SÁBADO(07/09)
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
12h- Cerimônia de Abertura
17h- Desiderio Souza
19h50- SomdoSul
15h- Chula: Projeto Gurizada Campeira
PALCO JAYME CAETANO BRAUN
21h50- Grupo Tagarrado
Hoje, se encerra mais um evento de acendimento da chama crioula na cidade do Alegrete. Antes de falar sobre o evento vamos resumir para conhecimento o que é a Chama Crioula.
A Chama Crioula é um dos símbolos mais importantes do tradicionalismo gaúcho e está profundamente enraizada na cultura e na identidade do Rio Grande do Sul. Ela representa o espírito e a resistência do povo gaúcho, mantendo viva a memória da Revolução Farroupilha, que foi uma das maiores revoltas civis da história do Brasil, ocorrida entre 1835 e 1845.
Foi idealizada em 1947, no contexto do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que buscava resgatar e preservar as tradições e a cultura do povo do Rio Grande do Sul. A ideia surgiu durante o 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho, realizado na cidade de Santa Maria, um evento que reuniu jovens preocupados com a preservação da cultura gaúcha. Os idealizadores do movimento foram jovens estudantes de Porto Alegre, membros do grupo conhecido como "os Oito Sentinelas do Rio Grande", que incluía Paixão Côrtes, Cyro Dutra Ferreira e Glauco Saraiva, entre outros. Inspirados pelo desejo de reviver o espírito farroupilha, eles decidiram criar um símbolo que unisse os gaúchos em torno de sua história e tradições.
Primeira Chama Crioula
Em 7 de setembro de 1947, esses jovens retiraram uma centelha do fogo simbólico da Pátria, aceso em frente ao Palácio Piratini, e a levaram até o Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, onde foi acesa a primeira Chama Crioula. Esse ato marcou o início das comemorações da Semana Farroupilha, que celebra a Revolução Farroupilha e é um dos maiores eventos culturais do estado. Desde então, a Chama Crioula passou a ser distribuída a partir de um local simbólico escolhido anualmente, de onde cavaleiros percorrem diversas partes do estado, levando-a a todas as regiões do Rio Grande do Sul. Esse percurso é chamado de "Ronda Crioula", e simboliza a união dos gaúchos em torno de suas tradições.
Importância Cultural
Mais do que um simples fogo, a Chama Crioula representa a resistência, a bravura e o orgulho do povo gaúcho. Ela é um símbolo de fé, tradição e patriotismo, ligando o presente ao passado e mantendo viva a memória dos antepassados que lutaram pela liberdade e pela identidade do Rio Grande do Sul.
Hoje, a Chama Crioula é reverenciada em todos os rincões do estado, sendo acesa em milhares de Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e servindo como um elo entre os gaúchos e suas raízes culturais, seja no Rio Grande do Sul ou em qualquer parte do mundo onde haja um gaúcho que mantenha viva a sua tradição.
O evento em 2024
Chama Crioula foi acesa em Alegrete, dando início aos Festejos Farroupilhas 2024, sendo a 75ª Geração e Distribuição da Chama Crioula que ocorreu na noite desta sexta-feira (16) e marcou o início dos Festejos Farroupilhas 2024. Com o tema "Pampa Uma Pátria Sem Fronteiras", a cerimônia foi realizada em Alegrete, na Fronteira Oeste e marcou a primeira vez que a Chama Crioula foi gerada com a participação de três países simultaneamente. Anteriormente, em 2015, a cerimônia realizada na Colônia do Santíssimo Sacramento havia contado apenas com a presença do Brasil e Uruguai..
O evento se encerrou neste domingo (18), e contou com simpósios, shows musicais e churrasco, no Parque de Exposições Lauro Dornelles.
A programação do acendimento foi precedida por um espetáculo teatral que apresentou a história de Alegrete e das fronteiras, destacando a formação da região e a integração dos povos que a constituem, incluindo representações do Brasil, Uruguai e Argentina. A Chama Crioula foi acesa por volta de 22h, e envolveu um monumento em forma de casa de pedras e a figura de um laçador, idealizado por Paixão Cortez. A chama, simbolizando a reconstrução e a esperança, foi acesa e colocada na pira central e contou com a presença do ex-BBB, natural de Alegrete, Matteus Amaral.
