terça-feira, 29 de julho de 2025
Nossa cultura é invenção?
sábado, 19 de julho de 2025
Musica regional, como foi nosso primeiro semestre
Buenas, gauchada! Entramos no segundo semestre de 2025 e chegou a hora de revisarmos como anda a presença da música regional gaúcha nas rádios do Sul do Brasil. Será que ainda temos espaço nas paradas ou estamos sumindo? Já fizemos análises de períodos anteriores, AQUI. Com base nos dados atualizados do site Connectmix, que monitora as músicas mais tocadas no país, trazemos uma análise detalhada do cenário atual — separando por rádios comerciais e comunitárias, estado por estado: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
O resultado acende um alerta: a música gaúcha tradicional segue perdendo espaço, sendo ofuscada pelo domínio da música sertaneja nas rádios comerciais e sustentada quase que exclusivamente pelas bandas de bailão nas rádios comunitárias. Nomes como Céu e Cantos, Brilha Som, Corpo e Alma e Grupo Festerê ainda resistem, mas os números mostram uma queda acentuada da representatividade regional nas ondas do rádio. Essa tendência não é de hoje — desde 2023 percebemos a redução do alcance das nossas músicas de raiz, um reflexo direto da normalização cultural imposta pelo mercado nacional. E isso é grave: o sumiço da nossa música é o sumiço de quem somos como povo.
Com base nos dados atualizados do site Connectmix, que monitora as músicas mais tocadas no país, trazemos uma análise detalhada do cenário atual — separando por rádios comerciais e comunitárias, estado por estado: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Destaques do Monitoramento Musical de 2025
Região Sul – Rádios Comerciais
Sem artistas regionais no Top 15.
Região Sul – Rádios Comunitárias
1º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos
6º lugar: Saudade da Ex – Céu e Cantos e Brilha Som
Rio Grande do Sul – Rádios Comerciais
11º lugar: Data Especial – Corpo e Alma e Marcos & Belutti
13º lugar: Namoro ou Sacanagem – Modello
Rio Grande do Sul – Rádios Comunitárias
2º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos
5º lugar: Me Diz – Brilha Som e Corpo e Alma
6º lugar: Saudade da Ex – Céu e Cantos e Brilha Som
14º lugar: Apartamento 104 – Grupo Festerê e Cleiton Borges
Santa Catarina – Rádios Comerciais
Sem artistas regionais no Top 15.
Santa Catarina – Rádios Comunitárias
1º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos
9º lugar: Saudade da Ex – Céu e Cantos e Brilha Som
Paraná – Rádios Comunitárias
11º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos
O Encolhimento da Música Gaúcha nas Rádios
Este ano notamos uma redução significativa dos sucessos regionais nas rádios do Sul. A música tradicional gaúcha praticamente desapareceu dos rankings comerciais, restando apenas a força do bailão como resistência musical.
Nas rádios comerciais, o sertanejo de apelo nacional domina, e não é difícil entender o motivo: questões financeiras e interesses do mercado influenciam diretamente na programação das rádios, que priorizam artistas com maior investimento em mídia.
Já nas rádios comunitárias, a situação é um pouco mais favorável — ainda temos nomes como Céu e Cantos, Brilha Som e Corpo e Alma entre os mais tocados, mas com uma queda notável em relação a anos anteriores:
Região Sul - Comunitárias: redução de 4 para 2 músicas regionais no ranking.
RS - Comunitárias: queda de 6 para 4 músicas no top 15.
SC - Comunitárias: de 3 para apenas 2 músicas regionais no ranking.
PR - Comunitárias: única surpresa positiva foi Céu e Cantos aparecendo no ranking, o que não ocorreu no ano passado.
Alerta Cultural: A Perda da Identidade Musical
Essa redução vem acontecendo desde 2023, acendendo um alerta sério para quem se importa com a preservação da cultura gaúcha. O enfraquecimento da música regional nos meios populares de comunicação reflete a normalização cultural com o resto do país — o famoso brasileirismo que vai apagando nossas cores e sons.
