sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

2025: Um Novo Ciclo para o Povo Gaúcho e Nossa Cultura

O ano de 2024 trouxe desafios que marcaram profundamente o Rio Grande do Sul. Enchentes devastadoras, perdas humanas em acidentes e outros eventos impactaram nossas vidas, mas a força e a resiliência do gaúcho seguem inabaláveis. Com a chegada de 2025, renovamos a esperança de dias melhores, mais prósperos e tranquilos para todos. Um ano que será cheio de eventos tradicionalistas que certamente necessitarão do apoio da nossa população em sua integralidade. 

Começamos hoje dia 03/01, na cidade de Capitão,onde, inicia-se oficialmente a temporada de rodeios, com cerca de 3.500 eventos esperados ao longo do ano. Esta modalidade não é apenas uma celebração cultural, mas também um motor econômico poderoso, movimentando mais de 2 bilhões de reais por ano no estado. É a força do pampa, unindo tradição e desenvolvimento.

Temos também os festivais nativistas  que são a alma do povo Gaúcho e entre os 28 festivais nativistas confirmados para 2025, destacam-se eventos como o Acampamento da Canção, que inaugura o calendário nativista e a . Esses festivais são verdadeiras vitrines da nossa música, poesia e dança, levando a essência do Rio Grande do Sul para todos os cantos do Brasil.

A música nativista terá sua expressão máxima em festivais como a Califórnia da Canção Nativa que encerra a cena musical tradicional gaúcha e o Festival da Música Crioula, enquanto a poesia encontra palco no Sesmaria da Poesia Gaúcha e no Bivaque da Poesia Crioula. Esses eventos são o coração da cultura gaúcha e nos conectam às nossas raízes de forma única.

Além dos festivais, 2025 será marcado por grandes eventos tradicionalistas organizados pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). O ENART, o Juvenart, o Sarau de Prendas e a FECARS são alguns dos momentos mais aguardados, celebrando o talento e a paixão pelo tradicionalismo em diversas modalidades artísticas e campeiras.

E não podemos esquecer a Semana Farroupilha, nosso maior símbolo de orgulho e identidade, que reúne milhares de gaúchos em desfiles, cavalgadas e celebrações por todo o estado.

Neste novo ano, temos o compromisso de levar a cultura gaúcha para além das fronteiras do Rio Grande. Usaremos a Internet para mostrar ao mundo nossa música, dança, poesia e a força das tradições que carregamos com tanto orgulho.

O verdadeiro gaúcho não apenas preserva suas raízes; ele as compartilha com o mundo. Que venha 2025, com todos os seus desafios e conquistas, mantendo sempre viva a chama crioula!

Entrevero Xucro: o xucrismo do Rio Grande na Internet.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Boas Festas do Entrevero Xucro

Estamos chegando ao final de mais um ano, e é tempo de celebrar as conquistas, fortalecer laços e renovar esperanças. Aqui no Entrevero Xucro, 2024 foi marcado por muita prosa sobre nossas tradições, a beleza do nosso Rio Grande e o orgulho de cultivar a cultura gaúcha.

Neste Natal, que o espírito do bom chimarrão aqueça nossos corações, assim como a chama do fogo de chão nos une em roda de amigos. Que a simplicidade e a generosidade do nosso povo sirvam de inspiração para dias melhores.

Ao olhar para 2025, que o vento minuano traga coragem e determinação para enfrentar os desafios, e que cada amanhecer seja uma nova chance de honrar nossas raízes. Seguiremos juntos, preservando o que há de mais xucro e autêntico na cultura gaúcha, contando histórias, resgatando costumes e mantendo viva a essência do nosso povo.

Desejamos a todos um Feliz Natal e um Ano Novo redomado de alegrias, com muita saúde, mate bem cevado e esperança nos dias vindouros.

Grande abraço,

Equipe Entrevero Xucro



domingo, 15 de dezembro de 2024

Califórnia da Canção Nativa: Celebração da Tradição Gaúcha

A Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul é um dos festivais de música mais emblemáticos da cultura gaúcha, realizado anualmente em Uruguaiana desde sua primeira edição, em 1971. Reconhecida como o berço dos festivais nativistas, ela nasceu da necessidade de preservar e promover as tradições musicais do Rio Grande do Sul, destacando-se como um espaço de exaltação do regionalismo e da arte campeira.

A premiação, simbolizada pela Calhandra de Ouro, celebra as composições que melhor capturam a alma gaúcha por meio de letras, melodias e interpretações que dialogam com as raízes do povo do pampa. Além de incentivar novos talentos, o festival homenageia grandes nomes da música regional, consolidando seu papel como patrimônio cultural do estado.

