasce o festival Califórnia da Canção com o objetivo de renovar a música gaúcha e reciclar o cancioneiro gaúcho e daí surge o nativismo. Desde então a música gaúcha começa  com suas divisões, conhecidas por subdivisões, tendo a música tradicionalista gerida pelo MTG, a regionalista ligada a cultura popular influenciada pela indústria cultural e a nativista considerada jovem e renovadora.

A partir dos anos 70 o nativismo transforma-se em um movimento intelectual influenciado por música urbana e seus participantes com passagens pelo universo acadêmico. Mesmo com grande popularidade o nativismo não ofuscou o regionalismo e nem ficou independente do tradicionalismo como movimento cultural. Com a era dos festivais a cultura gaúcha ficou supervalorizada e surgiram vários artistas no início dos anos 80.

Nesse mesmo período a indústria fonográfica perde o interesse pelo gênero gaúcho, porém, o mercado local já é auto-sustentável e desde então há a consolidação do mercado local da música gaúcha.

Nos anos 80 ainda há a consolidação dos grupos de fandangos e bailes, como os Monarcas, Os Serranos, Grupo Rodeio entre outros. Nos aos 90 surgem o movimento dos grupos musicas que tentaram mudar a roupagem da música gáucha, os TCHÊS, eles cativara os público jovem e tentaram uma guinada na para centro do país com o movimento Tchê Music, buscando apelo comercial, abandonara a pilcha no início dos anos 2000 e depois do grande sucesso dos anos 90, quase deixaram de existir, pois, ao abandonar a pilcha, perderam a identidade e a união com produtores do centro do país que não entenderam o que era realmente a música gaúcha fez com que o Tchê Music não entrasse no centro do país e fosse deixado de lado no sul. Todos voltaram a cantar seus sucesso dos anos 90 para que pudessem ressurgir no mundo da música gaúcha novamente.

Aqui é um resumo da história da nossa música regional, grande parte das informação equi mencionadas foram retiradas de um trabalho da Revista Contemporâneos que vale a pena conferir na íntegra clicando AQUI.


domingo, 28 de abril de 2024

O Verdadeiro Gaúcho. A herança indígena - Capítulo 3

Na vastidão dos pampas, os primeiros a pisar esta terra foram os indígenas deixando sua marca na cultura do Rio Grande do Sul e no coração dos gaúchos. Seus costumes permeiam o dia a dia e as tradições do nosso povo, desde a lida campeira até o chimarrão sorvido num tranquilo recanto urbano.

Neste capitulo, não nos atemos às datas, mas sim à herança deixada pelos povos originários, que até os dias de hoje são tidos como essencialmente gaúchos. Entre as muitas etnias que se destacaram, destacamos, em primeiro plano, os Charruas e os Guaranis, cuja genética, dizem os estudiosos, permeia as veias do povo deste chão.

Os Charruas, desbravadores destas coxilhas, têm lugar de honra na forja da cultura gaúcha. Guerreiros por excelência, foram mestres na arte do fogo de chão, do churrasco e na doma do potro bravo. Ainda que escassas, as pesquisas sobre esta estirpe comprovam traços característicos charruas que perduram na figura do gaúcho tradicional.

Já os Guaranis, vindos dos rincões amazônicos até estas paragens meridionais, legaram-nos o dom da agricultura, o precioso mate, o boitatá que ilumina as noites de campo, o pala que nos protege do vento sul e o fumo que acompanha nossas tertúlias sob o céu estrelado. Assim, entrelaçados na teia do tempo, os povos originários continuam a pulsar em cada estampa de nosso ser gaúcho.

Nos confins destes campos, para além dos grupos indígenas já citados, ergueram-se os Jês e Minuanos. Mesmo ante a perseguição e embates com Jesuítas, lusitanos, espanhóis e bandeirantes, seus costumes enraizaram-se nas vastidões da pampa.

Os Charruas, senhores da caça, da coleta e da pesca, legaram-nos o manejo dos animais, conhecida como lida campeira e a destreza sobre o lombo do cavalo, o qual se fazia imprescindível no transporte. Das mãos destemidas destes guerreiros, as boleadeiras, artefato rudimentar usado para capturar o gado que eram lança em um espetáculo de perícia ancestral. E como é sabido, o churrasco, sagrado ritual após a caçada nas pradarias pampeanas, tornou-se testemunho vivo do legado charrua, onde o fogo de chão abrasava as carnes para o banquete dos valentes. Os Minuanos, irmãos de tradição, compartilhavam costumes similares aos Charruas, pois eram tidos como parte do mesmo grupo, os Pampianos.

Já os Guaranis, conhecidos também como tapes, arachane e carijó, formavam o contingente mais numeroso da região. Coletores habilidosos de moluscos, frutos erva-mate e raízes, cultivavam sobretudo o milho e a mandioca, mas também cultivavam feijão, abóbora, batata, fumo e algodão.

Neste mosaico étnico, suas contribuições ecoam não apenas nas colheitas, mas também nas expressões usadas no Rio Grande do Sul. Inclusive a expressão TCHÊ, que uma das versões diz ser originária do dialeto falado pelos índios guaranis, ecoa nas falas, trazendo consigo o eco ancestral de um povo orgulhoso. Tchê se origina de “che” significa eu, meu, ei. E era empregada no início de frases, como em: che coronel, che Juan, che Guevara, che capitán, etc. “Che coronel”, no espanhol, era o mesmo que dizer “mi coronel”.
Outras palavras, como "chasque", de origem quíchua, ou "xucro" inclusive está em nosso nome, de origem quíchua, "guri" de origem tupi e o nosso "mate" que é de origem quíchua também.