❝O Bailão não é tradicionalismo, mas é regional. É nosso.❞
Muita gente torce o nariz pro bailão, mas a verdade é que essas bandas nasceram aqui, em cidades do interior do RS e SC, inovaram no ritmo, levaram a dança e a alegria pra bailes de salão e ainda sustentam a presença do sul nas paradas musicais. Infelizmente nosso povo não aceita o sucesso regional, sempre fala em querendo se aparecer ou com frescura.
Infelizmente, não há apoio das grandes correntes de cultura tradicionalista. Essas bandas não são ensinadas nas escolas, nem valorizadas nos CTGs. A identidade do gaúcho de interior, com seus causos e sua simplicidade, é tratada como algo menor — quando, na verdade, é o que temos de mais autêntico.
Somos gaúchos, somos do pampa. Mas muitos preferem vangloriar suas origens europeias do que valorizar o que nasceu aqui, nesse chão. O mesmo gaúcho que exalta o Velho Mundo, o Tio Sam e o Brasileirismo, é o que despreza o bailão, que também carrega herança germânica, italiana e missioneira.
É hora de rever nosso papel como defensores da cultura sulista. Precisamos consumir, apoiar e divulgar nossa música, pra que ela siga viva nos rádios, nos palcos e no coração do povo.
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sábado, 12 de julho de 2025
Paixão Cortes: O Gaúcho que se Fez Tradição
Se hoje o Rio Grande do Sul respira cultura gaúcha em cada rodeio, fandango, CTG e pilcha bem trajada, muito disso se deve a um nome: João Carlos D’Ávila Paixão Cortes. Nascido em 12 de julho de 1927, em Santana do Livramento, esse vivente deixou um legado tão forte que segue cavalgando na memória de todos os que amam a tradição.
Neste 12 de julho de 2025, Paixão Cortes estaria completando 98 anos. E mesmo que ele tenha partido em 2018, sua presença continua firme no coração do povo gaúcho, como um marco da identidade sul-rio-grandense.
Guri novo, Paixão já se mostrava diferente. Em Porto Alegre, nos anos 40, enquanto muitos se afastavam das tradições, ele resolveu fazer o caminho contrário: mergulhou no campo, nos causos, nas danças, nos costumes campeiros, e tratou de anotar, catalogar e preservar cada detalhe.
Foi dele a iniciativa de fundar, ao lado de outros idealistas, o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do mundo: o 35 CTG, em 1948. Ali começava o movimento tradicionalista gaúcho, que hoje se espalha por milhares de CTGs pelo Brasil e pelo exterior.
Paixão Cortes estudou as danças tradicionais gaúchas diretamente com os mais antigos – peões, prendas, tropeiros. A partir disso, sistematizou coreografias que hoje são ensinadas em concursos como o Enart e vividas nos fandangos do interior.
Ele também ajudou a padronizar a pilcha, diferenciar os tipos de lenço, os usos do poncho, da guaiaca, e resgatou a linguagem campeira com orgulho.
E mais: inspirou a estátua do Laçador, símbolo de Porto Alegre, baseada em sua própria figura, pilchado de forma autêntica.
Paixão não via o tradicionalismo como folclore vazio, mas como filosofia de respeito à terra, ao passado e à identidade do povo sulino. Ele dizia que o gaúcho não era um personagem: era um modo de ser.
Foi radialista, folclorista, pesquisador, compositor e sempre um divulgador incansável das coisas do Sul. Andou pelo interior, pelas escolas, pelas rádios e palcos, sempre dizendo: “Ser gaúcho é uma honra e uma responsabilidade”.
Entre suas principais contribuições literárias e iniciativas, estão:
"Danças Tradicionais Gaúchas" (com Barbosa Lessa)
Criação do 35 CTG
Codificação das danças e trajes do RS
Inspiração para o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG)
Conservação oral e escrita do folclore do sul do Brasil
Paixão Cortes não foi apenas um homem: foi um monumento vivo da tradição, daqueles que andam de chapéu, mas também carregam no olhar a responsabilidade de manter acesa a chama crioula.
Ele nos ensinou a valorizar a história, a linguagem, a música, o churrasco, o cavalo, a dança, a hospitalidade e a honra.