Vencedores da 46ª Califórnia da Canção Nativa (2024):

1. Calhandra de Ouro:

Música: Recolho Versos do Campo

Letra: Gujo Teixeira

Melodia: Cristian Camargo

Intérprete: Matheus Pimentel

2. Calhandra de Prata:

Música: Os Dois Amores

Letra: Colmar Duarte

Melodia: Cleber Soares

Intérprete: Arthur Rillo

3. Calhandra de Bronze:

Música: Dos Valores da Alma

Letra: Henrique Fernandes

Melodia: Filipi Coelho

Intérprete: Filipi Coelho


Melhor Intérprete: Filipi Coelho, por O Céu das Tormentas.

Melhor Instrumentista: Leonardo Schneider, pelo acordeão em O Beijo do Pai.

Canção Mais Popular: Maria Parteira, interpretada por Su Paz.

Este festival reafirma o compromisso de manter vivas as tradições do pampa, unindo gerações em torno da música e da cultura gaúcha. A cada edição, a Califórnia da Canção Nativa celebra não apenas a arte musical, mas também o espírito coletivo que define a identidade do povo do sul.

sábado, 7 de dezembro de 2024

Teixeirinha e Gildo de Freitas: Uma amizade que atravessou a lenda da rivalidade

Recentemente, dia 04 mais precisamente, fecha mais um ano de morte desses dois grandes artistas do Rio Grande do Sul. A música regionalista gaúcha tem em sua história esses dois nomes que transcenderam as fronteiras do Rio Grande do Sul e conquistaram o Brasil: Teixeirinha e Gildo de Freitas. Estes dois ícones da cultura gaúcha, com estilos marcantes e trajetórias singulares, carregaram ao longo de suas carreiras uma relação envolta em mitos de rivalidade, mas fundamentada em respeito e amizade. Vamos relembrar suas histórias, suas contribuições para a música, e a curiosa coincidência de suas partidas.

Teixeirinha: o "Rei do Disco"

Vitor Mateus Teixeira, mais conhecido como Teixeirinha, nasceu em 3 de março de 1927, em Rolante, no Rio Grande do Sul. Ele enfrentou uma infância dura, perdendo os pais ainda criança, e encontrou na música uma forma de superar as dificuldades. Sua canção, "Coração de Luto", foi inspirada na tragédia da perda de sua mãe e tornou-se um fenômeno nacional.

Com mais de 50 milhões de discos vendidos, Teixeirinha ganhou o título de "Rei do Disco". Ele também brilhou no cinema, protagonizando filmes como Coração de Luto e Ela Tornou-se Freira. Sua habilidade em conectar-se com o povo através de suas letras simples e emotivas consolidou seu lugar como uma lenda da música regional.

Imagem da internet

Gildo de Freitas: o "Rei dos Trovadores"

Gildo de Freitas, nascido em 19 de junho de 1919, em Porto Alegre, destacou-se como um dos maiores trovadores do Rio Grande do Sul. Conhecido por suas "trovas" – forma improvisada de poesia cantada –, Gildo encantava com sua presença de palco e sua habilidade em criar versos que misturavam humor, crítica social e regionalismo.

Além de ser um exímio trovador, Gildo gravou vários discos que perpetuaram clássicos como "Prazer de Gaúcho" e "Velho Casarão". Sua persona autêntica e irreverente fazia dele uma figura carismática, que encantava multidões por onde passava.



Amizade e os mitos da rivalidade

Embora frequentemente retratados como rivais – um duelo simbólico entre o trovador improvisador e o cantor romântico –, Teixeirinha e Gildo de Freitas compartilhavam uma amizade sólida. A suposta rivalidade foi em grande parte alimentada pela mídia e pelos próprios fãs, que adoravam a ideia de um embate entre esses gigantes da música gaúcha.

Nos bastidores, a relação entre os dois era de admiração mútua. Gildo, com seu estilo espontâneo, e Teixeirinha, com sua habilidade de compor histórias emotivas, reconheciam e respeitavam o talento um do outro. Diz-se que os dois frequentemente brincavam com essa falsa rivalidade, utilizando-a como ferramenta para promover seus shows.

O adeus no mesmo dia

Em uma coincidência que parece tirada de uma canção melancólica, Teixeirinha e Gildo de Freitas faleceram no mesmo dia: 4 de dezembro, embora em anos diferentes – Gildo em 1982 e Teixeirinha em 1985. Este fato marcou profundamente os fãs e a história da música regional, como se o destino quisesse eternizar a ligação entre esses dois ícones.