Participantes de Santa Catarina, Argentina e Uruguai também estiveram nos três dias do evento. A presença deles é "uma homenagem aos costumes e à história que unem os povos do Pampa", segundo a entidade. Após o acendimento, a Chama foi retirada por Adalberto Lima dos Santos, vice-presidente da Cavalgada do Rio Grande do Sul. Ele a transportou em seu candeeiro, onde posteriormente a pira foi apagada.
A distribuição da Chama ocorreu às 8h30min de sábado (17), a pira foi acesa novamente, mas desta vez a cavalo e começa a ser distribuída para as regiões tradicionalistas, abrangendo 30 e incluindo três regiões fora do Rio Grande do Sul: Paraná e Santa Catarina..
Após completar o ciclo de distribuição, todos os cavalarianos participaram da cavalgada até a Praça Nova e retornam à Zona leste. Ao término, os participantes retornam ao parque, encerrando a celebração com a entrega da chama às diversas regiões tradicionalistas, reforçando a união e a tradição da cultura gaúcha. A programação incluiu a Churrascada do Baita Chão Especial Pampa, ao meio-dia. Às 14h30min, ocorreu o simpósio de integração cultural 05 Gaúchos e Los Gauchos: A Vida no Pampa. À noite, um show com a cantora uruguaia Catherine Vergnes e baile do grupo Alma Gaudéria.
O encerramento do evento se deu no domingo, com uma mateada às 15h30min e apresentações artísticas às 16h.
O acendimento da Chama Crioula é organizado em parceria com o governo estadual, prefeitura de Alegrete e MTG.
Conforme alguns estudos de historiadores no assunto, acredita-se que a música vem desde os habitantes seminômades da pampa, principalmente a payada.
Em um livro de João Cezimbra Jaques em 1883, há um registro de um major da Guerra do Paraguai que em meados de 1800 as danças vindas da Europa começaram a dominar as classes altas do ambiente rural deixando de lado o antigo Fandango açoriano. No mesmo livro ele menciona polkas, schottisches, mazurkas e havaneras que perduram até hoje como xote e vaneira.
Apesar dos registros, músicos não eram citados. Sabe-se que a gaita entro no RS pelas fronteiras de Uruguai e Argentina após a guerra dos Paraguai e ganhou força com a chegada dos imigrantes italianos invadindo as danças acoimasse caracterizando os bailes gauchescos.
Porém, os primeiros registros de gravações brasileiras de música gaúcha se dá em torno de 1911, após, Theodoro Hartlieb e Savério Leonetti montam duas gravadoras, a Casa Hartlieb e a Casa A Eléctrica. Com isso, há registros de várias gravações no ano de 1913 e mesmo que não possa se comprovar, os xotes Pisou-me no Poncho e Está de tirar lixiguana gravadas por Lúcio de Souza no acordeom e várias músicas ao som de gaita de Moysés Mandadori na mesma época.
Esta fase durou pouco e com os músicos ainda desconhecidos, já que nos anos 20 a música gauchesca pouco teve relevância e a mudança só ocorreu com o surgimento das rádios Gaúcha e Farroupilha que abriram espaço para a música regional, com programas do gênero regional e com destaque para o programa campereadas, onde, em 1939 surge o acordeonista catarinense Pedro Raymundo que organizou o Quarteto dos Tauras e quatro anos mais tarde foi contratado pela rádio Nacional do RJ e estourou o xote Adeus Mariana.
A partir daí, abrem-se os caminhos para os cantores regionais, já que Pedro Raymundo fez sucesso em nível nacional usando os trajes típicos do gaúcho, com uso de botas, bombacha, lenço, chapéu de aba larga e guaiaca. Nesse embalo surgiram a Dupla Campeira é o Conjunto Farroupilha no início dos anos 50 e em 1955 Honeyde e Adelar Bertussi surgiram com o estilo Serrano.
No final dos anos 50 a música gauchesca volta a ser minimizada e perder espaço até o surgimento em 1959 de Vítor Mateus Teixeira, o Teixeirinha e acabou se tornando um dos maiores sucessos da música gaúcha até os dias de hoje. Nos anos 60 Gildo de Freitas e José Mendes. A partir dos anos 70 a popularidade dos músicos começou gerar críticas vindas dos tradicionalistas que acusaram os músicos mais popular de estigmas a grossura distorcendo a cultura gaúcha.
