quarta-feira, 25 de junho de 2025

Inverno no Pampa

O frio chegou e com ele se nostra a força do inverno no Pampa Gaúcho. Com a chegada do inverno e da primeira grande onda de frio dele, os campos dos Pampas voltam a exibir sua face mais rústica e bela. O vento minuano sopra forte, cortando as madrugadas e cobrindo de branco o orvalho sobre a coxilha. No Rio Grande do Sul, especialmente nas regiões da campanha, fronteira e serra, o inverno não é apenas uma estação: é um modo de sentir e viver.

O fogão a lenha é tradição que aquece alma gaúcha no inverno e quando o frio aperta, além de aquecer ele se transforma no centro da convivência. É ao redor dele que se conta causos, se prepara o quentão, o puchero, o mocotó e se toma o chimarrão quente. O gaúcho resiste ao frio com a força da tradição.

Nas estâncias, a lida não para mesmo com temperaturas próximas ou abaixo de zero, o peão sai cedo pra encilhar o cavalo, lidar na mangueira ou com o rebanho. O poncho sobre os ombros e o mate amargo na mão são as principais armas da batalha que se enfrenta com o minuano.

No inverno, a pilcha campeira ganha reforços, além do poncho de lã grossa, muitas vezes herdado de gerações anteriores, é indispensável. A bombacha é mais grossa e a boinas ou chapéus se tornam itens obrigatório.

Essas vestimentas, além de proteger do rigor do inverno, mantêm a identidade viva do gaúcho.

No Pampa, o inverno transforma a paisagem. A vegetação perde o verde vibrante e assume tons acinzentados. As manhãs trazem neblina espessa e geada branca cobrindo o campo, como um manto de algodão. Os animais pastam com mais lentidão, e o cavalo campeiro se encolhe diante do sereno.

É uma época de resistência e cuidado. Os criadores de gado redobram a atenção com a alimentação dos animais e com os refúgios contra o frio.

O frio também aquece a cozinha tradicional. No interior do Rio Grande do Sul, o inverno é tempo de pratos fortes e bem temperados: Puchero, mocotó, carreteiro de charque, sopas em algumas regiões colonizadas do RS, polenta na serra, e claro, quentão, vinho colonial e cachaça.

Tudo isso feito no fogão a lenha, enquanto o mate continua circulando na roda.

O gaúcho tem uma relação afetiva com o inverno. É no frio que ele se recolhe um pouco mais, valoriza o aconchego da casa, o som da chuva no zinco, o cheiro de lenha queimando. É também o momento em que as raízes culturais se intensificam, além das rádios que tocam mais milongas lentas e nostálgicas, os CTGs realizam jantares campeiros e bailes de integração.

Seja para quem vive no campo ou na cidade, o inverno nos Pampas é único. É hora de valorizar o que temos de mais nosso: o orgulho de ser gaúcho, mesmo diante do rigor do frio.

Tire a foto do seu mate na varanda. Registre a geada no potreiro. Compartilhe aquele vídeo do fogo de chão crepitando ao amanhecer. É nesse tempo que a alma campeira se mostra ainda mais forte.

Y tu, como enfrenta o frio do pampa?

Comenta aí como está o teu inverno!

Já fez fogo de chão esse ano? Qual tua comida campeira favorita nessa época?

Te leio nos comentários!

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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Gaúchos das 3 pátrias. Comparativo entre Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina

Sempre foi notado que são grandes as semelhanças dos habitantes do Pampa nos costumes e tradições, então vamos fazer um comparativo evidenciando diferenças e semelhanças para os amigos leitores conhecer um pouco do gaúcho pampeano. Aqui, vamos fazer uma imersão completa nas culturas gaúchas desses três países — explorando história, culinária, vestimentas, vida cotidiana, festas, e como cada povo adapta esse legado ao seu próprio jeito de ser.