Legado

Teixeirinha e Gildo de Freitas deixaram um legado imensurável para a cultura gaúcha. Suas músicas continuam sendo celebradas por novas gerações, e suas histórias, repletas de desafios, conquistas e amor à terra, permanecem vivas na memória popular.

Mais do que cantores, eles foram cronistas de um Rio Grande autêntico, que encontra em suas canções um espelho da alma do povo gaúcho. E assim, a amizade que venceram as lendas e o tempo segue inspirando e emocionando os admiradores de sua arte.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Significados das cores da bandeira do Rio Grande do Sul

A bandeira do Rio Grande do Sul, que herdou as cores da antiga República Rio-Grandense, carrega um rico simbolismo que remonta à Revolução Farroupilha (1835-1845). Cada cor – verde, amarelo e vermelho – reflete tanto aspectos históricos quanto ideais políticos da época. Entender esses significados é essencial para compreender a identidade cultural e política do povo gaúcho.

O verde e o amarelo: herança e unidade

As cores verde e amarelo, presentes tanto na bandeira da República Rio-Grandense quanto na atual bandeira estadual, possuem uma ligação direta com o Império do Brasil. Na heráldica imperial, o verde simbolizava a Casa de Bragança (Portugal), enquanto o amarelo representava a Casa de Habsburgo (Áustria), da qual fazia parte Dona Leopoldina, primeira esposa de Dom Pedro I. Essas cores, portanto, remetiam às famílias nobres que fundaram o Brasil independente.

No contexto da Revolução Farroupilha, porém, o significado dessas cores ganha outra nuance. Mesmo lutando contra o governo imperial, os líderes farroupilhas não buscavam romper totalmente com a pátria brasileira, mas sim rejeitar seu modelo centralizador. Essa ideia é reforçada por um diálogo lendário atribuído a David Canabarro, em resposta a uma oferta de ajuda militar de Juan Manuel de Rosas, da Argentina. Segundo a narrativa, Canabarro teria afirmado que os farrapos prefeririam a união com os monarquistas brasileiros a aceitar qualquer invasão estrangeira. Isso demonstra que a causa farroupilha tinha como base a defesa de um modelo federativo, em vez de uma separação definitiva do Brasil. Segue a transcrição do diálogo:

“O primeiro de vossos soldados que transpuser a fronteira, fornecerá o sangue com que assinaremos a Paz de Piratini com os imperiais, por cima de nosso amor à República está o nosso brio de brasileiros. Quisemos ontem a separação de nossa pátria, hoje almejamos a sua integridade. Vossos homens, se ousassem invadir nosso país, encontrariam ombro a ombro, os republicanos de Piratini e os monarquistas do Sr. D. Pedro II.”. Um aparte: foi traição em porongos?

Walter Spalding, historiador gaúcho, apontou em 1955 que as cores verde e amarelo na bandeira representam a fidelidade à pátria comum e ao ideal de uma federação. Assim, essas cores simbolizam não apenas a ligação com o Brasil, mas também o desejo de um governo mais justo e descentralizado.

O vermelho: sangue, liberdade e conexões internacionais

A inclusão da cor vermelha na bandeira é mais complexa e suscita debates entre historiadores. Uma das interpretações mais populares associa o vermelho ao sangue derramado pelos gaúchos durante os combates da Revolução Farroupilha. No entanto, há também outras explicações, que conectam o vermelho a ideais republicanos e movimentos revolucionários da época.

O professor César Augusto Barcellos Guazzelli sugere que o vermelho pode ter sido inspirado pelos revolucionários platinos, que em 1810 iniciaram a luta pela independência das Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina e Uruguai). Na Argentina, o vermelho era associado ao federalismo e, simbolicamente, à luta pela liberdade. Essa influência é visível nos laços políticos, econômicos e culturais entre os farroupilhas e seus vizinhos platinos, fortalecendo a ideia de que o vermelho representava tanto uma inspiração libertária quanto a solidariedade entre movimentos republicanos.

Além disso, o uso do vermelho como símbolo da revolução também se manifestava nos trajes, como o famoso lenço vermelho adotado pelos farroupilhas. Esse costume se perpetuou na cultura política gaúcha, sendo associado a outros movimentos revolucionários no Rio Grande do Sul, como as revoluções de 1893 e 1923.