Neste 12 de julho, o Rio Grande inteiro tem motivo de sobra pra lembrar desse gaúcho de alma imensa. Se hoje temos orgulho de vestir a pilcha, de cantar milonga, de cevar o mate e de ensinar pros mais moços o valor do nosso chão, é porque Paixão Cortes esteve aqui antes e abriu caminho a lanço e a verso.
Comenta aí, vivente!
Qual é tua lembrança ou ensinamento mais forte ligado a Paixão Cortes?
Já leu alguma obra dele ou dançou uma coreografia que ele ajudou a preservar?
Deixa teu comentário, compartilha esse post e ajuda a manter viva a chama da tradição.
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Imagem da internet |
quinta-feira, 10 de julho de 2025
Biografia Gaúcha - Iedo Silva
Nascido na zona rural de Cachoeira do Sul (RS), filho de agricultores, Iedo iniciou sua trajetória musical em 1965, tocando gaita e pandeiro em bailes de ramada no Piquiri e na barragem do Capané.
Em 1970, decidiu mudar-se para Porto Alegre, vislumbrando maior oportunidade artística. Para isso, chegou a vender sua primeira gaita. Na capital, trabalhou numa indústria de ração e economizou para recomprar outra gaita, presente recebido de um fã a quem ensinou a tocar
Sua carreira ganharia impulso após participar de um programa de TV apresentado por Teixeirinha, convite feito pelo músico Xará, da dupla Xará e Timbaúva. Após essa aparição, foi demitido de seu trabalho e passou a viver exclusivamente da música.
Em 1973, entrou como sócio no conjunto Os Tauras, assumindo o papel de gaiteiro e segunda voz. Gravou quatro LPs com o grupo, com destaque para a música “Súplica de um Gaúcho”, que garantiu participação no filme O Grande Rodeio. Foi nesse contexto que começou parceria com Albino Manique, em composições como “Jogo de Fole”.
Em 1980, fundou o grupo Os Farrapos, com o qual gravou aproximadamente sete discos. O grande marco desse período foi a conquista do Disco de Ouro com “Ala-Pucha Tchê” (1988). O grupo fez turnês internacionais à Inglaterra (1986) e Escócia (1989), a convite do folclorista
Em 1994, Iedo começou carreira solo, lançando seu primeiro disco solo Cantorias, e posteriormente Saudade na Garupa — ambos em 1994. Em 11 de junho de 2010, gravou seu primeiro DVD/CD ao vivo no CTG 35, Porto Alegre, celebrando 35 anos de carreira. O repertório reviveu sucessos como Pampa na Garupa, Chiquita, Ala-Pucha, Me Comparando ao Rio Grande, Cevando o Mate e vários outros clássicos.
Com Os Tauras
Os Tauras (LP, 1973)
Os Tauras - Ao Vivo (LP, 1975)
Os Tauras - 3º Disco (LP, 1976)
Súplica de um Gaúcho (LP, 1978)
Com Os Farrapos
Os Farrapos - Ao Vivo (LP, 1981)
Os Farrapos - O Melhor de Os Farrapos (LP, 1982)
Os Farrapos - Novo Tempo (LP, 1983)
Ala-Pucha Tchê (LP, 1988)
Os Farrapos - A Maior Família do Rio Grande (LP, 1989)
Os Farrapos - O Tempo Vai Passar (CD, 1992)
Os Farrapos - A Batalha Continua (CD, 1993)
Carreira Solo
Cantorias (CD, 1994)
Saudade na Garupa (CD, 1994)
Rio Grande Dentro do Peito (CD, 1999)
25 Anos (CD, 2000)
35 Anos - Ao Vivo (DVD/CD, 2010)
40 Anos (CD, 2015)
Semente de Vanera (CD, 2017)
Amanhecer no Pampa (CD, 2017)
Isto é Iedo Silva (CD, 2022)
Álbuns Póstumos (pós 2021)
Um Changador Ao Seu Estilo (CD, 2023) - Álbum lançado após seu falecimento, com gravações inéditas e remasterizadas de suas músicas.