Ao atravessar as vastas planícies do sul da América do Sul, somos guiados por um símbolo forte: o gaúcho. Presente no Rio Grande do Sul, na Argentina e no Uruguai, o gaúcho transcende fronteiras e une povos por meio da tradição, da bravura, da lida com o campo e da paixão pela liberdade.

Origens Comuns: Os Pampas e o Nascimento do Gaúcho

O gaúcho surgiu nos pampas, uma região de campos abertos que se estende por sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Inicialmente, esses homens eram mestiços (de indígenas, africanos e europeus), nômades, caçadores de gado selvagem e habilidosos cavaleiros.

No Brasil, a figura do gaúcho se consolidou no século XIX, ligada à índios vagos, guerras e ao tropeirismo.

Na Argentina e Uruguai, ele foi enaltecido como herói rural, símbolo de liberdade e simplicidade, presente em obras literárias como "Martín Fierro".


A Vida no Campo e na Cidade

Campo: Estâncias e a Lida Campeira

Nos três países, o gaúcho é o vaqueiro das estâncias, cuidando do gado, domando cavalos e cavalgando por grandes distâncias.

Ferramentas típicas: laço, boleadeiras, facão e rebenque.

Trabalham em parceria com a natureza, respeitando o tempo da terra.

Cidade: Tradição na Modernidade

No RS, o gaúcho urbano preserva tradições por meio dos CTGs, pilcha em eventos, culinária e o chimarrão no cotidiano.

Em Buenos Aires e Montevidéu, o gaucho é mais símbolo cultural, e menos presente no dia a dia urbano moderno.


Culinária Gaúcha: Sabor, Simplicidade e Fogo de Chão

Rio Grande do Sul (Brasil)

Churrasco gaúcho: feito no espeto e fogo de chão. Costela, vazio, linguiça e pão com alho.

Arroz carreteiro, feijão mexido, polenta e pratos herdados de italianos e alemães.

Chimarrão: consumido amargo e em roda, símbolo de hospitalidade.

Argentina e Uruguai

Assado: semelhante ao churrasco, mas feito na parrilla, com carnes nobres e vísceras (morcilla, chinchulín).

Mate: é mais forte, adoçado ou não, servido em cuias menores.

Empanadas, doce de leite e alfajor completam os sabores típicos.


Vestimentas Tradicionais: A Pilcha e o Estilo Gaúcho

Elementos em comum:

Bombacha, camisa, guaiaca, alpargatas ou botas, lenço no pescoço (representando filiações políticas ou tradicionalistas).

Poncho e faca: símbolos de honra e defesa.

Diferenças:

No RS, a pilcha é normatizada pelos CTGs e pode ser usada até em casamentos e eventos oficiais.

Na Argentina e Uruguai, o traje é menos normatizado e mais espontâneo, com variações regionais, principalmente no poncho.


Música, Dança e Festas Tradicionais

Brasil (RS)

Música nativista e fandango, com milonga, vaneira, chamamé e polcas.

Eventos como Semana Farroupilha, Enart e festivais de música tradicionalista.

Instrumentos: gaita-ponto, violão, acordeom.

Argentina

Chamamé, zamba, chacarera.

Tango não é típico do campo, mas da cidade.

Festivais como Festival Nacional de Doma y Folklore de Jesús María.

Uruguai

Milonga oriental, candombe afro-uruguaio e canto rural.

Festival del Asado con Cuero e festas tradicionalistas do interior.


Tabela Comparativa: Gaúchos do Brasil, Argentina e Uruguai


Por fim, a figura do gaúcho, moldada pelos ventos dos pampas, é muito mais que um estereótipo. Ela representa o elo entre o homem e o campo, a convivência com a simplicidade, o orgulho das raízes e o amor pela liberdade.

Embora com particularidades marcantes, os gaúchos do Brasil, Argentina e Uruguai compartilham valores profundos: honra, coragem, companheirismo e respeito pela terra.

E aí, tchê? Conta pra nós!

Você já conheceu algum destes três mundos gaúchos? Qual tradição mais te representa?