A bandeira como símbolo de união e luta

Desde o início, a bandeira da República Rio-Grandense refletia os ideais de seus criadores. Sem o brasão central que conhecemos hoje, ela trazia apenas as três faixas – verde, amarela e vermelha – e era entendida como uma representação da luta pela liberdade e pelo federalismo. Mesmo após o fim da revolução, esses ideais permaneceram enraizados no imaginário coletivo do povo gaúcho.

Hoje, a bandeira do Rio Grande do Sul mantém seu significado histórico como um símbolo de resistência, liberdade e unidade. As cores, enquanto evocam as lutas do passado, também reafirmam o orgulho de uma identidade que, embora profundamente conectada ao Brasil, carrega consigo a marca da luta por autonomia e justiça.

sábado, 9 de novembro de 2024

Rodeios e Gineteadas no Rio Grande do Sul

Quando se fala em cultura gaúcha, é impossível não pensar nos rodeios e nas gineteadas que percorrem o interior do Rio Grande do Sul. Muito além de eventos esportivos, essas festividades são um retrato da história, da coragem e da relação profunda entre o homem e o campo. Elas têm raízes que remontam ao passado dos gaúchos, quando o domínio sobre o cavalo era necessário para a lida no campo e a sobrevivência.

No sul do Brasil, o frio da campanha e o calor da tradição se encontram nos rodeios e gineteadas, eventos que exaltam a essência do gaúcho e sua paixão pelo campo. Muito mais que competições, essas festas celebram nossa cultura e o orgulho de pertencer ao Rio Grande do Sul.

Os rodeios e gineteadas são o palco onde se destacam peões e cavalos, num embate que as vezes prendem a respiração de quem assiste. A cada desafio, uma história de superação e parceria entre homem e animal ganha vida, resgatando o espírito de nossos antepassados, que encontravam no campo sua força e sustento.

Além das provas, os rodeios são também um encontro de famílias e amigos, repletos de danças, chimarrão e pratos típicos que aquecem corpo e alma. É um momento de relembrar nossas raízes, celebrar a cultura gaúcha e viver a tradição com intensidade.

Se você nunca viveu essa experiência, não perca a chance de se conectar com a alma do Rio Grande do Sul. Venha para um rodeio e descubra como a tradição e o orgulho de ser gaúcho estão presentes em cada movimento, em cada sorriso e em cada toque da gaita.

Para entender a essência dos rodeios e das gineteadas, é importante conhecer o significado de cada uma dessas tradições, o que elas representam para o povo gaúcho e como elas fortalecem a identidade cultural do Rio Grande do Sul.

A Origem dos Rodeios no Rio Grande do Sul

O rodeio nasceu no dia a dia dos tropeiros e estancieiros, que, em sua rotina de trabalho, precisavam demonstrar destreza com o laço e habilidades no manejo dos cavalos. Com o tempo, essas habilidades se transformaram em competições saudáveis que, além de valorizar o peão, simbolizavam a força do gaúcho e sua adaptação ao ambiente rural.

A partir do século XX, os rodeios começaram a se organizar como eventos públicos, ganhando destaque nas festas tradicionais do estado. Hoje, eles acontecem em diversas cidades e são frequentados por pessoas de todas as idades que, além de admirarem as provas, celebram a cultura gaúcha em uma atmosfera de festa e união.

A Gineteada: Uma Prova de Coragem e Habilidade

Diferente do rodeio, que envolve diversas modalidades como laço, rédeas e apartação, a gineteada é uma prova focada na relação entre peão e cavalo. O objetivo é que o ginete (nome dado ao competidor) se mantenha o máximo de tempo possível sobre um cavalo xucro, sem ser domado, enquanto ele corcovea tentando tirar o ginete do lombo em uma batalha entre o cavalo e o peão.

As gineteadas são conhecidas por exigir força, equilíbrio e muita coragem dos competidores, uma vez que o risco de quedas é grande e o animal a única coisa que busca é derruba-lo. Essa é uma modalidade que desperta a emoção dos espectadores e se tornou um símbolo de resistência e tenacidade do povo gaúcho, que vê no ginete a figura de um guerreiro moderno, testando seus limites e desafiando o destino.

Mais que Competições, Uma Festa Popular

Além da competição, os rodeios e gineteadas são uma verdadeira festa popular. Quem participa desses eventos encontra muito mais do que a emoção das provas: há música tradicional, comida típica e a oportunidade de celebrar o orgulho de ser gaúcho.