Os principais sucessos de Iedo Silva que marcaram o nativismo gaúcho:
Ala-Pucha Tchê (Disco de Ouro)Me Comparando ao Rio Grande (entre as candidatas a hino popular do RS)
Chiquita
Pampa na Garupa
Águas de Cachoeira
Gaita da Bossoroca
Cevando o Mate
Despedida de Peão
Faculdade Campeira
A Dança dos Compadres
Queixo Seco
Xote Laranjeira
Passo do Bugio
Disco de Ouro por Ala-Pucha Tchê (1988)
Medalha Jaime Caetano Braun (2007)
Troféu Rede Pampa de Rádio e Televisão (2008 e 2009)
“Me Comparando ao Rio Grande” figurou entre as 14 músicas mais cotadas para hino popular do RS (2007)
Iedo Silva faleceu em 15 de setembro de 2021, dia do Gaiteiro, aos 74 anos, em Porto Alegre. A causa foi complicações da COVID‑19. Ele também lutava contra um câncer de próstata, diagnosticado meses antes. O velório foi restrito à família devido aos protocolos sanitários.
Sua partida representou uma perda imensa para a cultura e música tradicionalista do Rio Grande do Sul. Sua voz, repertório e influências permanecem vivos entre músicos e admiradores da cultura regional
DVD 35 Anos de Carreira de Iedo Silva gravado no CTG 35 |
terça-feira, 8 de julho de 2025
15 anos de Entrevero Xucro
No dia 29 de junho completamos 15 anos de blog, desde a primeira postagem. Nesse período passamos um tempo sem publicar conteúdo relevante e hoje temos o objetivo de sempre colaborar para que o leitor possa conhecer um pouquinho a mais da nossa cultura e história.
Sempre fui muito enfático quanto ao meu posicionamento de liberdade, estados livres para decidir seus rumos, inclusive sendo a favor da secessão total da república que não deu certo, que está nas mãos de Brasília.
Ultimamente abandonamos o viés político e ideológico por ver que, por enquanto não conseguimos pregar um ideal libertário, nosso povo latino-americano que fala português está apegado à figuras mitológicas e estão esquecendo suas verdadeiras origens. Enquanto na base da pirâmide brigamos, lá em cima aumenta-se o privilégio de poucos políticos, alivia-se a fortuna dos ricos e pune o pobre e a classe média com migalhas.
Não faço mais discurso político por que será em vão, apenas, traremos nossa verdadeira cultura gaúcha e as vezes outras culturas regionais que merecem destaques, pois, aqui valorizamos outras culturas e principalmente respeitamos. Independente de viés separatista ou não, os outros estados são parceiros e também são explorados eleitoralmente e financeiramente.
Nossa cultura está sendo oprimida por uma normatização alienada que sempre tenta nos encaixar como povo em um lugar comum a poucos que se acham donos da verdade e se sentem no direito de querer combater quem pensa diferente. Não sou contra o Brasil, só não me encaixo nesse país dividido, se for para dividir, vamos dividir e dar autonomia aos estados, que são entes explorados, vamos dividir os conhecimentos regionais dos povos que são ricos na diversidade de um país continental.
Aqui vamos mostrar a cultura, costumes e lugares do Rio Grande do Sul, nossas origens e por que somos o que somosna esperança que nosso povo que perdeu a identidade gaúcha volte um dia ser gaúcho, assim como eu, sem apego a dogma verde e amarelo e tentando manter viva a cultura gaúcha pampeana que forjou este povo que está se perdendo para o comum.
Continue com a gente, compartilhe nossas ideias, nossa cultura e abra tua mente para o Pampa latino-americano.
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quarta-feira, 25 de junho de 2025
Inverno no Pampa
O frio chegou e com ele se nostra a força do inverno no Pampa Gaúcho. Com a chegada do inverno e da primeira grande onda de frio dele, os campos dos Pampas voltam a exibir sua face mais rústica e bela. O vento minuano sopra forte, cortando as madrugadas e cobrindo de branco o orvalho sobre a coxilha. No Rio Grande do Sul, especialmente nas regiões da campanha, fronteira e serra, o inverno não é apenas uma estação: é um modo de sentir e viver.
O fogão a lenha é tradição que aquece alma gaúcha no inverno e quando o frio aperta, além de aquecer ele se transforma no centro da convivência. É ao redor dele que se conta causos, se prepara o quentão, o puchero, o mocotó e se toma o chimarrão quente. O gaúcho resiste ao frio com a força da tradição.