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terça-feira, 3 de junho de 2025

Biografia Gaúcha - Mano Lima

Mano Lima é um dos mais autênticos representantes da música gaúcha. Com sua voz marcante, letras que exaltam a vida no campo e um estilo inconfundível, conquistou o título de "Filósofo dos Pampas". 



Início da Carreira

Nascido em 26 de agosto de 1953, no distrito de Bororé, hoje pertencente a Maçambará, Mano Lima cresceu imerso na cultura campeira. Antes de se dedicar à música, trabalhou como tropeiro e capataz de estância, experiências que influenciaram profundamente suas composições. Seu talento musical foi descoberto pelo poeta Aparício Silva Rillo, que o incentivou a gravar seu primeiro disco.

Mano Lima é conhecido por seu estilo irreverente e pelo uso de um linguajar rústico e verdadeiro, típico do gaúcho do interior. Suas músicas, acompanhadas principalmente pela gaita de botão que ele mesmo toca, retratam a simplicidade e os valores do homem do campo. 

Discografia

1989 – Troveiro do M'Bororé

1991 – Tô de Volta

1993 – Campo a Fora

1995 – Com Casca e Tudo

1996 – Estouro de Tropa

1998 – Alma de Tropeiro

2000 – A Fina Flor da Grossura



2002 – Quando Eu Crescer

2004 – Um Homem Fora do Seu Tempo

2005 – Meu Universo

2007 – Homem da Terra

2008 – Destino da Gente

2012 – Batendo Estribo

2017 – De Pai Pra Filho

2020 – Mbororiano, Rio Grandense e Brasileiro

2022 – Isto é Mano Lima

2023 – Um Changador Ao Seu Estilo 

Canções Marcantes

"Como é que eu tô nesse corpo"

"A Fina Flor da Grossura"

"Homem da Terra"

"Destino da Gente"

"Batendo Estribo"

"De Pai Pra Filho" 

"Cadela Baia"

Reconhecimentos

Prêmio Guri (2016) – Homenagem do Grupo RBS por sua contribuição à cultura gaúcha.

Prêmio Açorianos – Destaque Regional (2007). 

Legado

Mano Lima é um símbolo da música tradicionalista gaúcha, mantendo viva a essência do campo e das tradições do Rio Grande do Sul. Sua autenticidade e compromisso com a cultura regional o tornam uma referência para as novas gerações.

 
Todas as imagens retiradas da Internet. 


domingo, 25 de maio de 2025

Rota dos Capitéis - Uma nova opção de turismo no RS

Buenas gauchada amiga, no dia 6 de maio de 2025, foi oficialmente lançada a Rota dos Capitéis – Caminhos da Imigração e da Fé, um projeto que celebra a herança cultural e religiosa da Serra Gaúcha e do Vale do Taquari. A cerimônia de inauguração ocorreu na Capela Santo Antônio, na Linha 80 da Leopoldina, em Monte Belo do Sul, contando com a presença de autoridades locais e internacionais, incluindo o embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese.

A Rota dos Capitéis é composta por dois circuitos principais: o regional, já sinalizado, e o circular, com inauguração prevista para dezembro de 2025. O percurso abrange dez municípios: Bento Gonçalves, Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Coronel Pilar, Farroupilha, Garibaldi, Imigrante, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza .

Ao todo, são 468 construções religiosas mapeadas, incluindo 252 capitéis, 175 capelas, 23 grutas, 16 igrejas e duas ermidas . Essas edificações, muitas vezes localizadas às margens de estradas, foram construídas pelos imigrantes italianos como forma de expressar sua fé e gratidão.

O roteiro oferece diversas opções para os visitantes:

Caminhadas: 15 trechos totalizando 330 km

Cicloturismo: 10 trechos somando 350 km

Veículos motorizados: aproximadamente 1.063 km

Todos os trajetos são sinalizados conforme as normas da ABNT, ISO e CONTRAN, garantindo segurança e orientação aos turistas .

Para facilitar a experiência dos visitantes, foram instaladas estações de apoio entre os municípios participantes. Essas estações oferecem hidratação, informações técnicas, bicicletários e totens de manutenção para bicicletas .

