sábado, 27 de setembro de 2025

Biografia Gaúcha - Luiz Carlos Borges

Luiz Carlos Borges foi um dos maiores representantes da música gaúcha missioneira, com uma trajetória que uniu fronteiras, festivais e discos e teve uma vida inteira dedicada ao acordeon e à cultura do sul. Nascido em 25 de março de 1953, em Vila Seca, distrito de Santo Ângelo, nas Missões do Rio Grande do Sul, cresceu em meio às influências musicais da região e desde guri foi envolvido pela sonoridade do chamamé, das rádios de fronteira e dos bailes de campanha. Aos sete anos começou a estudar música e aos nove já tocava gaita nos bailes com o grupo familiar Irmãos Borges, com quem gravou os três primeiros LPs ainda na juventude. Essa fase inicial de estrada, fandangos e rádio forjou o músico que depois se destacaria no cenário nativista em festivais e circuitos culturais dentro e fora do estado.



Com o tempo, Luiz Carlos Borges passou dos bailes familiares para os festivais e para a composição. O grande ponto de virada ocorreu quando venceu a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana em 1979 com a música “Tropa de Osso”, que marcou o início da sua carreira solo e do seu primeiro disco individual em 1980.

Formou-se em Música pela Universidade Federal de Santa Maria e também assumiu funções na área cultural em São Borja, Santa Maria e Santa Rosa. Foi em Santa Rosa que idealizou e organizou o Musicanto Sul-Americano de Nativismo a partir de 1983, criando um dos maiores espaços de integração musical entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai dentro do universo tradicionalista e missioneiro.

Ao longo da carreira, Luiz Carlos Borges lançou mais de 30 discos entre LPs, CDs e DVDs. Dos trabalhos com os Irmãos Borges nos anos 1970 às parcerias internacionais nas décadas seguintes, construiu uma discografia ampla e respeitada. Entre os álbuns individuais estão:

Tropa de Osso (1981)

Noites, Penas e Guitarra (1982)

Quarteada (1984)

Solo Livre (1986)

Fronteras Abiertas com Antonio Tarragó Ros (1991)

Gaúcho Rider com o Grupo Alma (1992)

Geraldo Flach & Luiz Carlos Borges com Geraldo Flach (1992)

Na Chama do Chamamé (1993)

Hay Chamamé (1995)

Gaúcho com Edison Campagna (1995)

Temperando (1996)

Campeiros com Mauro Ferreira (1999)

Luiz Carlos Borges (1999)

Do Pampa ao Pantanal (2001)

40 Anos de Música (2002)

Luiz Carlos Borges & Quarteto (2004)

Buenaço (2008)

Itinerário de Rosa (2008) 

Con Amigos Argentinos (2010).



Em 2014 lançou também o DVD “50 Anos de Música – Ao Vivo”, premiado no Prêmio Açorianos e registrado com participações especiais.



Durante a carreira também teve coletâneas como Sucessos de Ouro (1994), Acervo Gaúcho (1998) e 40 Anos de Glória (2003), todas incrementando o acervo das gravações missioneiras e chamameceras que ajudou a popularizar.

Sua ligação com o chamamé foi decisiva para a integração musical do Cone Sul. Atuou ao lado de grandes nomes argentinos como Antonio Tarragó Ros, Rudi e Nini Flores e participou de encontros com artistas de peso do folclore latino-americano, inclusive dividindo palco com Mercedes Sosa, Juan Falú e Geraldo Flach. Com Mercedes Sosa gravou uma música em seu último trabalho o albúm Cantora

Representou o Brasil no Festival Nacional del Folklore de Cosquín em Córdoba, na Argentina, nas edições de 1984 e 1998. Se apresentou nos Estados Unidos em 1986 no International Festival of Folklore em Salt Lake City, esteve na Semana Regional do Folclore na Guiana Francesa em 1988 e fez turnês em países europeus como França, Alemanha e Áustria. Participou também da Fiesta Nacional del Chamamé em Corrientes, consolidando-se como uma referência do gênero para o público latino.

Ao longo de décadas, foi presença constante e premiada em festivais nativistas, vencendo como compositor, intérprete, instrumentista e arranjador. Recebeu mais de uma centena de premiações,  distinções e indicações, incluindo vários Prêmios Açorianos de Música em Porto Alegre, sendo eles:

1998 - Foi indicado para Disco de Música Regional e Instrumentista de Teclado

2008 - Foi premiado como Compositor de Música Regional e Arranjador (com Leandro Rodrigues)

2011 - Ganhou menção especial pelos 50 anos de carreira

2014 - Venceu como Compositor de Música Regional, Intérprete de Música Regional, Instrumentista de Música Regional, DVD do ano e melhor álbum de música regional com o disco 50 Anos de Música. Além destas premiações diversas entidades culturais e prefeituras lhe prestaram homenagens ao longo da vida e após seu falecimento.

Seu estilo era marcado pela fusão da milonga, vaneira, polca e chamamé com a identidade missioneira da fronteira oeste gaúcha. A gaita ponto e sua interpretação forte e sensível levaram a música do sul a novos países e a novos públicos. Para além dos palcos, Borges contribuiu com a organização cultural, especialmente com o Musicanto, que se tornou um palco de integração latino-americana. Seu compromisso com a tradição não impediu o diálogo com outros ritmos e artistas, o que tornou sua obra diversa e autêntica.