Entre chimarrão, churrasco e os acordes de uma gaita, o clima dos rodeios é sempre de festa. As famílias se reúnem, amigos se encontram e histórias são compartilhadas, mantendo viva a cultura do Rio Grande do Sul. Cada rodeio é um pedaço da história gaúcha que permanece vivo e forte, passando de geração em geração.

Preservando a Tradição e o Respeito

Embora os rodeios e gineteadas representem uma tradição fundamental para a cultura gaúcha, é importante lembrar que a relação entre peão e cavalo sempre deve ser pautada no respeito e na preservação do bem-estar animal. Organizações e competidores têm se preocupado cada vez mais em garantir que essas práticas sigam normas e limites para evitar o sofrimento dos animais, assegurando que a tradição siga viva de forma ética e responsável.

Uma Experiência Inesquecível

Assistir a um rodeio ou a uma gineteada no Rio Grande do Sul é uma experiência única, que permite ao visitante sentir a energia vibrante do povo gaúcho, sua paixão pelo campo e seu orgulho por suas raízes. Quem vive essa experiência entende porque o gaúcho carrega em si um espírito forte, destemido e, ao mesmo tempo, acolhedor.

Se você nunca teve a oportunidade de participar, planeje-se para conhecer o próximo rodeio na região e prepare-se para sentir de perto o que é a tradição, o calor humano e o amor pelo Rio Grande do Sul. Afinal, os rodeios e gineteadas são muito mais que eventos esportivos: são uma celebração da cultura e da identidade gaúcha.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Como Preparar um Churrasco Gaúcho Autêntico: Um Guia Completo

Claro que aqui no Rio Grande quase todo mundo sabe fazer o nosso bom assado, uma picanha, maminha e a costela (a mais tradicional do churrasco). Mas para quem não é daqui, vamos ensinar a fazer o tradicional assado.

Mas, antes de tudo temos que lembrar que o churrasco é uma das tradições mais marcantes da cultura gaúcha e representa mais do que apenas uma refeição; é um ritual de união entre amigos e familiares. Neste post, vou te ensinar tudo o que você precisa saber para preparar um churrasco gaúcho autêntico, desde a escolha da carne até o corte, o tempero e, claro, as técnicas de assar na churrasqueira.

O primeiro passo para um bom churrasco é a seleção das carnes. O gaúcho valoriza peças específicas que garantem suculência e sabor. Algumas das preferidas são a costela, a picanha, a maminha e o vazio. Escolher cortes com uma camada generosa de gordura ajuda a garantir a suculência do churrasco, um fator essencial para o sabor autêntico.

Também no churrasco gaúcho, a técnica tradicional é o fogo de chão, onde as carnes são assadas em espetos fincados diretamente na terra, próximos ao fogo. Essa prática permite que a carne asse lentamente, absorvendo o calor e o sabor defumado da lenha. Caso não seja possível, a churrasqueira a carvão é uma ótima alternativa.

A simplicidade é o segredo. O churrasco gaúcho é temperado apenas com sal grosso, que preserva o sabor original da carne. A técnica consiste em passar uma camada generosa de sal na carne antes de assar. Durante o processo, o sal se dissolve e realça o sabor natural.

A lenha de madeira frutífera ou de árvores como a acácia e a angico é recomendada para o fogo de chão, pois produzem brasas duradouras e aromáticas. No caso de uma churrasqueira a carvão, certifique-se de usar carvões de boa qualidade e bem secos, garantindo uma brasa forte e uniforme.

E claro nenhum churrasco está completo sem o chimarrão, a bebida tradicional gaúcha. É comum que o responsável pelo churrasco – o assador – sirva uma roda de chimarrão para os convidados enquanto a carne assa. É um momento de descontração e conversa.

por tudo isso que o churrasco gaúcho é mais do que uma refeição; é uma forma de celebração. Experimente essas técnicas e compartilhe momentos especiais com quem você ama, mantendo viva essa rica tradição gaúcha!

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Rio Grande do Sul e sua formação cultural

A cultura do Rio Grande do Sul é marcada por uma rica e complexa combinação de influências indígenas, europeias e africanas, resultando em um mosaico cultural único no Brasil. Para entender suas origens e seu desenvolvimento, é preciso mergulhar na história do estado, que começa muito antes da chegada dos colonizadores.

Raízes Indígenas e o Início da Colonização

Antes da colonização europeia, as terras gaúchas eram habitadas por diferentes povos indígenas, como os guaranis e charruas, que viviam em harmonia com o Bioma Pampa e a geografia local. Seus modos de vida, organizados em torno da caça, pesca e agricultura, deixaram marcas profundas na cultura da região, influenciando o que viria a ser, mais tarde, a base das tradições rurais gaúchas.