Além do aspecto religioso, a Rota dos Capitéis também destaca a rica enogastronomia da região. Cada município participante preparou uma acolhida com produtos típicos e atrações culturais, valorizando a herança italiana e a religiosidade local. Entre os destaques estão o capeletti de Coronel Pilar, o queijo de Carlos Barbosa, o salame de Boa Vista do Sul, a bolacha de melado de Imigrante, o grostoli de Garibaldi e as frutas de Pinto Bandeira .

A criação da Rota dos Capitéis tem como base três obras literárias que documentam a construção de pequenos santuários na região: "O Livro do Capitel", "Amém, Bento Gonçalves" e "Perto das Estrelas" .

Para saber mais sobre a Rota dos Capitéis, acesse o site oficial: www.rotadoscapiteis.com.br.

A Rota dos Capitéis é uma oportunidade única para vivenciar a fé, a cultura e a história dos imigrantes italianos que ajudaram a moldar a identidade da Serra Gaúcha e do Vale do Taquari. Um convite para todos que desejam conhecer mais sobre as raízes do Rio Grande do Sul e se conectar com a espiritualidade e a tradição que permeiam essa região.









sábado, 24 de maio de 2025

Cidades do RS indicadas a prêmio da ONU

 Desde 2021, a Organização das Nações Unidas para o Turismo (ONU Turismo) realiza a premiação das “Melhores Vilas Turísticas” do mundo. Sendo esta uma oportunidade significativa para promover destinos turísticos nacionais e lugares que tem grandes potenciais, mas, estão fora da badalação dos lugares tradicionais. Em 2025, oito vilas brasileiras foram selecionadas para participar da competição, onde as vencedoras serão anunciadas em novembro na Assembleia Geral da ONU Turismo, na Arábia Saudita.

As vilas escolhidas são: Antônio Prado e Linha Bonita, no Rio Grande do Sul; Leoberto Leal e Piraí, em Santa Catarina; Cocanha, em São Paulo; Conceição de Ibitipoca, Delfinópolis e Grão Mogol, em Minas Gerais. Dessas oito, apenas duas avançarão para a etapa final, onde a vencedora receberá o selo de boas práticas da organização. Além de prestígio e reconhecimento, essa premiação trás projeção internacional para a vila vencedora.

Antônio Prado (RS)

Fundada em 1886 como a última colônia oficial da imigração italiana no Rio Grande do Sul, Antônio Prado está situada na Serra Gaúcha, com clima temperado e paisagem marcada por vales, rios, matas e áreas produtivas. Seu centro histórico abriga o mais autêntico conjunto arquitetônico da imigração italiana no Brasil, com 48 edificações tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), integradas a um rico patrimônio imaterial, atraindo turistas interessados em história e cultura. As políticas culturais promovem a valorização de saberes tradicionais, como o artesanato, com apoio institucional à comercialização e à formação de novos artesãos, fortalecendo a transmissão de conhecimentos intergeracionais.

A cidade conta com uma infraestrutura completa de serviços para atender o visitante. e oferece experiências que celebram a gastronomia e a tradição, como a Fenamassa e a Noite Italiana, além do tursimo religioso e artesanato.

Foto: Divulgação/Setur

Linha Bonita (RS) – Localizada no alto das montanhas da Serra Gaúcha, no município de Gramado, com estradas sinuosas, é cercada pela beleza da Mata Atlântica. Foi fundada por imigrantes italianos que buscaram no Brasil uma oportunidade para superar a fome e a pobreza que dominavam a Europa. Ali, as famílias receberam pequenos lotes ao longo de uma estrada principal – a Linha –, onde, precisaram construir, com forte espírito comunitário, as condições de sobrevivência que transformariam o futuro daquele lugar. Seus descendentes permanecem cultivando o amor pela Linha Bonita, onde cultura, ruralidade, histórias e memórias se mantêm vivas e, desde 1980, são compartilhadas com turistas por meio de roteiros que oferecem uma imersão profunda nas raízes de Gramado.