Luiz Carlos Borges faleceu em 10 de maio de 2023, aos 70 anos, em Porto Alegre, deixando um legado respeitado no Brasil, Argentina e Paraguai. É lembrado como embaixador missioneiro do chamamé, acordeonista de alma fronteiriça e figura central na construção da identidade musical do sul do país ao longo de mais de cinco décadas de carreira. Sua obra continua circulando em regravações, projetos de memória, coletivos musicais e publicações culturais.


sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Semana Farroupilha: história e tradições

Conheça a história e as celebrações que mantêm viva a cultura do Rio Grande do Sul. Por que comemoramos a Semana Farroupilha Todo setembro o Rio Grande do Sul veste a pilcha pega a sua bandeira e o chimarrão: é a Semana Farroupilha, período em que gaúchos e gaúchas relembram a Revolução Farroupilha (ou Guerra dos Farrapos), movimento que começou em 20 de setembro de 1835 e que é referência central para a identidade regional. Além de celebrar o resgate histórico de sua cultura. A semana reúne atos cívicos, desfiles, bailes, provas campeiras, rodas de mate e muitas comidas típicas — uma verdadeira reafirmação de história, memória e orgulho gaúcho. 

A Revolução Farroupilha foi um conflito de caráter republicano e regional que enfrentou o poder imperial entre 1835 e 1845, com epicentro na província então chamada São Pedro do Rio Grande do Sul. Lideranças militares e civis locais (como Bento Gonçalves, Antônio de Souza Neto, o Barão de Caxias em contextos diversos, e outros personagens) marcaram o período — heróis, derrotas e negociações que virarão mito e narrativa fundadora do Estado. Essa memória é rememorada a cada 20 de setembro, o chamado Dia do Gaúcho. 

Embora a lembrança dos farroupilhas seja do século XIX, a oficialização da Semana Farroupilha como comemoração estadual ocorreu no século XX. A legislação que instituiu a Semana como evento a ser celebrado anualmente (na prática entre 14 e 20 de setembro) foi a Lei nº 4.850, de 11 de dezembro de 1964, com atualizações posteriores. A partir dessa oficialização, o Estado pa

ssou a incentivar a organização das festividades em escolas, prefeituras, CTGs e órgãos públicos. 

Não há um único “idealizador” mas, reconhecemos os jovens que juntamente com Paixão Cortes e Barbosa Lessa retiraram uma centelha da Chama da Pátria para demonstrar o resgate das nossas tradições e a partir daí a Semana Farroupilha é fruto de um processo coletivo e institucional. Movimentos tradicionalistas (como o Movimento Tradicionalista Gaúcho — MTG e seus Centros de Tradições Gaúchas, os CTGs), municípios, escolas e o próprio governo do estado foram responsáveis por transformar lembranças isoladas numa semana de festejos integrados. Desde meados do século XX, a ação dos CTGs e das entidades culturais difundiu a celebração para todo o território gaúcho, institucionalizando ritos, trajes, danças e provas campeiras que hoje associamos ao que é “ser gaúcho”.

A expansão veio por etapas: comemorações locais nas comunidades rurais e urbanas; incorporação de atividades escolares e cívicas; apoio governamental e, por fim, a massificação via mídia e grandes eventos nas capitais e parques.

Hoje há: Programação oficial do governo do Estado (inclui Desfile Tradicional em Porto Alegre e atos cívicos). 

Festas e rodeios em parques e praças (ex.: Parques de Exposições, praças centrais).

Atuação intensa dos CTGs, que organizam bailes, invernadas artísticas, provas de laço e piquetes.

Feiras de culinária e praças de alimentação com comidas típicas (carreteiro, churrasco, charque, chimarrão). 

Essa rede ampla de atores transformou uma data histórica em uma semana de vocação cultural, turística e econômica.

A Semana Farroupilha é comemorada, por norma legal, entre 14 e 20 de setembro, culminando no Dia do Gaúcho (20 de setembro), data que marca o início da Revolução Farroupilha em 1835. Durante a semana ocorrem atividades em escolas, CTGs, prefeituras e espaços públicos, como acender da Chama Crioula, transmissão de símbolos e a realização de desfiles. Ainda existem outras datas a serem lembradas, proclamação da República Rio-Grandense e Batalha dos Porongos. 

Existem dois elementos centrais das festividades recentes são a Chama Crioula e as Rondas Crioulas: Chama Crioula é o símbolo que circula entre municípios e CTGs antes do dia 20, representando a chama da memória farroupilha e das tradições gaúchas, e que é utilizada em atos cívicos e acampamentos. Enquanto a Ronda Crioula é o conjunto de programações — que pode incluir apresentações culturais, cavalgadas, gDoações de fogos cerimoniais e formações de tropa — organizado por CTGs e departamentos tradicionalistas. Essas atividades reforçam a presença dos piquetes e da cavalgada como manifestações vivas da tradição. As rondas e festas locais costumam durar vários dias, concentrando oficinas, shows, bailes e competições. 

Temos também o Desfile Tradicional de 20 de Setembro realizado em Porto Alegre e em várias cidades do interior e este é o ápice do calendário oficial. Nele desfilam autoridades, regimentos, escolas, invernadas artísticas, cavalarianos, piquetes e entidades tradicionalistas — sempre com revista de tropa e encenações temáticas que remetem à Revolução Farroupilha e à vida campeira. O formato mistura o cívico-militar (homenagem aos heróis farroupilhas), o folclórico e o comunitário, transformando a avenida num grande palco de afirmação cultural. 