Afeitos à terra, à natureza e aos bichos, como outrora os ancestrais, os gaúchos forjam seus laços em roda de chimarrão e nas cavalgadas pelos campos. Da cultura indígena, herdam não só o amargo sabor do mate, mas também a cuca, o consumo do pinhão, a arte de se reunir em torno do fogo e a técnica de cozinhar sobre a folha da bananeira.

Jamais se pode ignorar a presença indígena quando se fala da essência gaúcha. Emaranhadas estão suas histórias, entrelaçados seus destinos. Assim, é nosso dever honrar e respeitar aqueles que forjaram os alicerces de nossa identidade, seja o espanhol, o indígena ou o africano.

Fonte: o texto é uma interpretação pessoal de vários textos na internet de instituições sérias com embasamento histórico


Confira os episódios anteriores:

Capítulo 1Capítulo 2

domingo, 15 de julho de 2018

Vencedores dos festivais de Junho

Buenas gauchada entreverada deste xucrismo virtual, atrasadito segue a relação dos vencedores dos festivais de junho, que por sinal foi bem tranquilo.

Lembramos que fizemos nossa consulta no Blog Ronda dos Festivais e se quiser saber notícias mais
aprofundadas, clique no link e confira:

7º Manancial Missioneiro - Bossoroca/RS

Ocorrido nos dias 28, 29 e 30 de junho, teve os seguintes vencedores.

1º Lugar: DE ROSAS, MARIAS E ANITAS
Gênero: Chacarera
Letra: Kauanny Klein
Melodia: Kauanny Klein
Interpretação: Kauanny Klein

2º Lugar: QUANDO O FRIO DA ALMA RESFRIA A GENTE
Gênero: Canção
Letra: João Antunes
Melodia: André Canterle
Interpretação: André Canterle


3º Lugar: O INTERIOR QUE HÁ EM MIM
Gênero: Milonga
Letra: Luis Rosado
Melodia: Leonardo Charrua
Interpretação: Leonardo Charrua

Destaque Intérprete: André Canterle - uando o Frio da Alma Resfria a Gente

Destaques Instrumentista: Letusa Moraes (Gaita Botoneira) – De Rosas, Marias e Anitas

Destaque Letrista/Poeta: Kauanny Klein - De Rosa Marias e Anitas

Mais Popular: De Rosas, Marias e Anitas
Letra: Kauanny Klein
Melodia: Kauanny Klein
Interpretação: Kauanny Klein

33º Carijo da Canção Gaúcha - Palmeira das Missões/RS

Um dos mais importantes festivais do Rio Grande do Sul, realizado nos dias 31/05 a 03/06 com os seguintes vencedores:

1º Lugar: O PRIMEIRO E O ÚLTIMO MATELetra: Rodrigo Bauer
Melodia: Vantuir Cáceres
Interpretação: Nilton Ferreira

2º Lugar: A VIDA EM PRETO E BRANCO
Letra: Tulio Souza
Melodia: Arison Martins
Interpretação: Arison Martins, Emerson Martins, Jean Kirchoff e Lu Schiavo

3º Lugar: O NOSSO LEGADO
Letra: Marcelo Paz Carvalho/Zé Renato Daudt
Melodia: Marcelinho Carvalho
Interpretação: Juliano Moreno

Melhor Intérprete: MIGUEL MARQUES - E Pensavas Tu (Rômulo Chaves/Régis Reis/Jean Kirchoff)

Melhor Instrumentista: GUSTAVO BRODINHO - Contrabaixo - Renascendo a Cada Dia

Melhor Arranjo Instrumental: O NOSSO LEGADO

Melhor Arranjo Vocal: A VIDA EM PRETO E BRANCO

Melhor Trabalho Poético (Letra): O PRIMEIRO E O ÚLTIMO MATE - Rodrigo Bauer

Melhor Tema Palmeira das Missões: BATALHA DA RAMADA
Autores: Claudio Reinke/Eduardo Maycá
Interpretação: Eduardo Maycá

Melhor Tema Ecológico: FORTUNA
Autores: Paulo Ozório Lemes/Robson Garcia
Interpretação: Robson Garcia

Melhor Tema Erva-Mate: NA SAFRA DA ERVA
Autores: Paulo Vicente/Fabiano Cestari
Interpretação: Fabiano Cestari

Mais Popular: VANEIRITA
Autores: Rafael Ferreira/Maicon Oliveira
Interpretação: Daniel Silva

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Prêmio Destaque dos Festivais do Blog Ronda dos Festivais

No dia 29 de março, ocorreu a entrega dos troféus aos Destaques dos Festivais 2017. Iniciativa, realizada há 17 anos pelo comunicador e administrador do site Ronda dos Festivais, Jairo Reis, onde, concede o prêmio, aos que se destacam a cada ano nos palcos dos festivais de música nativista e de poesia regional gaúcha.

Lembramos aos amigos que o blog Ronda dos Festivais é a base de nossa consulta para a cada final de mês colocarmos aqui o resumo dos vencedores dos festivais do Rio Grande do Sul, por isso é com grande satisfação que divulgamos aqui os vencedores desta nobre iniciativa.

A premiação teve na comissão avaliadora, grandes nomes dos meios radiofônico, nativista e regional gaúcho, Giovani Grizotti, Ibaldo Pedra, Jaime Ribeiro, Léo Ribeiro, Loresoni Barbosa e Odilon Ramos. 