Foto: Renan Sandi, site Setur

Agora vamos aguardar o resultado e torcer

Fonte: Ministério do Turismo e Secretaria do Turismo do RS

terça-feira, 20 de maio de 2025

150 Anos da Imigração Italiana na Serra Gaúcha: Um Legado Vivo na Cultura do Rio Grande do Sul

150 Anos da Imigração Italiana na Serra Gaúcha: Um Legado Vivo na Cultura do Rio Grande do Sul

Neste 20 de maio de 2025, o Rio Grande do Sul celebra os 150 anos da imigração italiana na Serra Gaúcha, data que marca o início de uma trajetória de trabalho, fé, tradição e integração cultural. Desde 1875, os imigrantes italianos deixaram marcas profundas na identidade do povo gaúcho — da gastronomia à música, da arquitetura às festas populares. Neste artigo, homenageamos esse legado e mostramos como ele permanece vivo na cultura gaúcha até hoje.

A Chegada dos Imigrantes Italianos ao Rio Grande do Sul

Os primeiros imigrantes italianos desembarcaram em 1875, muitos vindos das regiões do Vêneto, Lombardia, Trentino-Alto Ádige e outras áreas do norte da Itália. Foram acolhidos principalmente na região da Serra Gaúcha, fundando colônias que mais tarde dariam origem a cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha e Flores da Cunha.

Contribuições Culturais da Imigração Italiana

Gastronomia: Um Sabor Inconfundível

A culinária gaúcha ganhou novos sabores com os italianos. Pratos como polenta, galeto al primo canto, fortaia e radicci com bacon tornaram-se ícones da mesa do Sul. E, claro, não podemos esquecer o vinho colonial, símbolo da Serra Gaúcha e base da economia regional até os dias de hoje.

Arquitetura e Urbanismo

Casas de pedra basáltica, igrejas com torres imponentes e pequenos centros urbanos planejados mostram a forte presença da arquitetura italiana. A zona rural da serra ainda guarda essas construções centenárias como verdadeiros museus a céu aberto.

Música, Língua e Tradições

As festas comunitárias, como a Festa da Uva e as romarias religiosas, misturam o tradicionalismo gaúcho com as heranças da Itália. A presença do talian — dialeto italiano falado em diversas localidades — é prova viva dessa fusão linguística.

A Influência Italiana na Cultura Gaúcha

A miscigenação entre o imigrante italiano e o gaúcho criou um novo modo de vida. A hospitalidade, o espírito comunitário, a força do trabalho em família e o apego à terra são valores que passaram a compor a identidade do gaúcho serrano.

Além disso, nomes de famílias, traços no sotaque, receitas e modos de celebração são memórias vivas da imigração italiana no cotidiano do povo sul-rio-grandense.

Turismo Cultural: Vivencie o Legado Italiano na Serra Gaúcha

O turismo rural e cultural da serra se apoia fortemente nesse legado. Roteiros como o Caminhos de Pedra, o Vale dos Vinhedos e o Parque de Eventos de Bento Gonçalves oferecem uma verdadeira viagem ao passado. Museus, cantinas, vinícolas e hospedagens familiares proporcionam uma imersão autêntica na cultura ítalo-gaucha.

Celebrar os 150 anos da imigração italiana no RS é celebrar o espírito de superação, a construção de comunidades e a formação de uma cultura rica, plural e cheia de alma.

A presença italiana segue viva em cada canto da serra — na comida que compartilhamos, nas festas que celebramos, nas palavras que falamos e no orgulho que sentimos em ser gaúchos.

terça-feira, 13 de maio de 2025

O Pampa em Maio: Costumes, Sabores e Causos do Outono Gaúcho

Maio chega de mansinho nos campos do sul, trazendo o frescor do outono gaúcho. No bioma Pampa, único do Brasil presente apenas no Rio Grande do Sul, a paisagem muda: os campos secam, os ventos sopram mais frios e a vida campeira segue seu ritmo ancestral.