A chegada dos primeiros europeus, particularmente os espanhóis e portugueses, no século XVII, trouxe uma nova dinâmica para a região. As missões jesuíticas espanholas estabeleceram as primeiras vilas organizadas, convivendo com os indígenas e promovendo a mestiçagem cultural. No entanto, com a chegada dos bandeirantes paulistas e o avanço do domínio português, os povos indígenas foram brutalmente impactados, levando a uma reorganização cultural que seria o caminho para a formação do gaúcho.

A Formação da Identidade Gaúcha

O gaúcho, figura emblemática do Rio Grande do Sul, é o resultado da mescla de povos indígenas, colonos europeus, e africanos escravizados trazidos durante o período colonial. Trabalhando principalmente na criação de gado, o gaúcho desenvolveu um estilo de vida próprio, associado à lida no campo, à coragem e à liberdade. O uso da bombacha, do lenço e do poncho, bem como o hábito de tomar chimarrão, são símbolos dessa identidade, que ainda perdura como uma referência do orgulho sulista.

A introdução do cavalo pelos europeus e o desenvolvimento da pecuária marcaram profundamente o estado, transformando a economia e definindo grande parte das tradições. O Rio Grande do Sul tornou-se conhecido como uma terra de estâncias e rodeios, consolidando a figura do gaúcho como protótipo de bravura e independência.

Revoluções e a Consciência Regionalista

Outro fator essencial na cultura gaúcha são os movimentos revolucionários que marcaram sua história, sendo o mais famoso a Revolução Farroupilha (1835-1845). Essa guerra, travada entre os farroupilhas, que buscavam mais autonomia para a província e a redução dos impostos sobre o charque, e o governo imperial, reforçou o espírito combativo do povo gaúcho e sua noção de liberdade. Até hoje, a Revolução Farroupilha é comemorada com fervor durante a Semana Farroupilha, em setembro, quando o orgulho regionalista ganha destaque em todo o estado.

Tradições e Influências Europeias

Além dos elementos indígenas e africanos, o Rio Grande do Sul recebeu um grande contingente de imigrantes europeus, especialmente alemães e italianos, durante o século XIX. Esses grupos estabeleceram colônias nas regiões da Serra Gaúcha, onde desenvolveram uma cultura voltada para a agricultura, a viticultura e o artesanato, traços que permanecem até os dias de hoje.

A gastronomia gaúcha também reflete essa diversidade de influências. O churrasco, principal símbolo da culinária regional, surgiu nas estâncias, como uma forma de preparo da carne em meio ao cotidiano dos vaqueiros. A culinária dos imigrantes italianos trouxe o hábito de consumir massas e vinhos, enquanto os alemães deixaram como legado o tradicional café colonial, além de pratos como o chucrute e a cerveja artesanal.

A Cultura Contemporânea

No cenário contemporâneo, o Rio Grande do Sul mantém vivo seu orgulho por suas tradições, mas também abraça a modernidade. A música tradicionalista, com artistas que perpetuam a estética do gauchismo, divide espaço com novos movimentos culturais que renovam o cenário musical e literário do estado. A cultura de rodeios, festas campeiras e danças folclóricas, como o fandango, é amplamente celebrada nos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), que preservam a memória dos antigos gaúchos e passam esses valores às gerações mais jovens.

Por fim, o Rio Grande do Sul é um estado de múltiplas vozes e culturas, que soube transformar sua história de resistência e luta em um símbolo de força e identidade. O gaúcho, seja nas estâncias do interior, nas cidades da serra ou nas metrópoles, carrega em si um orgulho que transcende fronteiras, projetando a cultura sulista como uma das mais vibrantes e complexas do Brasil.

sábado, 7 de setembro de 2024

Acampamento Farroupilha de Porto Alegre

Começa hoje o Acampamento Farroupilha de Porto Alegre. Confira toda a programação abaixo:

SÁBADO(07/09)

PALCO JAYME CAETANO BRAUN

12h- Cerimônia de Abertura
16h30- Os Pajadores
17h50- Paullo Costa
19h50- Ernesto Fagundes
21h50- Lincon Ramos
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Raízes doSul
14h50- Trova: José Estivalet e Vitor Hugo
15h50- Declamação Andrea Loe
16h- Marcelinho Nunes
17h- Zizi Machado