Se você nunca viveu uma Semana Farroupilha, aqui vai um roteiro-resumo do que esperar:

1. Abertura com hasteamento de bandeiras e acendimento da Chama Crioula.

2. Desfiles cívico-militares e tradicionais (20/09) — escolas, CTGs, invernadas. 

3. Rondas Crioulas e cavalgadas — churrascos, bailes e acampamentos. 

4. Bailes e invernadas artísticas — apresentação de dança tradicionalista (prendas e peões).

5. Provas campeiras — laço, rédea, gineteadas em alguns locais.

6. Gastronomia e feiras — carreteiro, churrasco, charque, doces e erva-mate ao redor de rodas de chimarrão. 

A indumentária (bombachas, lenço, pilcha, botas, chimarrão) e a música (vanerão, milonga, chamamé, entre outros) permeiam cada ato. A transmissão entre gerações se dá nas invernadas artísticas e nas famílias que mantêm as tradições no seu cotidiano que é um processo diário, ritualizado a cada setembro.

Como toda celebração histórica massiva, a Semana Farroupilha também é objeto de estudos e discussões sobre memória, mito e identidade. Pesquisadores chamam atenção para a forma como certos episódios são mitificados, para as omissões históricas e para a necessidade de pluralizar a narrativa — algo que não diminui o valor cultural do evento. 

A Identidade cultural ajuda a manter viva a memória local e as práticas do campo e reúne famílias e comunidades em torno de tradições partilhadas. Isso aquece a economia lolocal, o turismo, gastronomia e comércio que recebem impulso com os festejos.

Tu não és daqui, seguem dicas para quem quer participar (visitante ou turista)

Respeite os ritos locais: veja o calendário do CTG ou prefeitura e participe com curiosidade e respeito.

Pilcha opcional: muitos visitantes se encantam e usam uma pilcha básica — mas não é obrigatório.

Prove a comida: carreteiro e churrasco são essenciais. Traga disposição para mate e prosa.

Vá a um baile ou invernada: é ali que se sente o pulso cultural da festa.

Confira programações oficiais nos sites da Secretaria de Cultura do RS ou dos órgãos municipais antes de ir. 

A Semana Farroupilha é a prova de que memória e festa caminham juntas: o passado (a Revolução Farroupilha) é lembrado, recontado e refeito a cada setembro por milhares de mãos, vozes e facões que preservam a cultura do Rio Grande do Sul. Mais do que turismo ou espetáculo, é um período de reafirmação identitária — e um convite para quem nunca esteve: venha com respeito, prove o chimarrão e escute as histórias ao redor do fogo.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Uma breve charla: Está cada vez mais difícil apenas SER GAÚCHO

Buenas gauchada e este é o mês do Gaúcho, mas te enganas se eu for dizer que é por causa dos Festejos farroupilha. Começa o mês de criticar o vivente que se pilcha somente para ir às rondas nos CTGS e nos bailes da Semana Farroupilha, é o mês de politizar qualquer manifestação em defesa dos nossos símbolos através de más interpretações por que já estão contaminados pela política, de não ser entendido ou de ser taxado por não concordar com a maioria, de ser criticado por não gostar de um artista ou de gostar.

Hoje independentemente do meu voto na urna, não defendo nenhum político vinculado à Brasília ou defensor de algum vinculado à Brasília, por questões ideológicas sim, mas, à ideologia do Pampa, de minha cultura estar irmanada nos povos latino-americanos e não se restringir apenas nas fronteiras políticas, que estas mudam sempre.

O mês que seria de orgulho das tradições e manifestações culturais resgatadas por pessoas que dedicaram uma vida inteira por isso, acaba virando vitrine de político mal intencionado que quer aparecer, de governantes que se aproveitam do sentimento bairrista aflorado para prometer mais ainda, acaba sendo o mês de pessoas desinformada atacando os outros, de pessoas impondo patriotismo tupiniquim, de empresários ricos pagando de simples no galpão se passando por gaúchos e por trás financiam político que ataca o povo e muitos são contra nossas manifestações culturais. 

Enfim, setembro chega e nós seguimos aqui neste terreno bandido da Internet tentando mostrar que estamos abandonados na base popular na pirâmide socialmente país desigual que nos explora por todos os lados e muitos tem orgulho, tenha orgulho de ser gaúcho, já que recebemos esta honraria e para de te fresquiar apoiando gente lá de cima e polarizado nossas políticas, para de apoiar aqueles lá de cima que só querem teu voto e te dar migalha, larga teu político de estimação que tem um de estimação lá em Brasília, vamos ser gaúcho e apoiar gaúcho, que sabe nossos políticos abrem o olho e descobrem que somos gaúchos de fato. 

Venha com teu orgulho de ser brasileiro que te entrego a honra de ser gaúcho. 

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Expointer: História, Tradição e Modernização da Maior Feira Agropecuária da América Latina

 A Expointer, realizada em Esteio (RS), é considerada a maior feira agropecuária da América Latina. Mais do que um evento do setor, ela é um símbolo da cultura gaúcha e um ponto de encontro entre tradição, inovação e negócios. Sua história ultrapassa um século e mostra como o Rio Grande do Sul se tornou referência no agronegócio e na agricultura familiar. Este ano ocorre entre os dias 30 de agosto a 7 de setembro de 2025. Confira a programação AQUI



Neste artigo, vamos conhecer as origens da Expointer, sua expansão internacional, o processo de modernização e os desafios recentes que transformaram o evento em um verdadeiro patrimônio cultural do estado.

As origens da Expointer (1901 – 1972)

A história começa em 1901, quando Porto Alegre recebeu a Exposição de Produtos do Estado, no Campo da Redenção – hoje conhecido como Parque Farroupilha. O objetivo era claro: mostrar o melhor da produção agrícola e pecuária do Rio Grande do Sul, reforçando o papel do setor rural na economia e na identidade do estado.