O outono por aqui não é só estação — é cultura viva. A rotina do gaúcho se transforma com os preparativos para o inverno. Os galpões ganham movimento, o fogo de chão aquece os encontros e o poncho sai do baú pra enfrentar o sereno das madrugadas.

Tradições e costumes gaúchos no outono

Durante maio, o dia encurta e a convivência no galpão se fortalece. É tempo de mate compartilhado e roda de prosa.

Alguns dos costumes típicos do outono no Rio Grande do Sul incluem:

Troca dos arreios e revisão dos galpões;

Roda de chimarrão no fim da tarde, com conversa lenta e memória viva;

Preparo da lenha e das comidas campeiras de sustância;

Uso dos tradicionais ponchos de lã.

Sabores do campo: comida campeira de maio

Outono também é tempo de mesa farta. A culinária do Pampa ganha destaque com pratos quentes, ricos em sabor e história:

1. Entrevero de pinhão

Um prato típico da estação. Mistura carne de panela, linguiça campeira, legumes e o pinhão recém-colhido. Ideal pra esquentar os dias frios.

2. Carreteiro de charque

Feito na panela de ferro, é o sabor da estrada e do tropeirismo. Simples, forte e tradicional.

3. Sopa de capeletti

Presente em muitas famílias do interior, traz a influência italiana mesclada ao gosto gaúcho. Sopa quente, cheia de alma.


Quer aprender mais receitas? Confira mais receitas AQUI

Causos e memórias de maio

E como o Pampa não vive só de comida e costume, mas também de palavra, maio é tempo bom pra ouvir causos. Me lembro de um velho campeiro que dizia: “No outono, até o vento conta segredo nos galhos.”

O frio convida à introspecção, e a memória do gaúcho se acende junto com a brasa do fogo. Causos antigos circulam no mate, e a cultura oral se renova, sempre viva no presente.

Se tu gosta de um bom causo, deixa nos comentários 

Concluímos que entre o frio e a tradição, o Pampa vive. O outono no Pampa é mais do que mudança de clima. É símbolo de resistência, de cuidado com a terra, e de reencontro com a simplicidade do campo. É uma estação que acolhe, que une e que reforça o orgulho de ser gaúcho.

E aí, vivente, como tu vive o outono aí no teu rincão?

Conta nos comentários ou marca o @entreveroxucro no Instagram. Manda tua roda de mate, tua comida campeira ou aquele costume antigo que se mantém firme no teu rancho.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Biografia Gaúcha - José Cláudio Machado

José Cláudio Machado não foi apenas um cantor. Foi um símbolo do pampa, um trovador das querências, um intérprete que fez da sua voz uma extensão da alma campeira do Rio Grande do Sul. Seu legado permanece vivo na memória dos amantes da música nativista e nas canções que ainda ecoam nos galpões, nos rodeios e nos corações gaúchos.

Quem foi José Cláudio Machado?

Natural de Tapes (RS), José Cláudio Machado nasceu em 17 de novembro de 1948 e desde cedo demonstrou afinidade com as raízes culturais do seu povo. Ao longo de sua trajetória, consolidou-se como um dos maiores intérpretes da música regional sul-brasileira.

Com seu timbre rouco, arrastado e profundamente emocional, José Cláudio não apenas cantava o Rio Grande — ele era o Rio Grande em forma de música.



Início da Carreira

Sua primeira grande aparição no cenário nativista foi em 1972, durante a 2ª Califórnia da Canção Nativa, um dos festivais mais importantes da música regional. Com a canção “Pedro Guará”, conquistou o público e cravou seu nome na história da cultura gaúcha.

Antes da carreira solo, integrou grupos como Os Tapes, Os Teatinos e Os Serranos, com quem gravou o disco Isto É... Os Serranos (1986), ganhador de Disco de Ouro.