Confira os vencedores:
Poeta com Mais Primeiros Lugares: Carlos Omar Villela Gomes

Melhor Declamadora: Liliana Cardoso

Melhor Declamador: Érico Padilha

Melhor Amadrinhador: Douglas Mendes

Declamador com Mais Premiações:Neiton Peruffo

Poeta com Mais Premiações:Carlos Omar Villela Gomes

Poesia do Ano: “O Lobo”, de Rodrigo Bauer.

Autor Com Mais Vitórias: André Teixeira

Melhor Intérprete Masculino: Lincon Ramos

Melhor Intérprete Feminina: Maria Helena Anversa

Melhor Instrumentista: Marcelinho Carvalho

Melhor Letrista: Rodrigo Bauer

Melhor Melodista: Juliano Gomes

Intérprete Com Mais Primeiros Lugares: Ita Cunha

Autor Com Mais Premiações: André Teixeira

Música do Ano: 
O Silêncio e a Campereada, de autoria de Sérgio Carvalho Pereira, André Teixeira e Ricardo Comasseto, interpretada por Luiz Marenco, na 25ª Sapecada da Canção Nativa, da cidade de Lages/SC: 

Fonte: http://rondadosfestivais.blogspot.com.br/

domingo, 25 de março de 2018

Melhores do Ano em 2017

Buenas gauchada, essa semana aconteceu um baile beneficiente no CTG Amigos da Tradição, de Santa Maria do Herval, em benefício da nova pediatria do Hospital São José, de Dois Irmãos, com os escolhidos como melhores do ano. Prêmio este concedido através de uma votação no Portal G1/rs e pelo Blog Repórter Farroupilha do Giovani Grizotti, repórter investigativo e ferrenho defensor de nossa cultura.

Conforme informado no blog Repórter Farroupilha, o baile iniciou com uma trova de Tetê Carvalho e Volnei Corrêa, e contou com a apresentação de Renato Borguetti e sua Fábrica de Gaiteiros, que fez parte do show Ópera Gaúcha, escolhido o melhor de 2017. Ainda Thomas Machado (melhor clipe), João Luiz Corrêa & Grupo Campeirismo (melhor grupo de 2017) e Os Mateadores (intérprete da melhor música do ano passado, composta por Diego Machado, Nilton Ferreira e Mário Amaral).

Confira abaixo os vencedores:

Melhor música: Flor Baguala, de Nilton Ferreira, Jairo Veloso, Mario Amaral e Diego Machado
Intérprete: Os Mateadores

Melhor música de festival: Lua linda, lua clara, de Márcio Nunes Corrêa
Intérprete: Joca Martins

Melhor cantor: Jean Kirchoff

Melhor cantora: Analise Severo

Melhor grupo de baile: João Luiz Corrêa e Grupo Campeirismo

Melhor gaiteiro/ instrumentista: Ricardo Comasseto

Melhor compositor: André Teixeira

Melhor clipe: Céu, sol, sul, Thomas Machado e Gaúcho da Fronteira.

Melhor CD: Meu tempo, meu canto, Quarteto Coração de Potro,

Melhor DVD: Desgarrados – Chico Saratt e Mário Barbara

Melhor projeto/ show: Ópera gaúcha (com Elton Saldanha, Joca Martins, Renato Borguetti, Luiz Marenco e outros)

Revelação: Giovanna Vedovi

Fonte: Blog Repórter Farroupilha

domingo, 5 de novembro de 2017

Momento da Poesia Gaúcha - Chimarrão

Buenas entreverados deste pago virtual, hoje na nossa seção de poesia do blog, trago uma poesia marcante para mim e para muito talvez, pois, esta poesia de Glaucus Saraiva vem desde muito tempo estampada em térmicas de muitos mates do rincão e muitas vezes como tema de fundo em propagandas de erva mate, e isso marcou a minha infância e hoje neste domingão de começo de novembro o blog traz a todos a poesia Chimarrão de Glaucus Saraiva.


Chimarrão

Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança, 
Neste teu sabor selvagem, 
A mística beberagem, 
Do feiticeiro charrua, 
E o perfil da lança nua, 
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha, 
Por onde rolou a história, 
Empoeirada de glórias, 
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos, 
Ao ronco do teu findar, 
Ouço um potro a corcovear, 
Na imensidão deste pampa, 
E em minha mente se estampa, 
Reboando nos confins , 
A voz febril dos clarins, 
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar, 
Apertando o lábio, assim, 
Que o amargo está no fim, 
E a seiva forte que eu sinto, 
É o sangue de trinta e cinco, 
Que volta verde pra mim.

Glaucus Saraiva

Veja outras em:

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Momento da Poesia Gaúcha - Tradição

Buenas gauchada, mais uma da série Momento da Poesia Gaúcha, agora outra autoral que, quem sabe um dia saia em livro, mas, por enquanto vamos publicando aqui no xucrismo da internet.

Confiram e avaliem:

TRADIÇÃO

Nasci neste solo gaúcho
E tenho orgulho desta estampa
Guapo, criado no pampa
Conservador das tradições
Passando às futuras gerações
Deste Rio Grande crioulo
Guardando este tesouro
Dentro de nossos corações.

Este tesouro de tradição
Tem a alma caudilha
Desde a época farroupilha
Fincada na pampa sulina
Ergueu e defendeu sua sina
De mostrar ao mundo nossa cultura
Esbravejando a nossa bravura
Contra esta gente “malina”.

A tradição é uma chama
Que nunca vai se apagar
E a tendência é aumentar
Pois, sempre haverá um gaúcho
Que não precisa de luxo
Pra conservar os costumes
Fazendo com que se difunde
O grito do povo gaúcho.