Com o crescimento da feira, surgiu a necessidade de um espaço maior e mais adequado. Assim, em 1970, a exposição foi transferida para o recém-inaugurado Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

Pouco tempo depois, em 1972, o evento ganhou um novo nome: Expointer, conquistando status de exposição internacional. Foi nesse mesmo ano que ocorreu a primeira edição oficial no parque de Esteio, marco definitivo para sua consolidação.

Expansão e internacionalização da Expointer (1972 – 2000)

Durante a década de 1970 e início dos anos 1980, a Expointer acontecia de dois em dois anos. Um momento marcante desse período foi em 1974, quando a Alemanha Ocidental presenteou o parque com as três esferas nas cores da bandeira gaúcha, que até hoje são um dos símbolos mais icônicos do espaço.

Em 1984, a feira passou a ser anual, o que impulsionou seu crescimento e fortalecimento no cenário nacional e internacional.

Outro marco aconteceu em 1999, com a criação da logomarca da Expointer e a primeira edição da Feira da Agricultura Familiar. Esse espaço trouxe protagonismo aos pequenos produtores, valorizando a diversidade de alimentos e saberes do campo, além de se tornar um dos grandes atrativos do evento.

Modernização e novos desafios da Expointer (2000 em diante)

O século XXI trouxe novos rumos para a feira. Em 2006, a Expointer foi oficialmente reconhecida como patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul por lei estadual, reforçando sua importância não apenas para o agronegócio, mas também para a identidade cultural gaúcha.

Em 2012, foi lançada a maquete de remodelação do Parque Assis Brasil, com projetos de modernização da infraestrutura. Esse processo foi consolidado em etapas, entre elas a inauguração, em 2018, do novo Pavilhão da Agricultura Familiar, com 7 mil m², oferecendo mais conforto e estrutura para produtores e visitantes.

A pandemia trouxe um momento inédito: em 2020, a Expointer aconteceu de forma digital, sem público presente. No ano seguinte, 2021, retornou em formato híbrido, com limitação de visitantes. Finalmente, em 2022, voltou ao formato tradicional, celebrando a retomada e reafirmando sua força como o maior encontro do agronegócio da América Latina.

Expointer hoje: símbolo de tradição e futuro

Atualmente, a Expointer vai muito além de uma feira de negócios. Ela é um patrimônio vivo do Rio Grande do Sul, onde convivem o grande e o pequeno produtor, o moderno e o tradicional, a inovação tecnológica e a cultura do campo.

O evento é uma vitrine do agronegócio brasileiro, mas também um espaço de valorização da agricultura familiar, da cultura gaúcha e da integração entre campo e cidade.

A cada ano, a Expointer reafirma seu papel como símbolo de identidade, progresso e tradição. Uma celebração que une gerações e continua escrevendo a história do agro e do Rio Grande do Sul para o mundo.

sábado, 16 de agosto de 2025

Biografia Gaúcha - Telmo de Lima Freitas

Telmo de Lima Freitas nasceu em 13 de fevereiro de 1933, em São Borja, no Rio Grande do Sul. Desde muito cedo, demonstrou talento musical: aos dois anos já tocava cavaquinho e, posteriormente, aprendeu violão. Cresceu em um ambiente profundamente ligado à tradição campeira, o que influenciou sua obra poética e musical.

Aos 14 anos, integrou o Quarteto Gaúcho, iniciando sua trajetória artística em rádios locais, como o programa Porongo de Pedra na Rádio ZYFZ – Fronteira do Sul. Durante os anos 1960 e 1970, começou a se destacar em festivais regionais, consolidando-se como um dos grandes nomes do movimento nativista. Participou do 1º Festival de Música Regionalista da Rádio Gaúcha em 1969 e, anos depois, cofundou o grupo Os Cantores dos Sete Povos com Edson Otto e José Antônio Hahn. O grupo conquistou a Calhandra de Ouro na Califórnia da Canção Nativa em 1979 com a música “Esquilador”.

Telmo de Lima Freitas lançou diversos álbuns, muitos deles gravados pela USA Discos, destacando-se por composições que retratam a vida campeira, a simplicidade do campo e a cultura tradicional gaúcha. Sua obra é marcada pela poesia e pelo cuidado com a musicalidade, tornando-se referência para gerações de intérpretes.

Homenagens e Legado

Prêmio Açorianos (2000): Melhor Compositor e Melhor Disco Regional por A Mesma Fuça.

Prêmio Açorianos (2012): Homenageado do Ano pelo conjunto da obra.

Telmo faleceu em 18 de fevereiro de 2021, aos 88 anos, deixando um legado cultural inestimável para a música gaúcha.

Discografia Completa:

Álbuns de estúdio

O Canto de Telmo de Lima Freitas — 1973; reedição: 1983, PolyGram

Alma de Galpão — 1980, lançamento independente / Olvebra; reedição: 1990, BMG/Ariola

Tempos de Praça — 1993, USA Discos

De Marcha Batida — 1994, USA Discos

Rastreador — 1996, USA Discos

A Mesma Fuça — 2000, USA Discos



Poesias — 2001, USA Discos

Carteio da Vida (Acústico) — 2002, USA Discos

Aparte — 2006, Independente (releituras autorais)

Coletâneas e relançamentos

35 Mega Sucessos — 2010, compilação digital

Principais Canções

Esquilador

Lembranças

Prenda Minha

Pago Santo

Essas canções são consideradas clássicos da música nativista e continuam sendo interpretadas em festivais e rodas de música gaúcha.

Telmo de Lima Freitas foi um artista multifacetado, Poeta, cantor e violonista. Suas composições valorizam a vida campeira, a natureza e a tradição do Rio Grande do Sul e seu legado influencia novos artistas e garante a preservação da cultura regional, sendo lembrado como um verdadeiro guardião da alma gaúcha, sendo referência obrigatória para quem deseja conhecer a essência da música nativista.