Com essa rivalidade de gêneros nasce o festival Califórnia da Canção com o objetivo de renovar a música gaúcha e reciclar o cancioneiro gaúcho e daí surge o nativismo. Desde então a música gaúcha começa com suas divisões, conhecidas por subdivisões, tendo a música tradicionalista gerida pelo MTG, a regionalista ligada a cultura popular influenciada pela indústria cultural e a nativista considerada jovem e renovadora.
A partir dos anos 70 o nativismo transforma-se em um movimento intelectual influenciado por música urbana e seus participantes com passagens pelo universo acadêmico. Mesmo com grande popularidade o nativismo não ofuscou o regionalismo e nem ficou independente do tradicionalismo como movimento cultural. Com a era dos festivais a cultura gaúcha ficou supervalorizada e surgiram vários artistas no início dos anos 80.
Nesse mesmo período a indústria fonográfica perde o interesse pelo gênero gaúcho, porém, o mercado local já é auto-sustentável e desde então há a consolidação do mercado local da música gaúcha.
Nos anos 80 ainda há a consolidação dos grupos de fandangos e bailes, como os Monarcas, Os Serranos, Grupo Rodeio entre outros. Nos aos 90 surgem o movimento dos grupos musicas que tentaram mudar a roupagem da música gáucha, os TCHÊS, eles cativara os público jovem e tentaram uma guinada na para centro do país com o movimento Tchê Music, buscando apelo comercial, abandonara a pilcha no início dos anos 2000 e depois do grande sucesso dos anos 90, quase deixaram de existir, pois, ao abandonar a pilcha, perderam a identidade e a união com produtores do centro do país que não entenderam o que era realmente a música gaúcha fez com que o Tchê Music não entrasse no centro do país e fosse deixado de lado no sul. Todos voltaram a cantar seus sucesso dos anos 90 para que pudessem ressurgir no mundo da música gaúcha novamente.
Aqui é um resumo da história da nossa música regional, grande parte das informação equi mencionadas foram retiradas de um trabalho da Revista Contemporâneos que vale a pena conferir na íntegra clicando AQUI.
Na vastidão dos pampas, os primeiros a pisar esta terra foram os indígenas deixando sua marca na cultura do Rio Grande do Sul e no coração dos gaúchos. Seus costumes permeiam o dia a dia e as tradições do nosso povo, desde a lida campeira até o chimarrão sorvido num tranquilo recanto urbano.
Neste capitulo, não nos atemos às datas, mas sim à herança deixada pelos povos originários, que até os dias de hoje são tidos como essencialmente gaúchos. Entre as muitas etnias que se destacaram, destacamos, em primeiro plano, os Charruas e os Guaranis, cuja genética, dizem os estudiosos, permeia as veias do povo deste chão.
Os Charruas, desbravadores destas coxilhas, têm lugar de honra na forja da cultura gaúcha. Guerreiros por excelência, foram mestres na arte do fogo de chão, do churrasco e na doma do potro bravo. Ainda que escassas, as pesquisas sobre esta estirpe comprovam traços característicos charruas que perduram na figura do gaúcho tradicional.
Já os Guaranis, vindos dos rincões amazônicos até estas paragens meridionais, legaram-nos o dom da agricultura, o precioso mate, o boitatá que ilumina as noites de campo, o pala que nos protege do vento sul e o fumo que acompanha nossas tertúlias sob o céu estrelado. Assim, entrelaçados na teia do tempo, os povos originários continuam a pulsar em cada estampa de nosso ser gaúcho.
Nos confins destes campos, para além dos grupos indígenas já citados, ergueram-se os Jês e Minuanos. Mesmo ante a perseguição e embates com Jesuítas, lusitanos, espanhóis e bandeirantes, seus costumes enraizaram-se nas vastidões da pampa.Afeitos à terra, à natureza e aos bichos, como outrora os ancestrais, os gaúchos forjam seus laços em roda de chimarrão e nas cavalgadas pelos campos. Da cultura indígena, herdam não só o amargo sabor do mate, mas também a cuca, o consumo do pinhão, a arte de se reunir em torno do fogo e a técnica de cozinhar sobre a folha da bananeira.
Jamais se pode ignorar a presença indígena quando se fala da essência gaúcha. Emaranhadas estão suas histórias, entrelaçados seus destinos. Assim, é nosso dever honrar e respeitar aqueles que forjaram os alicerces de nossa identidade, seja o espanhol, o indígena ou o africano.
Fonte: o texto é uma interpretação pessoal de vários textos na internet de instituições sérias com embasamento histórico
Confira os episódios anteriores:
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