Tradição é a nossa identidade
O churrasco e o chimarrão
No campo a lida com a criação
A arte do gaúcho campeiro
Devoto do negro do pastoreio.
Também é a festa da gauchada
A piazada na invernada
E os sonhos do velho tropeiro

Tradição é cantar nosso hino
Respeitar o pavilhão tricolor
Defender o Rio Grande com fervor
Como se fosse um soldado farrapo
Que defendeu lá no passado
Deu o sangue por sua querência
Fincando na memória sua existência
Para hoje com orgulho ser lembrado

Tradição é o nosso canto
Do puro tradicionalismo
Cantando nosso regionalismo
E o orgulho do nosso chão
São as memórias que trago no coração
Que agora passo pro piazito
Que sendo ou não sendo bonito
É o canto da gente deste torrão

Tradição é o próprio torrão sulino
No garrão desta querência
Também da prendinha a essência
Do amor por esta terra
O guri, um pequeno qüera
Que usa bota e bombacha
Às vezes até acho graça
Pois, me vejo bem como eu era

Tradição é tudo isso
E até mais um pouco
Pode me chamar de louco
Por amar tanto um pedaço de terra
E se for preciso faço guerra
Para este sentimento não acabar
E a nossa tradição continuar.
A se perpetuar na nossa terra.

Por: Rodrigo Silva

Confira mais poesias em:

sábado, 14 de janeiro de 2017

E abriu cancha para 2017

Buenas gauchada amiga destes pagos pampeanos, e se veio 2017, sabendo que os tempos são difíceis hoje em dia, e que 2016 foi um ano pesado, entramos 2017 com ares esperançosos e na certeza que iniciamos mais um ciclo de peleia em defesa de nossa cultura, vamos lutar para que 2017 venha nos encher de sabedoria para lidar com as dificuldades que certamente nos atropelaram como um touro xucro encurralado na mangueira.

Y como nós do Blog Entrevero Xucro estamos aqui neste xucrismo da internet visando exclusivamente defender e difundir nossa cultura gaúcha na essência que vem se perdendo com o passar dos anos, vamos seguir sempre tocando a mesma tecla, de que não devemos nos afrouxar para culturas externas, devemos sim respeitar as que devem ser respeitadas, como cada povo tem a sua cultura e a defende como nós eles merecem todo o nosso respeito.

O que não podemos permitir são culturas invasoras que desvirtuam jovens e crianças, fazendo com que se afastem do que é saudável e moral, não me atento somente a cultura gaúcha, pois, certamente a cultura do norte e nordeste deve estar sofrendo da mesma forma que a nossa.

Com tudo isso estamos entrando neste ano de 2017 como um sentinela caudilho em prontidão para defender nossa cultura pampeana e passar a mensagem que devemos separar o que é cultura gaúcha original do nosso pampa, aquela que é herança platina de nossos hermanos e não se achicar para culturas que querer impor como originais do gaúcho, vamos nos proteger também contra os estrangeirismos que tomam conta das mídias e que tentam se perpetuar em nossos lares fazendo com que nossos filhos se tornem refém desse tipo de coisa.

Sei que há outras coisas que adentram em nossas residencia e nas escolas, mas, esses estilos musicais que propagam baixaria e falta de respeito eu prefiro nem citar por aqui.

Gaúchos, gaúchas, demais simpatizantes dos nossos costumes regionais, vamos tomar pra si a cultura regional do nosso pampa, vamos nos irmanar com os povos de mesmo ideal, já que há culturas gaúchas no Chile, Uruguay e Argentina. Vamos defender e propagar a todos os povos que nossa cultura ainda está viva e que seus povos ainda preservam e muito bem ela.

Que todos os leitores entrem 2017 amadrinhados pela proteção divina do patrão maior da querência dos céus, e que seja um baita 2017.

Este é um desejo de todos do BLOG ENTREVERO XUCRO

domingo, 20 de novembro de 2016

Grelhas Castelhanas - Conhecendo um pouco a cultura do Pampa

Buenas gauchada amiga, como todos devem saber, sou um atuante defensor da cultura do pampa sul americano e prezo a preservação e integração da nossa cultura Riograndense com a argentina e uruguaya. (conheça um pouco do pampa).
Hoje vamos charlar um pouquito das grelhas uruguayas e argentinas onde são feitas as parrillas, um típico churrasco de nossos hermanos de cultura y como sou um apreciador de churrasco trago esse instrumento imprescindível para uma boa parrilla.

A grelha nada mais é que dois espetos em paralelo distante uma certa distancia e unidos por ferros, onde em seu interior há outros ferros em paralelo, que podem ser cantoneiras para segurar o suco e o tempero da carne. A mais simples é essa, que já serve para fazer um assado uruguayo de primeira.

Imagem da internet
Há também as mais elaboradas que exigem um pouco mais de investimento, pois são mais sofisticadas e já contam com um sistema de ajuste de altura, pois, para facilitar a lida do assado, elas ficam inclinadas, além do mais, existem modelos que trazem o compartimento para fazer o fogo, e posteriormente o arraste da brasa, pois, a parrilla é feita em brasa, mas, isso é assunto para outro reponte da internet.
Confira o modelo que engloba os mais sofisticados
Imagem da internet
Leia aqui também um pouco sobre o Gaúcho Uruguayo, uma visão do gaúcho pela ótica do povo uruguayo.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Resultado Expocanto, Canto dos Ervais e Canto Galponeiro

Confira os vencedores dos festivais de Palmeira das Missões, Passo Fundo, onde o de Passo Fundo foi sua primeira edição.