DOMINGO(08/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Cristiano Quevedo
19h50- Luiza Barbosa
21h50- Sina Fandangueira
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Tiarayu
14h50- Trova: Amaranto Arena e Tetê Carvalho
15h50- Declamação Rui Matias
16h- Maykell Paiva
17h- Desiderio Souza

SEGUNDA-FEIRA(09/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN 
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
17h50- Mauro Moraes
19h50- Daniel Torrez
21h50- Grupo Os Mateadores
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Victor Schimmelpfenig e Vinícius Schimmelpfenig
16h- Manoel Souza
17h- Moisés Oliveira e Grupo Vozes do Campo

TERÇA-FEIRA(10/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN 
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
 17h50- Raul Quiroga
19h50- César Oliveira & Rogério Melo
21h50- João Luiz Corrêa & Grupo Campeirismo
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Adrian Latroni e Arthur Latroni
16h- Jayme Caetano Braun- Um Século de Arte
17h- João Paulo Deckert

QUARTA-FEIRA(11/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
 17h50- Jorge Guedes & Família
19h50- Tchê Guri
21h50- Machado e Marcelo do Tchê
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Gurizada Campeira
16h- Felipe D’Avila
17h- Grupo Missões

QUINTA-FEIRA(12/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
17h50- André Teixeira
19h50- Tchê Garotos 21h50- Tchê Barbaridade
PALCO NICO FAGUNDES
11h- Festival Prosa e Poesia- Eliminatória
15h- Chula: Jean Marques da Rocha e Tiago Ferrari 16h- Tiago Quadros
17h- Felipe D’Avila

SEXTA-FEIRA(13/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
9h às 11h e 14h às 16h -Ciranda Escolar
17h50- Flávio Hanssen
19h50- Tatiéli Bueno
21h50- Kelly Colares & Banda
PALCO NICO FAGUNDES
11h- Festival Prosa e Poesia- Eliminatória
14h- CTG Aldeia dos Anjos
15h- Chula: Adrian Latroni e Arthur Latroni
16h- Felipe Goulart
17h- KauanaNeves

SÁBADO(14/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
16h30- Alma e Pampa
17h50- Fofa Nobre
19h50- Marinês Siqueira
21h50- Eliandro Luz & Grupo Oh de Casa
PALCO NICO FAGUNDES
10h- Coral Despertar
11h- Festival Prosa e Poesia- Final
14h- CTG Chimangos
14h50- PQT Laçadores Herdeiros da Tradição
15h- Trova: José Estivalet e Clódis Rocha
15h30- Declamação Elvio Moraes
16h- Ricardo Rosa
17h- Heduardo Carrão

DOMINGO(15/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
10h- Missa Crioula
12h- CTG Lanceiros da Zona Sul
16h30- Maria Luiza Benitez
17h50- Marcelo Caminha
19h50- SomdoSul
21h50- Gurias Gaúchas
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTGV aqueanos da Tradição
14h50- Trova: Amaranto Arena e Clódis Rocha
15h30- Declamação Pablo Santana
16h- Diego Machado

SEGUNDA-FEIRA(16/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Juliana Spanevello
19h50- JocaMartins
21h50- Rodrigo Silva & Grupo Ala-Pucha
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Victor Schimmelpfenig e Vinícius Schimmelpfenig
16h- Ricardo Comassetto 
17h- Juliano Moreno

TERÇA-FEIRA(17/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Os Chacreiros
19h50- Érlon Péricles
21h50- Grupo Alma gaudéria
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Projeto Gurizada Campeira
16h- Gustavo Brodinho
17h- Jader Leal

QUARTA-FEIRA(18/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- João de Almeida Neto
19h50- Daniel Haack & Gaúchos Lá de Fora
21h50- Grupo Querência
PALCO NICO FAGUNDES
15h- Chula: Victor Schimmelpfenig e Adrian Latroni ou Projeto Gurizada Campeira
16h- Leonel Almeida
17h- The AllPargatas

QUINTA-FEIRA(19/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Fátima Gimenez
19h50- Analise Severo
21h50- Sangue Farrapo
PALCO NICO FAGUNDES
14h- 35 CTG
15h- Chula: Daniel Magnus dos Santos e Valentin Otto Magnus dos Santos
16h- Jonatan Dalmonte e Maurício Marques
17h- Charles Arce

SEXTA-FEIRA(20/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
15h- Cerimônia de Encerramento- Chama crioula 16h30- Santa Fé
17h50- Luiz Marenco
19h50- Maria Alice
21h50- Pedro Ernesto
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Coxilha Aberta
14h50- Trova: Celso Oliveira e Vitor Hugo
15h30- Declamação Silvana Andrade
16h- Darlan Ortaça
17h- Eduardo Maicá

