Recentemente, dia 04 mais precisamente, fecha mais um ano de morte desses dois grandes artistas do Rio Grande do Sul. A música regionalista gaúcha tem em sua história esses dois nomes que transcenderam as fronteiras do Rio Grande do Sul e conquistaram o Brasil: Teixeirinha e Gildo de Freitas. Estes dois ícones da cultura gaúcha, com estilos marcantes e trajetórias singulares, carregaram ao longo de suas carreiras uma relação envolta em mitos de rivalidade, mas fundamentada em respeito e amizade. Vamos relembrar suas histórias, suas contribuições para a música, e a curiosa coincidência de suas partidas.
Teixeirinha: o "Rei do Disco"
Vitor Mateus Teixeira, mais conhecido como Teixeirinha, nasceu em 3 de março de 1927, em Rolante, no Rio Grande do Sul. Ele enfrentou uma infância dura, perdendo os pais ainda criança, e encontrou na música uma forma de superar as dificuldades. Sua canção, "Coração de Luto", foi inspirada na tragédia da perda de sua mãe e tornou-se um fenômeno nacional.
Com mais de 50 milhões de discos vendidos, Teixeirinha ganhou o título de "Rei do Disco". Ele também brilhou no cinema, protagonizando filmes como Coração de Luto e Ela Tornou-se Freira. Sua habilidade em conectar-se com o povo através de suas letras simples e emotivas consolidou seu lugar como uma lenda da música regional.
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Imagem da internet |
Gildo de Freitas: o "Rei dos Trovadores"
Gildo de Freitas, nascido em 19 de junho de 1919, em Porto Alegre, destacou-se como um dos maiores trovadores do Rio Grande do Sul. Conhecido por suas "trovas" – forma improvisada de poesia cantada –, Gildo encantava com sua presença de palco e sua habilidade em criar versos que misturavam humor, crítica social e regionalismo.
Além de ser um exímio trovador, Gildo gravou vários discos que perpetuaram clássicos como "Prazer de Gaúcho" e "Velho Casarão". Sua persona autêntica e irreverente fazia dele uma figura carismática, que encantava multidões por onde passava.
Amizade e os mitos da rivalidade
Embora frequentemente retratados como rivais – um duelo simbólico entre o trovador improvisador e o cantor romântico –, Teixeirinha e Gildo de Freitas compartilhavam uma amizade sólida. A suposta rivalidade foi em grande parte alimentada pela mídia e pelos próprios fãs, que adoravam a ideia de um embate entre esses gigantes da música gaúcha.
Nos bastidores, a relação entre os dois era de admiração mútua. Gildo, com seu estilo espontâneo, e Teixeirinha, com sua habilidade de compor histórias emotivas, reconheciam e respeitavam o talento um do outro. Diz-se que os dois frequentemente brincavam com essa falsa rivalidade, utilizando-a como ferramenta para promover seus shows.
O adeus no mesmo dia
Em uma coincidência que parece tirada de uma canção melancólica, Teixeirinha e Gildo de Freitas faleceram no mesmo dia: 4 de dezembro, embora em anos diferentes – Gildo em 1982 e Teixeirinha em 1985. Este fato marcou profundamente os fãs e a história da música regional, como se o destino quisesse eternizar a ligação entre esses dois ícones.
Legado
Teixeirinha e Gildo de Freitas deixaram um legado imensurável para a cultura gaúcha. Suas músicas continuam sendo celebradas por novas gerações, e suas histórias, repletas de desafios, conquistas e amor à terra, permanecem vivas na memória popular.
Mais do que cantores, eles foram cronistas de um Rio Grande autêntico, que encontra em suas canções um espelho da alma do povo gaúcho. E assim, a amizade que venceram as lendas e o tempo segue inspirando e emocionando os admiradores de sua arte.