Telmo de Lima Freitas foi muito mais do que um cantor e compositor; foi um poeta da vida campeira, um representante da tradição gaúcha e uma inspiração para novas gerações. Sua discografia completa, com canções marcantes, continua viva nas rodas de mate, festivais e plataformas digitais, mantendo sua obra sempre presente no coração do Rio Grande do Sul.



terça-feira, 29 de julho de 2025

Nossa cultura é invenção?

Última fim de semana surge uma nova polêmica envolvendo nossa cultura, onde a cantora Shana Muller diz que nossa cultura é uma invenção, que inventaram tudo que se tem hoje no tradicionalismo. Ela diz, a cultura é inventada e precisa ser reinventada.

Primeiramente, sendo um crítico ferrenho do regramento da cultura do MTG nunca declarei que a cultura manifestada dentro do CTG não é importante e mesmo com todos os problemas dentro das entidades tradicionalistas, temos que reconhecer o trabalho executado por mais de 70 anos e perpetuando a cultura que temos hoje.

Ao falar que é uma cultura inventada, podemos considerar que a mesma está desinformada ou promovendo uma desinformação, comum nos dias de hoje, pois esse "modelo" cultural que temos no Rio Grande do Sul, vem de um resgate de manifestações culturais muito diversificadas e profundamente estudada por Paixão Cortes e seus parceiros, que se debruçaram em livros, filmes e relatos diversos buscando resgatar uma cultura que já estava perdida e que graças a ele respira e está consolidada no sul do Brasil. 

O que surpreende é que a artista faz essa colocação novamente depois de aproximadamente 8 anos, abordando o machismo, que obviamente existe aqui e em todo lugar, e vamos apontar isso tudo mais a frente. Voltando ao relato, o que ela mesma fez nesses 8 anos além de ganhar dinheiro dessa mesma cultura "inventada" que certamente que proporciona uma boa renda e caso esteja equivocado, podem me corrigir, Shana Muller não tem nenhum projeto, programa ou eventos que trabalhem o tema machismo ou inclusão de mais mulheres no meio tradicionalista. 

A tal invenção se dá de um movimento de resgate cultural promovido nos anos 50 e a partir dele trás a tona todo o simbolismo que hoje fica evidente na semana Farroupilha em setembro, porém, esse resgate aconteceu por que jovens do interior estavam vendo seu cotidiano lá do campo, da cidade pequena se perdendo e perdendo espaço para a cultura estrangeira vinda da Europa e principalmente dos Estados Unidos. Com isso fizeram o evento simbólico de acender uma chama simbolizando nossa essência cultural e mostrando que nossos costumes não estavam apagados.

Hoje, com essa atitude de pessoas que atuam dentro de instituições tradicionalistas, que ganharam dinheiro e visibilidade com essa cultura vem a público criticar sem apontar norte, mostra que estamos passando por um momento cultural nebuloso igual a década de 50 e precisamos de alguém para preservar e resgatar o que sobrou do nosso tradicionalismo essencial, com aquela simplicidade do campo, sem regras de vestimentas, sem padrão para laçar, sem normas para ser gaúcho. Nem isso está se segurando perante a invasão estrangeira no Rio Grande do Sul. 

A invasão vem através desta ferramenta que uso para defender nossa tradição, e o descuido do que se diz gaúcho permite que ele próprio mate a tradição aos poucos. Como? Já te explico.  Tchê, vem comigo fazer a linha cronológica do gaúcho, no século 18 tem notícias de índios vagos que rondam as capitais do Prata, tratados como bandidos e bandoleiros. Logo após o fim da reduções jesuíticas, com o gado solto, se criam campeiros com habilidades em cima do lombo do cavalo e com o início das Charqueadas são recrutados nas estâncias para a lida de campo. Seus costumes foram se perdendo e com sucessivos governos abertos a centralizar poder e normalizar o país, tudo isso acabou se perdendo e com o avanço das tecnologias da época, nossa essência estava fadada a se acabar.

Aí que começa a cultura de hoje, que foi resgatada por jovens que não aguentavam mais músicas do centro do país, músicas estadounidenses e inglesas. Essa indignação fez com que saíssem a cavalo pela capital e transformassem um pequeno gesto em uma perpetuação e consolidação da garra de uma povo. Agora no período que estamos, sendo contaminados pela política que segrega em prol de duas figuras que não se importam com nosso povo,com nosso estilo de vida, se importam apenas em arrebanhar suditos cegos por um ideal que não é nosso e sim deles. Hoje vemos gaúchos enrolados na bandeira do Brasil,  sendo que quase duzentos anos atrás essa mesma bandeira estava aniquilando o povo em prol de não entregar o pedaço de terra que defendia suas fronteiras. Estão defendendo os Estados Unidos, presidido por um louco megalomaníaco que quer submissos ao invés de parceiros. Em contrapartida, a outra ponta da agressão cultura bem a onda vermelha combatendo nosso hino é nos taxando de racistas e tudo que hoje temos de ruim na sociedade.

Estes mesmos indivíduos que segregam o país em sua maioria, nos rotulam através de fantoches eleitoreiros que trabalham a favor dos figurões de Brasília,  atuam aqui fantasiados de vereadores e deputados e pregam ódio de ambos os lados, tecem narrativas de interesses ideológicos financeiros. Uns para uma família, outra para os grupos e quem sai com sua história manchada é o Rio Grande do Sul, que tem pessoas que vivem dentro da tradição usando narrativas, pessoas em CTGS agredindo e ofendendo o outro em defesa de pátria invasora e assim seguimos rumo ao limbo histórico do ostracismo cultural. 