O Estilo Inconfundível

José Cláudio Machado foi muito mais que uma voz. Ele criou um estilo interpretativo único: calmo, reflexivo e profundamente carregado de sentimento. Seu canto lembrava uma prosa ao pé do fogo de chão — simples, mas carregada de verdade.

Esse estilo influenciou toda uma geração de artistas, ajudando a consolidar a milonga, a chamarra e outros ritmos regionais no cenário nacional.

Discografia Completa

Conheça os principais discos de José Cláudio Machado, verdadeiros tesouros da música nativista:

Recordando a Querência (1983)

Isto É... Os Serranos (1986)

Gaúcho (1987)

Fletes e Amores (1988)

Pedro Guará (1990)

Cantar Galponeiro (1990)

Milongueando uns Troços (1993, com Bebeto Alves)

Entre Amigos (1995)

Campesino (1997)

Acervo Gaúcho (1998)

Tapeando o Sombreiro (2000)

Em Espanhol (2001)

De Bota e Bombacha (2001, com Luiz Marenco)

Arranchado (2005)

No Meu Rancho – Acústico e ao Vivo (2008)

Ao Vivo em Vacaria (2009)

Canção do Gaúcho (2011)

Marcas (2012, com Valdo Nóbrega)

Canções Mais Marcantes

Algumas músicas de José Cláudio Machado se tornaram verdadeiros hinos da identidade sul-rio-grandense. Entre elas:

Pedro Guará

Pêlos

Poncho Molhado

Campesino

Milonga Abaixo de Mau Tempo

Chasque Prá Don Munhoz

Essas canções ainda emocionam peões, prenda e amantes do pago por onde são tocadas.

Legado Cultural

José Cláudio Machado faleceu em 12 de dezembro de 2011, aos 63 anos. Porém, sua obra permanece viva como parte essencial do patrimônio cultural gaúcho.

Foi também um dos idealizadores do Parque Harmonia, local tradicional dos Festejos Farroupilhas em Porto Alegre.

Em sua homenagem, uma estátua foi erguida em Guaíba, cidade onde viveu por mais de 30 anos, eternizando sua importância para a música e a cultura do Sul.

Por que José Cláudio Machado é eterno?

Porque soube traduzir o sentimento de uma terra inteira em melodia. Porque sua música fala de raízes, de campo, de verdade. E porque sua voz, mesmo em silêncio, ainda embala o espírito gaúcho.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

24 de Abril – Dia do Churrasco e do Chimarrão: descubra por que essa data celebra a alma gaúcha

Se você busca entender mais sobre a cultura do sul do Brasil, especialmente do Rio Grande do Sul, precisa conhecer o significado do Dia do Churrasco e do Chimarrão, celebrado em 24 de abril. Essa data homenageia duas tradições que fazem parte da identidade do povo gaúcho: o churrasco e o chimarrão.

Por que o dia 24 de abril foi escolhido?

O Dia do Churrasco e do Chimarrão foi oficializado no Rio Grande do Sul pela Lei Estadual nº 11.929, de 2003, com o objetivo de valorizar esses dois símbolos da cultura gaúcha. A escolha da data reforça o compromisso do estado em preservar e promover suas tradições mais autênticas.

A história do chimarrão: tradição indígena e símbolo de união

O chimarrão, bebida típica feita com erva-mate, tem origem nos povos indígenas, especialmente os guaranis. Com o tempo, foi incorporado à cultura gaúcha como um hábito diário e social. Passar a cuia de mão em mão é mais do que um gesto: é um ritual de confiança e hospitalidade. Confira Aqui um artigo completo.

O churrasco: do fogo de chão à mesa brasileira

O churrasco gaúcho surgiu no campo, entre os tropeiros e estancieiros dos pampas. A tradição de assar carne na brasa, muitas vezes em fogo de chão, atravessou séculos e hoje é parte essencial da culinária brasileira. No Rio Grande do Sul, o churrasco vai além da comida — é um encontro, uma celebração da vida.

Importância cultural e identidade regional

Tanto o chimarrão quanto o churrasco representam valores profundos do povo gaúcho: coletividade, respeito à tradição e orgulho regional. Celebrar o dia 24 de abril é reconhecer o valor histórico e afetivo dessas práticas.