8º EXPOCANTO - Arroio Grande

Ocorrido de 28/10 a 30/10, e o resultado, ainda incompleto, é o seguinte:

1° LUGAR: VIEJITO
Letra: Evair Gomez
Melodia: Juliano Gomes
Interpretação: André Teixeira

2° LUGAR: CLARA
Letra: Felipe Bacchieri/Fabiano Bacchieri/Helvio Casalinho
Melodia: Marcio Corrêa
Interpretação: Fabiano Bacchieri

3° LUGAR: YAGUARETÉ
Letra: Guilherme Collares
Melodia: Edilberto Bérgamo
Interpretação: Edilberto Bérgamo

MELHOR TEMA CAMPEIRO: TARDEZINHA
Letra: Francisco Brasil
Melodia: Kiko Goulart
Interpretação: Kiko Goulart

MAIS POPULAR: LIDA DE BAILE
Letra: Anibal Silveira
Melodia: Anibal Silveira
Interpretação: Gregory Santos


MELHOR LETRA: Serei eu
MELHOR ARRANJO: Yaguareté
MELHOR INTÉRPRETE: EDILBERTO BÉRGAMO - Yaguareté
MELHOR INSTRUMENTISTA: Pedro Terra - Contrabaixo - Viejito
MELHOR POESIA: SEREI EU - Adriano Alves
MELHOR MELODIA: VIEJITO - Juliano Gomes


13º CANTO DOS ERVAIS - Palmeira das Missões

Festival de intérpretes infanto-juvenis, aconteceu no dia 15 de outubro, no CTG Sinuelo da Querência.
Categoria Mirim:

1° Lugar: Anna Laura Cornel
Música: O Muro

2° Lugar: Luís Arthur Souza
Música: O Espelho

3° Lugar: Murilo Vargas
Música: Veterano

Revelação: Giovanna Barbieri
Música: Vira Virou

Melhor Instrumentista: Cássio Castilhos
Instrumento: Violão

Categoria Juvenil:
1° Lugar: Nicole Carrion
Música: Grão Após Grão

2° Lugar: Kristopher Pires
Música: A Morena e o Rio

3° Lugar: Giovanna Cavalheiro
Música: O Arco e a Flecha

Revelação: Gabriel Fortes
Música: Quando o Céu Chora Saudade
Melhor Instrumentista: Eduardo Morlin
Instrumento: Violino

1º CANTO GALPONEIRO - Passo Fundo

No domingo, 09/10, aconteceu 1º Canto Galponeiro, festival que recoloca a cidade de Passo Fundo no cenário dos festivais nativistas do Rio Grande do Sul.

1° Lugar: Galponeiro
Ritmo: Chamarra
Letra: Érlon Péricles
Melodia: Érlon Péricles/Guilherme Castilhos
Interpretação: Ita Cunha

2° Lugar: A Gaitinha Botoneira
Ritmo: Vaneira
Letra: Adams Cezar
Melodia: Adams Cezar
Interpretação: Adams Cezar

3° Lugar: Pra Quem Não Escolhe Serviço
Ritmo: Chamarra
Letra: Rômulo Chaves
Melodia: Nilton Ferreira
Interpretação: Nilton Ferreira

Mais Popular: Carreiradas
Ritmo: Vaneira
Letra: José Florenal da Silva
Melodia: José Florenal da Silva
Interpretação: Clóvis Mendes e José Florenal da Silva

Melhor Intérprete: Ita Cunha - Galponeiro

Melhor Gaiteiro: Ricardo Comasseto - Orgulho de um Peão Campeiro

Melhor Instrumentista: Guilherme Castilhos - Violão – Galponeiro

Melhor Letra: Seu Outono, Quase Inverno - Leonardo Quadros

Fonte: Ronda dos Festivais

domingo, 9 de outubro de 2016

Hoje a pauta é Separatismo

Buenas gauchada, hoje o assunto é separatismo, esta pauta esteve presente no dia 1° de outubro com o Plebiscito do Movimento o Sul é o meu País, eu sou a favor de separa os estados, mas é minha opinião, e mesmo que vejo alguns compatriotas Riograndenses contra, eu sou a favor do Sul, e depois desmembrar os 3 estados, e que isso se estendesse ao restante das regiões.

Como apoiador dessas causas, transcrevo textos bem elaborados visto em páginas na internet (facebook) com o qual vale a pena refletir.

O primeiro foi uma indicação do Amigo Marco Chaves, o segundo da página Movimento República de Santa Catarina, o terceiro da página Independentismo Gaúcho e o quarto no link abaixo:


1° texto - Fala um pouco da nossa cultura não ser igual:

A cultura do poder aquisitivo, que torna viável a ficção que o homem é obrigado a viver, é que efetivamente dá as regras.
A verdadeira cultura que desenvolvíamos como parte integrante do viver da vida, agora nos é escolhida.
Perdemos a espontaneidade e seguimos o pré-estabelecido para socialmente sermos aceitos. Como explicar o sertanejo em centros urbanos muito distantes dos rurais?
O Velho Rio Grande não é exceção. A urbanização e a globalização trocaram o canto do gaúcho. Culturalmente globalizadas, as crianças daqui pulam fogueira. Conduzidas por educandários, que, por interesses ou total ignorância, esqueceram de como o homem se forma e cria raízes, podendo ser identificado geograficamente. Não apenas as escolas cultuam erroneamente assim como os empresários, que como com as crianças nas escolas, impõe condições de ridicularizar a sua mão de obra, os forçando a vestirem-se de perfeitos idiotas, em todas as épocas em que o apelo comercial supera, o respeito e o conhecimento de onde viemos.
Não sabem as autoridades que a cultura brota dos sentidos, das necessidades e sentimentos, quando se faz parte de um mundo isento de ideologia.
No meu Velho Rio Grande as culturas alienígenas encontraram terreno fértil, com características singulares o autêntico Gaúcho é um ser em extinção. Dominado pelo poder econômico e por uma imprensa vil, subjetiva e subalterna, transforma e subjuga essa espécie de homem, com a limitação de seus horizontes e do seu modo de vida.
Montado no sentimento de saudade, parafraseando meu amigo Eron Vaz Mattos, ainda , De Rédeas na Mão , eu e Afonso Celso Medeiros Leal Leal, em respeito aos ouvintes do Clube Rural, um ano após o seu encerramento, depois de 16 anos nas madrugadas da Frontera escrevemos a quatro mãos este texto, e anexamos a reportagem realizada pelo amigo Mariano Augusto com o saudoso Don Átila Sá Siqueira, falando sobre temas que de uma forma ou outra reponta o que vivemos de caos cultural e de falta do efetivo reconhecimento de quem somos,evidentemente com a devida liberação do arquivo de áudio da Rádio Difusora de Bagé a qual agradecemos ao amigo João Vicente Gallo.
Não deveríamos conhecer o Mickey antes das ruinas de São Miguel.
Não confundam "união de pessoas" com "união de Estados". Unir as pessoas é um conceito que não tem nada a ver com fazer parte da mesma unidade administrativa. Um exemplo é o nosso verão catarinense. Quando recebemos argentinos, uruguayos e paraguayos na temporada, já estamos vivendo em uma comunidade unida de pessoas. O fato de possuirmos, cada um, suas próprias leis e suas repectivas unidades administrativas não significa que somos desunidos, significa que nos respeitamos nas nossas diferenças, e sabemos que culturas diferentes precisam de administrações e legislações diferentes.

2° Texto

O Brasil é uma insanidade. São 200 milhões de pessoas espalhadas por um território equivalente a toda Europa ocidental, Europa oriental, e um pouco do oriente médio, tentando admistrar, com as mesmas leis e o mesmo governo, regiões com diferenças socio-econômicas e culturais gigantescas. Isso nada mais é do que uma insanidade mental, fruto da repressão autoritária do poder central que assassinou os milhares de separatistas do século 19 e 20 que apenas lutavam por um governo menor, que expressasse melhor o estilo de vida e as necessidades daquela região. Quando você se posiciona a favor da União e contra os movimentos separatistas, você está convalidando os crimes cometidos pelo Estado brasileiro no passado.

Existem pessoas que dizem que quanto mais secessão, mais Estado temos, pois são mais unidades administrativas. Pare um pouco pra pensar e você perceberá o nível de insanidade dessa frase. É a mesma coisa que dizer que se a gente pegar uma toalha e dividir por 4, teremos mais toalha. A quantidade de toalha continua a mesma, a diferença é que 4 pessoas diferentes poderão usá-la ao mesmo tempo, um pedaço menor, claro, ao invés de ficarem todos os 4 degladiando sobre quem que vai ter a posse da toalha. Se nesse exato momento extinguíssemos a União e o Congresso Nacional, e transformássemos os governadores dos estados em presidentes e as Assembleias Legislativas em congressos nacionais, poderíamos dizer que há mais Estado? Isso não tem o mínimo de sentido. Faz muito mais sentido dizer que, agora, regiões com características sócio-econômicas e culturais completamente diferentes poderão tomar suas próprias decisões, e poderão governar com mais Estado ou menos Estado, a depender das suas respectivas necessidades.

Cuidado com a falsa lógica dos defensores da União. Eles estão tentando te enrolar, pois o objetivo deles é chegar até algum órgão da União e viver às custas do seu dinheiro. Regiões com culturas e características sócio-econômicas diferentes precisam de administrações e legislações diferentes. Defenda a independência do seu estado!

3° Texto

Sempre houve uma preocupação por parte do governo central em garantir o Rio Grande como brasileiro, excluindo-se todas as conexões culturais possíveis com a região platina (de onde provém nossa cultura).
Até hoje, é possível dizer que a maioria dos gaúchos acredita piamente que "gaúcho" é quem nasce no RS, e que a cultura gaúcha é só uma parte meio estranha da cultura brasileira.
Muitos ainda, acreditam na propaganda do MTG e seus CTG's, a qual prega que o estereótipo gaúcho surgiu com os generais e homens de guerra, conquistadores do território rio-grandense em nome da Coroa Portuguesa.
Poucos intelectuais rio-grandenses pararam para estudar a cultura do peão humilde, dos gaúchos primitivos, mescla bem sul-americana de povos ibéricos com nativos do Novo Mundo. Aquele mestiço original, oprimido em recrutamentos forçados pelas duas potências europeias interessadas em garantir acesso ao estuário do Prata.
Isso, a "historiografia oficial" não conta, porque os livros de História costumam mostrar somente o lado do vencedor. No nosso caso, a cultura do rico estancieiro, do oficial militar, agraciados pela Corte, e não a do povo rio-grandense. Por outro paradigma, a cultura regional do ponto de vista do Império Brasileiro, em detrimento da visão cultural do povo da própria República Rio-Grandense.
Daí, não é de admirar que uma pesquisa genética que demonstre a ancestralidade dominante nos gaúchos cause tanta estranheza. Pois a maioria dos gaúchos, diferentemente de todos os estados brasileiros, descende predominantemente de espanhóis por linha paterna, e de indígenas charruanas por linha materna. Isso mesmo! E temos orgulho disso! É o achismo da antropologia brasileira sendo desvelado como ideologizado pela própria ciência!
Somos doutrinados desde crianças, a crer que os gaúchos são o resultado de infindáveis guerras contra os castelhanos, sendo portanto, portugueses. A lavagem cerebral "anti-castelhana" é tamanha, que não raras opiniões em cidades da nossa fronteira consideram o uruguaio ou argentino algo como uma "raça" inferior. Depois de tanto tempo, não será fácil mudar isso.
Mas, para a suprema infelicidade desses exploradores, nem assim as profundas raízes separatistas morreram por aqui. Resgataremos nossa história esquecida! Não cairemos mais no embuste da mídia sudestina, que opõe brasileiros a argentinos em uma tentativa de lucrar no esporte, mas que acaba por nos alijar ainda mais de nossas raízes. Uruguaios e argentinos são nossos irmãos culturais. A cultura deles e a nossa se desenvolveram mais ou menos de forma independente, desde o fechamento definitivo das fronteiras - mas, ainda assim, temos mais semelhanças do que diferenças.
Resgatemos, outrossim, a história de nossos nativos esquecidos. O charrúa, o munuano, o guenoa, o guarani. Somos menos distantes deles do que pode parecer.