Seguimos firmes defendendo o ideal gaúcho do pampa, o que não tem regra, o que é simplesmente ser gaúcho, na comida, no falar, no vestir e no ser. Minha pátria é o pampa.

sábado, 19 de julho de 2025

Musica regional, como foi nosso primeiro semestre

Buenas, gauchada! Entramos no segundo semestre de 2025 e chegou a hora de revisarmos como anda a presença da música regional gaúcha nas rádios do Sul do Brasil. Será que ainda temos espaço nas paradas ou estamos sumindo? Já fizemos análises de períodos anteriores, AQUI.  Com base nos dados atualizados do site Connectmix, que monitora as músicas mais tocadas no país, trazemos uma análise detalhada do cenário atual — separando por rádios comerciais e comunitárias, estado por estado: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

O resultado acende um alerta: a música gaúcha tradicional segue perdendo espaço, sendo ofuscada pelo domínio da música sertaneja nas rádios comerciais e sustentada quase que exclusivamente pelas bandas de bailão nas rádios comunitárias. Nomes como Céu e Cantos, Brilha Som, Corpo e Alma e Grupo Festerê ainda resistem, mas os números mostram uma queda acentuada da representatividade regional nas ondas do rádio. Essa tendência não é de hoje — desde 2023 percebemos a redução do alcance das nossas músicas de raiz, um reflexo direto da normalização cultural imposta pelo mercado nacional. E isso é grave: o sumiço da nossa música é o sumiço de quem somos como povo.

Com base nos dados atualizados do site Connectmix, que monitora as músicas mais tocadas no país, trazemos uma análise detalhada do cenário atual — separando por rádios comerciais e comunitárias, estado por estado: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Destaques do Monitoramento Musical de 2025

Região Sul – Rádios Comerciais

Sem artistas regionais no Top 15.

Região Sul – Rádios Comunitárias

1º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos

6º lugar: Saudade da Ex – Céu e Cantos e Brilha Som

Rio Grande do Sul – Rádios Comerciais

11º lugar: Data Especial – Corpo e Alma e Marcos & Belutti

13º lugar: Namoro ou Sacanagem – Modello

Rio Grande do Sul – Rádios Comunitárias

2º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos

5º lugar: Me Diz – Brilha Som e Corpo e Alma

6º lugar: Saudade da Ex – Céu e Cantos e Brilha Som

14º lugar: Apartamento 104 – Grupo Festerê e Cleiton Borges

Santa Catarina – Rádios Comerciais

Sem artistas regionais no Top 15.

Santa Catarina – Rádios Comunitárias

1º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos

9º lugar: Saudade da Ex – Céu e Cantos e Brilha Som

Paraná – Rádios Comunitárias

11º lugar: Amor Infinito – Céu e Cantos

O Encolhimento da Música Gaúcha nas Rádios

Este ano notamos uma redução significativa dos sucessos regionais nas rádios do Sul. A música tradicional gaúcha praticamente desapareceu dos rankings comerciais, restando apenas a força do bailão como resistência musical.

Nas rádios comerciais, o sertanejo de apelo nacional domina, e não é difícil entender o motivo: questões financeiras e interesses do mercado influenciam diretamente na programação das rádios, que priorizam artistas com maior investimento em mídia.

Já nas rádios comunitárias, a situação é um pouco mais favorável — ainda temos nomes como Céu e Cantos, Brilha Som e Corpo e Alma entre os mais tocados, mas com uma queda notável em relação a anos anteriores:

Região Sul - Comunitárias: redução de 4 para 2 músicas regionais no ranking.

RS - Comunitárias: queda de 6 para 4 músicas no top 15.

SC - Comunitárias: de 3 para apenas 2 músicas regionais no ranking.

PR - Comunitárias: única surpresa positiva foi Céu e Cantos aparecendo no ranking, o que não ocorreu no ano passado.

Alerta Cultural: A Perda da Identidade Musical

Essa redução vem acontecendo desde 2023, acendendo um alerta sério para quem se importa com a preservação da cultura gaúcha. O enfraquecimento da música regional nos meios populares de comunicação reflete a normalização cultural com o resto do país — o famoso brasileirismo que vai apagando nossas cores e sons.

❝O Bailão não é tradicionalismo, mas é regional. É nosso.❞

Muita gente torce o nariz pro bailão, mas a verdade é que essas bandas nasceram aqui, em cidades do interior do RS e SC, inovaram no ritmo, levaram a dança e a alegria pra bailes de salão e ainda sustentam a presença do sul nas paradas musicais. Infelizmente nosso povo não aceita o sucesso regional, sempre fala em querendo se aparecer ou com frescura. 

Infelizmente, não há apoio das grandes correntes de cultura tradicionalista. Essas bandas não são ensinadas nas escolas, nem valorizadas nos CTGs. A identidade do gaúcho de interior, com seus causos e sua simplicidade, é tratada como algo menor — quando, na verdade, é o que temos de mais autêntico.

Somos gaúchos, somos do pampa. Mas muitos preferem vangloriar suas origens europeias do que valorizar o que nasceu aqui, nesse chão. O mesmo gaúcho que exalta o Velho Mundo, o Tio Sam e o Brasileirismo, é o que despreza o bailão, que também carrega herança germânica, italiana e missioneira.

É hora de rever nosso papel como defensores da cultura sulista. Precisamos consumir, apoiar e divulgar nossa música, pra que ela siga viva nos rádios, nos palcos e no coração do povo.