Nas estâncias, a lida não para mesmo com temperaturas próximas ou abaixo de zero, o peão sai cedo pra encilhar o cavalo, lidar na mangueira ou com o rebanho. O poncho sobre os ombros e o mate amargo na mão são as principais armas da batalha que se enfrenta com o minuano.
No inverno, a pilcha campeira ganha reforços, além do poncho de lã grossa, muitas vezes herdado de gerações anteriores, é indispensável. A bombacha é mais grossa e a boinas ou chapéus se tornam itens obrigatório.
Essas vestimentas, além de proteger do rigor do inverno, mantêm a identidade viva do gaúcho.
No Pampa, o inverno transforma a paisagem. A vegetação perde o verde vibrante e assume tons acinzentados. As manhãs trazem neblina espessa e geada branca cobrindo o campo, como um manto de algodão. Os animais pastam com mais lentidão, e o cavalo campeiro se encolhe diante do sereno.
É uma época de resistência e cuidado. Os criadores de gado redobram a atenção com a alimentação dos animais e com os refúgios contra o frio.
O frio também aquece a cozinha tradicional. No interior do Rio Grande do Sul, o inverno é tempo de pratos fortes e bem temperados: Puchero, mocotó, carreteiro de charque, sopas em algumas regiões colonizadas do RS, polenta na serra, e claro, quentão, vinho colonial e cachaça.
Tudo isso feito no fogão a lenha, enquanto o mate continua circulando na roda.
O gaúcho tem uma relação afetiva com o inverno. É no frio que ele se recolhe um pouco mais, valoriza o aconchego da casa, o som da chuva no zinco, o cheiro de lenha queimando. É também o momento em que as raízes culturais se intensificam, além das rádios que tocam mais milongas lentas e nostálgicas, os CTGs realizam jantares campeiros e bailes de integração.
Seja para quem vive no campo ou na cidade, o inverno nos Pampas é único. É hora de valorizar o que temos de mais nosso: o orgulho de ser gaúcho, mesmo diante do rigor do frio.
Tire a foto do seu mate na varanda. Registre a geada no potreiro. Compartilhe aquele vídeo do fogo de chão crepitando ao amanhecer. É nesse tempo que a alma campeira se mostra ainda mais forte.
Y tu, como enfrenta o frio do pampa?
Comenta aí como está o teu inverno!
Já fez fogo de chão esse ano? Qual tua comida campeira favorita nessa época?
Te leio nos comentários!
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quinta-feira, 19 de junho de 2025
Gaúchos das 3 pátrias. Comparativo entre Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina
Sempre foi notado que são grandes as semelhanças dos habitantes do Pampa nos costumes e tradições, então vamos fazer um comparativo evidenciando diferenças e semelhanças para os amigos leitores conhecer um pouco do gaúcho pampeano. Aqui, vamos fazer uma imersão completa nas culturas gaúchas desses três países — explorando história, culinária, vestimentas, vida cotidiana, festas, e como cada povo adapta esse legado ao seu próprio jeito de ser.
Ao atravessar as vastas planícies do sul da América do Sul, somos guiados por um símbolo forte: o gaúcho. Presente no Rio Grande do Sul, na Argentina e no Uruguai, o gaúcho transcende fronteiras e une povos por meio da tradição, da bravura, da lida com o campo e da paixão pela liberdade.
Origens Comuns: Os Pampas e o Nascimento do Gaúcho
O gaúcho surgiu nos pampas, uma região de campos abertos que se estende por sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Inicialmente, esses homens eram mestiços (de indígenas, africanos e europeus), nômades, caçadores de gado selvagem e habilidosos cavaleiros.
No Brasil, a figura do gaúcho se consolidou no século XIX, ligada à índios vagos, guerras e ao tropeirismo.
Na Argentina e Uruguai, ele foi enaltecido como herói rural, símbolo de liberdade e simplicidade, presente em obras literárias como "Martín Fierro".
A Vida no Campo e na Cidade
Campo: Estâncias e a Lida Campeira
Nos três países, o gaúcho é o vaqueiro das estâncias, cuidando do gado, domando cavalos e cavalgando por grandes distâncias.