SÁBADO(21/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
16h30- Leandro Berlesi e Buena Parceria
17h50- Pirisca Grecco
19h50- Capitão Faustino
21h50- Sandro Coelho
PALCO NICO FAGUNDES
14h- Nelcy Vargas
14h50- Festival Pôr do Sol da Canção Piá

 DOMINGO(22/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
17h50- Elmer Fagundes
19h50- Eco do Minuano & Bonitinho
21h50- Grupo Tagarrado
PALCO NICO FAGUNDES
14h- CTG Porteira da Restinga
14h50- Trova: Celso Oliveira e Tetê Carvalho
15h30- Declamação Adriana Braun
16h- Cristiano Cesarino

Programação extraída do site oficial do evento 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Bioma Pampa

Saiba um pouco mais sobre o BIOMA PAMPA

Também conhecido como Campos do Sul ou Campos Sulinos, ocupa uma área de 176,5 mil Km² (cerca de 2% do território nacional) e é constituído principalmente por vegetação campestre (gramíneas, herbáceas e algumas árvores).

No Brasil, o Pampa está presente do estado do Rio Grande do Sul, ocupando 63% do território gaúcho e também territórios da Argentina e Uruguai.
Serão graves os impactos da transformação no ecossistema atual em monocultura de árvores, cujo estágio de sucessão é bem diferente.

Toda monocultura provoca um desequilíbrio ambiental, que corresponde com a diminuição de algumas espécies e aumento de outras, além de alteração nas funções ecológicas básicas do ecossistema.

Os Campos da Região Sul do Brasil são denominados como “pampa”, termo de origem indígena para “região plana”, entretanto, esta denominação corresponde somente a um dos tipos de campo, encontrado mais ao sul do Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.

Outros tipos conhecidos como campos do alto da serra são encontrados em áreas de transição com o domínio de araucárias. Em outras áreas encontram-se, ainda, campos de fisionomia semelhantes à savana.
Os campos, em geral, parecem ser formações edáficas (do próprio solo) e não climáticas. A pressão do pastoreio e os incêndios não permitem o estabelecimento da vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da área de distribuição dos Campos do Sul.

A região geomorfológica do planalto de Campanha, a maior extensão de campos do Rio Grande do Sul, é a porção mais avançada para oeste e para o sul do domínio morfoestrutural das bacias e coberturas sedimentares.

Nas áreas de contato com o arenito botucatu, ocorrem os solos podzólicos vermelho-escuros, principalmente a sudoeste de Quaraí e a sul e sudeste de Alegrete, onde se constata o fenômeno da desertificação.

O solo, em geral, de baixa fertilidade natural e bastante suscetível à erosão. À primeira vista, a vegetação campestre mostra uma aparente uniformidade, apresentando nos topos mais planos um tapete herbáceo baixo – de 60 cm a 1 m, ralo e pobre em espécies, que se torna mais denso e rico nas encostas, predominando gramíneas, compostas e leguminosas; os gêneros mais comuns são: Stipa, Piptochaetium, Aristida, Melica, Briza. Sete gêneros de cactos e bromeliáceas apresentam espécies endêmicas da região.
A mata aluvial apresenta inúmeras espécies arbóreas de interesse comercial.

Na Área de Proteção Ambiental do Rio Ibirapuitã, inserida neste bioma, ocorrem formações campestres e florestais de clima temperado, distintas de outras formações existentes no Brasil. Além disso, abriga 11 espécies de mamíferos raros ou ameaçados de extinção, ratos d’água, cevídeos e lobos, e 22 espécies de aves nesta mesma situação. Pelo menos uma espécie de peixe, cará (Gymnogeophagus sp., Família Cichlidae) é endêmica da bacia do rio Ibirapuitã.

O Pampa Gaúcho está situado no sul do Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul, na divisa com o Uruguai. O Pampa é uma região de clima temperado, com temperaturas médias de 18°C, formada por coxilhas onde se situam os campos de produção pecuária e as várzeas que se caracterizam por áreas baixas e úmidas.
A região sul tem, na pecuária, uma tradição que se iniciou com a colonização do Brasil.

Os campos no Rio Grande do Sul ocupam uma área de aproximadamente 40% da área total do estado.
O Pampa gaúcho da Campanha Meridional encontra-se dentro da área de maior proporção de campos naturais preservados do Brasil, sendo um dos ecossistemas mais importantes do mundo.

Fonte: Site do Instituto Brasileiro de Florestas