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sábado, 12 de julho de 2025

Paixão Cortes: O Gaúcho que se Fez Tradição

Se hoje o Rio Grande do Sul respira cultura gaúcha em cada rodeio, fandango, CTG e pilcha bem trajada, muito disso se deve a um nome: João Carlos D’Ávila Paixão Cortes. Nascido em 12 de julho de 1927, em Santana do Livramento, esse vivente deixou um legado tão forte que segue cavalgando na memória de todos os que amam a tradição.

Neste 12 de julho de 2025, Paixão Cortes estaria completando 98 anos. E mesmo que ele tenha partido em 2018, sua presença continua firme no coração do povo gaúcho, como um marco da identidade sul-rio-grandense.

Guri novo, Paixão já se mostrava diferente. Em Porto Alegre, nos anos 40, enquanto muitos se afastavam das tradições, ele resolveu fazer o caminho contrário: mergulhou no campo, nos causos, nas danças, nos costumes campeiros, e tratou de anotar, catalogar e preservar cada detalhe.

Foi dele a iniciativa de fundar, ao lado de outros idealistas, o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do mundo: o 35 CTG, em 1948. Ali começava o movimento tradicionalista gaúcho, que hoje se espalha por milhares de CTGs pelo Brasil e pelo exterior.

Paixão Cortes estudou as danças tradicionais gaúchas diretamente com os mais antigos – peões, prendas, tropeiros. A partir disso, sistematizou coreografias que hoje são ensinadas em concursos como o Enart e vividas nos fandangos do interior.

Ele também ajudou a padronizar a pilcha, diferenciar os tipos de lenço, os usos do poncho, da guaiaca, e resgatou a linguagem campeira com orgulho.

E mais: inspirou a estátua do Laçador, símbolo de Porto Alegre, baseada em sua própria figura, pilchado de forma autêntica.

Paixão não via o tradicionalismo como folclore vazio, mas como filosofia de respeito à terra, ao passado e à identidade do povo sulino. Ele dizia que o gaúcho não era um personagem: era um modo de ser.

Foi radialista, folclorista, pesquisador, compositor e sempre um divulgador incansável das coisas do Sul. Andou pelo interior, pelas escolas, pelas rádios e palcos, sempre dizendo: “Ser gaúcho é uma honra e uma responsabilidade”.

Entre suas principais contribuições literárias e iniciativas, estão:

"Danças Tradicionais Gaúchas" (com Barbosa Lessa)

Criação do 35 CTG

Codificação das danças e trajes do RS

Inspiração para o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG)

Conservação oral e escrita do folclore do sul do Brasil

Paixão Cortes não foi apenas um homem: foi um monumento vivo da tradição, daqueles que andam de chapéu, mas também carregam no olhar a responsabilidade de manter acesa a chama crioula.

Ele nos ensinou a valorizar a história, a linguagem, a música, o churrasco, o cavalo, a dança, a hospitalidade e a honra.

Neste 12 de julho, o Rio Grande inteiro tem motivo de sobra pra lembrar desse gaúcho de alma imensa. Se hoje temos orgulho de vestir a pilcha, de cantar milonga, de cevar o mate e de ensinar pros mais moços o valor do nosso chão, é porque Paixão Cortes esteve aqui antes e abriu caminho a lanço e a verso.

Comenta aí, vivente!

Qual é tua lembrança ou ensinamento mais forte ligado a Paixão Cortes?

Já leu alguma obra dele ou dançou uma coreografia que ele ajudou a preservar?

Deixa teu comentário, compartilha esse post e ajuda a manter viva a chama da tradição.

Segue o blog e acompanha nossas redes pra mais histórias do sul do mundo.

Imagem da internet


quinta-feira, 10 de julho de 2025

Biografia Gaúcha - Iedo Silva

Iedo Cruz da Silva (Cachoeira do Sul, 18 de dezembro de 1946 – Porto Alegre, 15 de setembro de 2021) foi um dos mais importantes artistas da música tradicionalista do Rio Grande do Sul, conhecido por sua gaita única, voz marcante e composições que tornaram-se hinos regionais

Nascido na zona rural de Cachoeira do Sul (RS), filho de agricultores, Iedo iniciou sua trajetória musical em 1965, tocando gaita e pandeiro em bailes de ramada no Piquiri e na barragem do Capané. 
Em 1970, decidiu mudar-se para Porto Alegre, vislumbrando maior oportunidade artística. Para isso, chegou a vender sua primeira gaita. Na capital, trabalhou numa indústria de ração e economizou para recomprar outra gaita, presente recebido de um fã a quem ensinou a tocar

Sua carreira ganharia impulso após participar de um programa de TV apresentado por Teixeirinha, convite feito pelo músico Xará, da dupla Xará e Timbaúva. Após essa aparição, foi demitido de seu trabalho e passou a viver exclusivamente da música. 

Em 1973, entrou como sócio no conjunto Os Tauras, assumindo o papel de gaiteiro e segunda voz. Gravou quatro LPs com o grupo, com destaque para a música “Súplica de um Gaúcho”, que garantiu participação no filme O Grande Rodeio. Foi nesse contexto que começou parceria com Albino Manique, em composições como “Jogo de Fole”.

Em 1980, fundou o grupo Os Farrapos, com o qual gravou aproximadamente sete discos. O grande marco desse período foi a conquista do Disco de Ouro com “Ala-Pucha Tchê” (1988). O grupo fez turnês internacionais à Inglaterra (1986) e Escócia (1989), a convite do folclorista

Em 1994, Iedo começou carreira solo, lançando seu primeiro disco solo Cantorias, e posteriormente Saudade na Garupa — ambos em 1994. Em 11 de junho de 2010, gravou seu primeiro DVD/CD ao vivo no CTG 35, Porto Alegre, celebrando 35 anos de carreira. O repertório reviveu sucessos como Pampa na Garupa, Chiquita, Ala-Pucha, Me Comparando ao Rio Grande, Cevando o Mate e vários outros clássicos.