Ferramentas típicas: laço, boleadeiras, facão e rebenque.
Trabalham em parceria com a natureza, respeitando o tempo da terra.
Cidade: Tradição na Modernidade
No RS, o gaúcho urbano preserva tradições por meio dos CTGs, pilcha em eventos, culinária e o chimarrão no cotidiano.
Em Buenos Aires e Montevidéu, o gaucho é mais símbolo cultural, e menos presente no dia a dia urbano moderno.
Culinária Gaúcha: Sabor, Simplicidade e Fogo de Chão
Rio Grande do Sul (Brasil)
Churrasco gaúcho: feito no espeto e fogo de chão. Costela, vazio, linguiça e pão com alho.
Arroz carreteiro, feijão mexido, polenta e pratos herdados de italianos e alemães.
Chimarrão: consumido amargo e em roda, símbolo de hospitalidade.
Argentina e Uruguai
Assado: semelhante ao churrasco, mas feito na parrilla, com carnes nobres e vísceras (morcilla, chinchulín).
Mate: é mais forte, adoçado ou não, servido em cuias menores.
Empanadas, doce de leite e alfajor completam os sabores típicos.
Vestimentas Tradicionais: A Pilcha e o Estilo Gaúcho
Elementos em comum:
Bombacha, camisa, guaiaca, alpargatas ou botas, lenço no pescoço (representando filiações políticas ou tradicionalistas).
Poncho e faca: símbolos de honra e defesa.
Diferenças:
No RS, a pilcha é normatizada pelos CTGs e pode ser usada até em casamentos e eventos oficiais.
Na Argentina e Uruguai, o traje é menos normatizado e mais espontâneo, com variações regionais, principalmente no poncho.
Música, Dança e Festas Tradicionais
Brasil (RS)
Música nativista e fandango, com milonga, vaneira, chamamé e polcas.
Eventos como Semana Farroupilha, Enart e festivais de música tradicionalista.
Instrumentos: gaita-ponto, violão, acordeom.
Argentina
Chamamé, zamba, chacarera.
Tango não é típico do campo, mas da cidade.
Festivais como Festival Nacional de Doma y Folklore de Jesús María.
Uruguai
Milonga oriental, candombe afro-uruguaio e canto rural.
Festival del Asado con Cuero e festas tradicionalistas do interior.
Tabela Comparativa: Gaúchos do Brasil, Argentina e Uruguai
Por fim, a figura do gaúcho, moldada pelos ventos dos pampas, é muito mais que um estereótipo. Ela representa o elo entre o homem e o campo, a convivência com a simplicidade, o orgulho das raízes e o amor pela liberdade.
Embora com particularidades marcantes, os gaúchos do Brasil, Argentina e Uruguai compartilham valores profundos: honra, coragem, companheirismo e respeito pela terra.
E aí, tchê? Conta pra nós!
Você já conheceu algum destes três mundos gaúchos? Qual tradição mais te representa?
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terça-feira, 3 de junho de 2025
Biografia Gaúcha - Mano Lima
Mano Lima é um dos mais autênticos representantes da música gaúcha. Com sua voz marcante, letras que exaltam a vida no campo e um estilo inconfundível, conquistou o título de "Filósofo dos Pampas".
Início da Carreira
Nascido em 26 de agosto de 1953, no distrito de Bororé, hoje pertencente a Maçambará, Mano Lima cresceu imerso na cultura campeira. Antes de se dedicar à música, trabalhou como tropeiro e capataz de estância, experiências que influenciaram profundamente suas composições. Seu talento musical foi descoberto pelo poeta Aparício Silva Rillo, que o incentivou a gravar seu primeiro disco.
Mano Lima é conhecido por seu estilo irreverente e pelo uso de um linguajar rústico e verdadeiro, típico do gaúcho do interior. Suas músicas, acompanhadas principalmente pela gaita de botão que ele mesmo toca, retratam a simplicidade e os valores do homem do campo.