O independentismo é o único caminho.

sábado, 10 de setembro de 2016

Uma breve charla - Vida e Morte da nossa cultura

Uma destas semanas que passou, fazendo o reponte diário no facebook me deparei com uma postagem que me entristeceu, o cantor nativista Ita Cunha coloca uma explanação sobre um programa de música gaúcha que encerra suas atividades, e o "motivo"? A rádio alega que as músicas solicitadas pela audiência não tem apelo comercial, pois, são nativistas e meio paradas. Pra mim isso é um absurdo, pois, hoje em dia vivemos em uma batalha constante pela preservação dos costumes do RS.
E quanto ao apelo comercial, vejo os eventos nativistas que vou, há uma grande presença do público, sendo este público pilchado ou não. Isso significa que, mesmo que a pessoa não tenha o costume do uso do nosso traje tipico, ela não abre mão do seu chimarrão e de escutar um buena música nativista, sendo ela falando de campo ou de sua prenda.
Acrescento mais ainda, como experiência própria, o público desse gênero, além, de apreciador é grande consumidor de nativismo, tanto a literatura, quando a mídia musical.
Baseado nisso, vejo novamente um certo preconceito pelo nossa música da terra, pois, estamos sendo invadidos pelo "estrangeirismo" e vendo nossos jovem consumirem uma pseudo cultura do Brasil e de outros países do exterior, e a música nativista não é mais moda, é um fato consolidado, que faz parte de uma cultura que tem seu berço na região do prata, tanto uruguayo, quanto argentino.
Hoje, precisamos unir forças contra as agressões culturais que nos agridem diariamente e tentam sorrateiramente desviar nossos jovem.
Cultura não é para ser regrada e sim preservada, e o culto aos nossos costumes começou na década de cinquenta como todos sabem, porém, nos últimos anos ela vem sendo um pouco deturpada e a maioria somente lembra das tradições gaúchas setembro e isso é grave.
Além desse exemplo que o Ita Cunha citou, aqui na região serrana também já aconteceu um fato parecido, onde a rádio Oi FM de Bento Gonçalves deixou de apresentar o programa tradicionalistas das 17hs e como ouvinte reclamei, a resposta foi que faz parte da mudança na rádio.
Então meus amigos, não seja gaúcho apenas em setembro, prestigiem os músicos da nossa terra, nosso estado, de nossa região. Compre o trabalho dos músicos daqui, vamos valorizar nossa cultura e nossos costumes.
A tradição do pampa, a tradição gaúcha, a verdadeira tradição,  está morrendo e quem está tentando salvá -la está só, que são os cantores e músicos que sobem num palco defendendo a tradição Nativa, a milonga, o chamamé. Há 5 anos venho mantendo este meio de comunicação e me empenhando em divulgar nossa cultura, respeitando as demais. Não trago muitas noticias devido a correria do dia dia, mas, tento de todas as formas levar um pouquito do Rio Grande para os demais rincões, tento mostrar que a cultura e os costumes do nosso Rio Grande não é somente a bombacha e a exaltação à revolução farroupilha, é um conjunto de culturas que se somaram no tropear de séculos, os anos e anos atras os espanhóis, os portugueses, os índios e os castelhanos agregaram suas peculiaridades e se formou o GAÚCHO, o gaúcho do pampa, o Riograndense, o Uruguayo e o Argentino. Sim, estamos irmanados com os castelhanos, lá o gaúcho é respeitado mais que aqui, onde nos intitulamos gaúcho.
Precisamos rever nossa maneira de ser gaúcho para que a nossa cultura não morra, para que nossos netos no futuro nem saibam o porque eles tomam chimarrão, para que não digam: - eu tomo porque meu avô tomava.
Gaúcho e gaúchas, nascidos ou não no Rio Grande, vamos exaltar nos tradições sem menosprezar a dos outros, vamos ser gaúcho sem desrespeitar os que não são e aos que acham nosso gauchismo uma borragem, vamos mostrar o lado bom de ser gaúcho e acima de tudo mostrar o porque somos assim, de onde saiu esse nosso "jeito bem bagual", para que possamos ser compreendidos e respeitados por todos, e quem sabe aquele que não é gaúcho queira ser, aquele que era porque achava que estava na moda, seja porque acredita e respeita sua cultura e aquele que já acreditava e defendia sinta-se realizado e motivado para não deixar a nosso cultura morrer.

sábado, 13 de agosto de 2016

Momento da Poesia Gaúcha - Romance do Injustiçado



Hoje o blog traz a poesia de Aparício Silva Rillo, um dos mestres gaúchos da poesia.