Discografia Completa de Iedo Silva

Com Os Tauras

Os Tauras (LP, 1973)
Os Tauras - Ao Vivo (LP, 1975)
Os Tauras - 3º Disco (LP, 1976)
Súplica de um Gaúcho (LP, 1978)
 
Com Os Farrapos

Os Farrapos - Ao Vivo (LP, 1981)
Os Farrapos - O Melhor de Os Farrapos (LP, 1982)
Os Farrapos - Novo Tempo (LP, 1983)
Ala-Pucha Tchê (LP, 1988)
Os Farrapos - A Maior Família do Rio Grande (LP, 1989)
Os Farrapos - O Tempo Vai Passar (CD, 1992)
Os Farrapos - A Batalha Continua (CD, 1993)
 
Carreira Solo

Cantorias (CD, 1994)
Saudade na Garupa (CD, 1994)
Rio Grande Dentro do Peito (CD, 1999)
25 Anos (CD, 2000)
35 Anos - Ao Vivo (DVD/CD, 2010)
40 Anos (CD, 2015)
Semente de Vanera (CD, 2017)
Amanhecer no Pampa (CD, 2017)
Isto é Iedo Silva (CD, 2022)

Álbuns Póstumos (pós 2021)

Um Changador Ao Seu Estilo (CD, 2023) - Álbum lançado após seu falecimento, com gravações inéditas e remasterizadas de suas músicas.

Os principais sucessos de Iedo Silva que marcaram o nativismo gaúcho:

Ala-Pucha Tchê (Disco de Ouro)
Me Comparando ao Rio Grande (entre as candidatas a hino popular do RS)
Chiquita
Pampa na Garupa
Águas de Cachoeira
Gaita da Bossoroca
Cevando o Mate
Despedida de Peão
Faculdade Campeira
A Dança dos Compadres
Queixo Seco
Xote Laranjeira
Passo do Bugio

Prêmios e Reconhecimento

Disco de Ouro por Ala-Pucha Tchê (1988)
Medalha Jaime Caetano Braun (2007)
Troféu Rede Pampa de Rádio e Televisão (2008 e 2009)

“Me Comparando ao Rio Grande” figurou entre as 14 músicas mais cotadas para hino popular do RS (2007)

Iedo Silva faleceu em 15 de setembro de 2021, dia do Gaiteiro, aos 74 anos, em Porto Alegre. A causa foi complicações da COVID‑19. Ele também lutava contra um câncer de próstata, diagnosticado meses antes. O velório foi restrito à família devido aos protocolos sanitários.

Sua partida representou uma perda imensa para a cultura e música tradicionalista do Rio Grande do Sul. Sua voz, repertório e influências permanecem vivos entre músicos e admiradores da cultura regional 

Por que Iedo Silva é essencial à cultura gaúcha? Porque ele uniu técnica, emoção e tradição em cada gaita tocada. Porque sua trajetória, das barrancas do interior até palcos da Europa, simboliza a força e autenticidade da música do Pampa. Porque suas composições são verdadeiros retratos sonoros do povo gaúcho. E porque ninguém canta o Pago como ele cantou.


DVD 35 Anos de Carreira de Iedo Silva gravado no CTG 35



terça-feira, 8 de julho de 2025

15 anos de Entrevero Xucro

No dia 29 de junho completamos 15 anos de blog, desde a primeira postagem. Nesse período passamos um tempo sem publicar conteúdo relevante e hoje temos o objetivo de sempre colaborar para que o leitor possa conhecer um pouquinho a mais da nossa cultura e história.

Sempre fui muito enfático quanto ao meu posicionamento de liberdade, estados livres para decidir seus rumos, inclusive sendo a favor da secessão total da república que não deu certo, que está nas mãos de Brasília. 

Ultimamente abandonamos o viés político e ideológico por ver que, por enquanto não conseguimos pregar um ideal libertário, nosso povo latino-americano que fala português está apegado à figuras mitológicas e estão esquecendo suas verdadeiras origens. Enquanto na base da pirâmide brigamos, lá em cima aumenta-se o privilégio de poucos políticos, alivia-se a fortuna dos ricos e pune o pobre e a classe média com migalhas. 

Não faço mais discurso político por que será em vão, apenas, traremos nossa verdadeira cultura gaúcha e as vezes outras culturas regionais que merecem destaques, pois, aqui valorizamos outras culturas e principalmente respeitamos. Independente de viés separatista ou não, os outros estados são parceiros e também são explorados eleitoralmente e financeiramente.  

Nossa cultura está sendo oprimida por uma normatização alienada que sempre tenta nos encaixar como povo em um lugar comum a poucos que se acham donos da verdade e se sentem no direito de querer combater quem pensa diferente. Não sou contra o Brasil, só não me encaixo nesse país dividido, se for para dividir, vamos dividir e dar autonomia aos estados,  que são entes explorados, vamos dividir os conhecimentos regionais dos povos que são ricos na diversidade de um país continental. 

Aqui vamos mostrar a cultura,  costumes e lugares do Rio Grande do Sul, nossas origens e por que somos o que somosna esperança que nosso povo que perdeu a identidade gaúcha volte um dia ser gaúcho, assim como eu, sem apego a dogma verde e amarelo e tentando manter viva a cultura gaúcha pampeana que forjou este povo que está se perdendo para o comum.

Continue com a gente, compartilhe nossas ideias, nossa cultura e abra tua mente para o Pampa latino-americano. 

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