O Dia do Churrasco e do Chimarrão é uma data especial para todos que valorizam a cultura gaúcha. Seja no campo ou na cidade, a cuia e o espeto continuam sendo símbolos de uma identidade forte e viva.

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quarta-feira, 16 de abril de 2025

Heróis Farroupilhas - Quem foi General Netto: O Proclamador da República Rio-Grandense

General Antônio de Souza Netto (1803–1866) foi uma das figura central na história do Brasil e a mais emblemáticas da história militar e política do Rio Grande do Sul no século XIX, especialmente no contexto da Revolução Farroupilha. Reconhecido por sua liderança militar e política na Revolução Farroupilha, sendo fundamental na proclamação da República Rio-Grandense, marcando um capítulo significativo na luta por autonomia e liberdade no sul do país.​ Ficou conhecido também por sua atuação nas guerras da Cisplatina, contra Aguirre e na Tríplice Aliança contra o Paraguai, Netto deixou um legado de bravura e idealismo republicano.

Origens e Formação

Nascido em 25 de maio de 1803, na estância Capão Seco, distrito de Povo Novo, município de Rio Grande, Netto era filho de José de Souza Neto e Teotônia Bueno. Sua ascendência incluía o português João Ramalho e a índia Bartira, filha do cacique Tibiriçá, destacando uma herança rica e diversificada. ​

Ascensão Militar e Revolução Farroupilha

Em 1835, como capitão da Guarda Nacional, Netto participou da reunião na Loja Maçônica Filantropia e Liberdade, em Bagé, que decidiu pelo início da Revolução Farroupilha. Destacou-se como comandante da primeira brigada do exército liberal republicano.​

Seu maior feito ocorreu em 10 de setembro de 1836, na Batalha do Seival, onde, à frente de 400 homens, derrotou as tropas imperiais comandadas por João da Silva Tavares. A vitória foi decisiva para a proclamação da República Rio-Grandense, realizada por Netto em 11 de setembro de 1836, no Campo dos Menezes. ​

Durante a ausência de Bento Gonçalves, preso na Bahia, Netto assumiu o comando interino do Exército Republicano. Com a volta de Bento, passou a exercer a função de Chefe do Estado-Maior do Exército da República Rio-Grandense. ​

Participação em Outras Guerras

Após a assinatura da Paz de Ponche Verde, em 1845, Netto exilou-se no Uruguai, onde estabeleceu-se como estancieiro. Em 1851, retornou à luta na Guerra contra Rosas, organizando, às suas próprias custas, uma brigada de Voluntários Rio-Grandenses, o que lhe valeu a promoção a brigadeiro honorário do Exército Brasileiro. ​

Participou também da Guerra contra Aguirre, em 1864, e da Guerra do Paraguai, onde comandou uma Brigada de Cavalaria Ligeira de Voluntários. Destacou-se na vanguarda do Exército Brasileiro, sob o comando do General Osório, sendo um dos primeiros a pisar em solo paraguaio durante a invasão pelo Passo da Pátria, em 16 de abril de 1866. ​

Morte e Legado

Na Batalha de Tuiuti, em 24 de maio de 1866, a maior batalha campal da América do Sul, Netto teve papel crucial na defesa do flanco esquerdo das tropas brasileiras. Durante o combate, foi ferido e transferido para um hospital em Corrientes, na Argentina, onde faleceu em 2 de julho de 1866, aos 63 anos. ​

Em 1966, no centenário de sua morte, seus restos mortais foram trasladados para um mausoléu em Bagé, cidade que tanto prezava.​

Representações Culturais

A vida de Netto inspirou obras na literatura e no cinema. O escritor Tabajara Ruas publicou o romance "Netto perde sua alma" em 1998, adaptado para o cinema em 2001. Além disso, Netto foi retratado por Tarcísio Filho na minissérie "A Casa das Sete Mulheres" (2003).​