Discografia
1989 – Troveiro do M'Bororé
1991 – Tô de Volta
1993 – Campo a Fora
1995 – Com Casca e Tudo
1996 – Estouro de Tropa
1998 – Alma de Tropeiro
2000 – A Fina Flor da Grossura
2002 – Quando Eu Crescer
2004 – Um Homem Fora do Seu Tempo
2005 – Meu Universo
2007 – Homem da Terra
2008 – Destino da Gente
2012 – Batendo Estribo
2017 – De Pai Pra Filho
2020 – Mbororiano, Rio Grandense e Brasileiro
2022 – Isto é Mano Lima
2023 – Um Changador Ao Seu Estilo
Canções Marcantes
"Como é que eu tô nesse corpo"
"A Fina Flor da Grossura"
"Homem da Terra"
"Destino da Gente"
"Batendo Estribo"
"De Pai Pra Filho"
"Cadela Baia"
Reconhecimentos
Prêmio Guri (2016) – Homenagem do Grupo RBS por sua contribuição à cultura gaúcha.
Prêmio Açorianos – Destaque Regional (2007).
Legado
Mano Lima é um símbolo da música tradicionalista gaúcha, mantendo viva a essência do campo e das tradições do Rio Grande do Sul. Sua autenticidade e compromisso com a cultura regional o tornam uma referência para as novas gerações.
domingo, 25 de maio de 2025
Rota dos Capitéis - Uma nova opção de turismo no RS
sábado, 24 de maio de 2025
Cidades do RS indicadas a prêmio da ONU
Desde 2021, a Organização das Nações Unidas para o Turismo (ONU Turismo) realiza a premiação das “Melhores Vilas Turísticas” do mundo. Sendo esta uma oportunidade significativa para promover destinos turísticos nacionais e lugares que tem grandes potenciais, mas, estão fora da badalação dos lugares tradicionais. Em 2025, oito vilas brasileiras foram selecionadas para participar da competição, onde as vencedoras serão anunciadas em novembro na Assembleia Geral da ONU Turismo, na Arábia Saudita.
As vilas escolhidas são: Antônio Prado e Linha Bonita, no Rio Grande do Sul; Leoberto Leal e Piraí, em Santa Catarina; Cocanha, em São Paulo; Conceição de Ibitipoca, Delfinópolis e Grão Mogol, em Minas Gerais. Dessas oito, apenas duas avançarão para a etapa final, onde a vencedora receberá o selo de boas práticas da organização. Além de prestígio e reconhecimento, essa premiação trás projeção internacional para a vila vencedora.
Fundada em 1886 como a última colônia oficial da imigração italiana no Rio Grande do Sul, Antônio Prado está situada na Serra Gaúcha, com clima temperado e paisagem marcada por vales, rios, matas e áreas produtivas. Seu centro histórico abriga o mais autêntico conjunto arquitetônico da imigração italiana no Brasil, com 48 edificações tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), integradas a um rico patrimônio imaterial, atraindo turistas interessados em história e cultura. As políticas culturais promovem a valorização de saberes tradicionais, como o artesanato, com apoio institucional à comercialização e à formação de novos artesãos, fortalecendo a transmissão de conhecimentos intergeracionais.
A cidade conta com uma infraestrutura completa de serviços para atender o visitante. e oferece experiências que celebram a gastronomia e a tradição, como a Fenamassa e a Noite Italiana, além do tursimo religioso e artesanato.
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Foto: Divulgação/Setur |
Linha Bonita (RS) – Localizada no alto das montanhas da Serra Gaúcha, no município de Gramado, com estradas sinuosas, é cercada pela beleza da Mata Atlântica. Foi fundada por imigrantes italianos que buscaram no Brasil uma oportunidade para superar a fome e a pobreza que dominavam a Europa. Ali, as famílias receberam pequenos lotes ao longo de uma estrada principal – a Linha –, onde, precisaram construir, com forte espírito comunitário, as condições de sobrevivência que transformariam o futuro daquele lugar. Seus descendentes permanecem cultivando o amor pela Linha Bonita, onde cultura, ruralidade, histórias e memórias se mantêm vivas e, desde 1980, são compartilhadas com turistas por meio de roteiros que oferecem uma imersão profunda nas raízes de Gramado.
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Foto: Renan Sandi, site Setur |
Agora vamos aguardar o resultado e torcer
Fonte: Ministério do Turismo e Secretaria do Turismo do RS