Romance do Injustiçado 

Como talhado em pau-ferro, 
o carão de traços duros,
o bigodão mal cuidado
desabando sobre os lábios;
par de asas mui cansadas
de um avejão de cor negra.
Melena de muitos meses,
sobrando por sobre a gola
e o colorado de um lenço,
sangrando em riba do peito.

A bombacha de dois panos,
remangada sobre a bota. 
Os cravos da espora grande
mordendo a franja do pala,
bem atirado pra trás.
No fivelão da guaiaca,
luzindo em campo de prata,
o louro das iniciais.

Sobrando da faixa negra
que lhe abarcava a cintura,
o cabo entalhado em chifre 
da xerenga de dois palmos.
Um relho, trança de oito,
vinha arrastando a açoiteira
dependurado no pulso
pelo tento do fiel.

Pela rédea, o azulego, 
se via que flor de flete
malgrado a estampa judiada 
de pingo que muito andou.
Foi assim que há muitos anos 
bateu nas casas da estância
o celebrado bandido
chamado “Estácio Arijo”.

Bandido para a justiça,
por seu respeito se explique,
que as razões de um índio macho 
nem sempre são bem aceitas 
pelos códigos e leis.

Bandido por ter sangrado,
igual de raiva e de armas
a um cujo que desonrara 
a mais moça das irmãs.

Bandido, porque apertado 
entre as brigadas e a enchente, 
já não podendo escapar 
por debaixo da fumaça, 
matou um dos quatro praças 
que lo quiseram carnear.

Bandido, porque seguido 
por milicadas sequiosas 
de uma vingança total, 
fugiu da estrada real 
para o mais fundo dos matos,
carneando chibos alheios 
para o churrasco sem sal.

Bandido, porque enleado 
na rudez da ignorância, 
fez da fuga e da distância 
seu modo de mal viver; 
porque quis a sina ingrata, 
que nunca tivesse plata 
para pagar um bacharel.

Bandido, porque não teve, 
a exemplo de tanta gente, 
cancha livre, costas quentes, 
à sombra de um coronel.

E assim viveu como bicho, 
pelos fundões das fazendas, 
a carregar a legenda 
de perigoso e assassino, 
ximbo, bagual, teatino, 
com fama de touro alçado, 
tragando o duro guisado 
que lhe picava o destino.

N’algum bolicho de estrada 
boleava a perna cestroso,
pelos domingos de tarde.
Para um cantil de cachaça, 
meio quilo de bolacha 
mais um punhado de sal.

Olhava de olhos compridos 
para o mais das prateleiras, 
pra um bom fumo amarelinho, 
pros maços de palha buena, 
para a erva de palmeira, 
num saco sobre o balcão.
Mas vinha curto seu cobre, 
mal e mal traz precisão; 
o bolicheiro era pobre, 
e ele não era ladrão.

E a polícia no seu rastro, 
malgrado o tempo passado, 
perseguido e acuado 
por plainos e socavões, 
sempre mudando de pouso 
pra confundir os milicos, 
que em manhas sim, era rico, 
por evidentes razões.

Cansou-se um dia, afinal, 
daquela vida de bicho, 
daquele estranho cambicho 
com as más volteadas da sorte,
de não ter rumo nem norte, 
não ter descanso ou sossego. 

E assim bateu cá na estância, 
naquele entono de taita 
que manda parar a gaita 
por ter cansado do baile. 
E ao patrão, velho Boerana, 
pediu Estácio Arijo 
que mandasse algum chirú
levar ao povo um recado:
que viesse o delegado, 
que ele afinal resolvera: 
ele, o bandido; ele, o maula, 
trocar o largo dos campos
pelo encolhido das jaulas.

Nas suas noites de insônia, 
entre um pelego e as estrelas, 
conseguira convencer-se 
que, sendo justa, a justiça 
lhe entenderia as razões 
e lhe daria, a lo muito,
poucos anos de condena 
ou mesmo absolvição.

Foi então, que a meia tarde,
num fordecão atochado, 
deu na estância o delegado 
com quatro praças por quebra 
para formar o sarilho: 
quatro fuzis embalados, 
quatro dedos no gatilho.

Então ... Estácio Arijo
tomou seu último mate, 
no mesmo entono de guapo
que era seu jeito de sempre,
arrastou a espora grande 
na direção dos milicos.

- Nem mais um passo! 
gritou-lhe num gritinho de falsete, 
o delegado, um joguete 
nas mãos do chefe local.
- Levante as mãos! 
- Largue as armas! 
- Esteje preso, seu bandido, 
seu metedor de pendenga!

E o Arijo, decidido 
a entregar-se sem briga,
levou a mão à barriga 
para descartar a xerenga.

- Cuidado! Berrou um praça.
Tremeram cinco covardes; 
e na calma desta tarde 
berraram quatro fuzis, 
quatro sóis de fumo e sangue 
se lhe acenderam no peito.

Foi desabando aos pouquitos 
de frente para os milicos, 
no jeito de um velho angico 
caído junto às macegas 
que lhe envejavam o entono.

E já quase adormecendo 
para o derradeiro sono, 
quatro vezes mal ferido, 
teve ainda tino e ouvido 
para escutar um dos cinco 
que lhe gritava:
- Bandido!

Caiu ... 
olhando pro céu, 
tinto de sangue e de luz.
Dava-lhe o sol pela frente, 
como a incendiar-lhe a figura, 
a mais rica das molduras 
para enquadrar um valente !