Hoje, se encerra mais um evento de acendimento da chama crioula na cidade do Alegrete. Antes de falar sobre o evento vamos resumir para conhecimento o que é a Chama Crioula.
A Chama Crioula é um dos símbolos mais importantes do tradicionalismo gaúcho e está profundamente enraizada na cultura e na identidade do Rio Grande do Sul. Ela representa o espírito e a resistência do povo gaúcho, mantendo viva a memória da Revolução Farroupilha, que foi uma das maiores revoltas civis da história do Brasil, ocorrida entre 1835 e 1845.
Foi idealizada em 1947, no contexto do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que buscava resgatar e preservar as tradições e a cultura do povo do Rio Grande do Sul. A ideia surgiu durante o 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho, realizado na cidade de Santa Maria, um evento que reuniu jovens preocupados com a preservação da cultura gaúcha. Os idealizadores do movimento foram jovens estudantes de Porto Alegre, membros do grupo conhecido como "os Oito Sentinelas do Rio Grande", que incluía Paixão Côrtes, Cyro Dutra Ferreira e Glauco Saraiva, entre outros. Inspirados pelo desejo de reviver o espírito farroupilha, eles decidiram criar um símbolo que unisse os gaúchos em torno de sua história e tradições.
Primeira Chama Crioula
Em 7 de setembro de 1947, esses jovens retiraram uma centelha do fogo simbólico da Pátria, aceso em frente ao Palácio Piratini, e a levaram até o Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, onde foi acesa a primeira Chama Crioula. Esse ato marcou o início das comemorações da Semana Farroupilha, que celebra a Revolução Farroupilha e é um dos maiores eventos culturais do estado. Desde então, a Chama Crioula passou a ser distribuída a partir de um local simbólico escolhido anualmente, de onde cavaleiros percorrem diversas partes do estado, levando-a a todas as regiões do Rio Grande do Sul. Esse percurso é chamado de "Ronda Crioula", e simboliza a união dos gaúchos em torno de suas tradições.
Importância Cultural
Mais do que um simples fogo, a Chama Crioula representa a resistência, a bravura e o orgulho do povo gaúcho. Ela é um símbolo de fé, tradição e patriotismo, ligando o presente ao passado e mantendo viva a memória dos antepassados que lutaram pela liberdade e pela identidade do Rio Grande do Sul.
Hoje, a Chama Crioula é reverenciada em todos os rincões do estado, sendo acesa em milhares de Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e servindo como um elo entre os gaúchos e suas raízes culturais, seja no Rio Grande do Sul ou em qualquer parte do mundo onde haja um gaúcho que mantenha viva a sua tradição.
O evento em 2024
Chama Crioula foi acesa em Alegrete, dando início aos Festejos Farroupilhas 2024, sendo a 75ª Geração e Distribuição da Chama Crioula que ocorreu na noite desta sexta-feira (16) e marcou o início dos Festejos Farroupilhas 2024. Com o tema "Pampa Uma Pátria Sem Fronteiras", a cerimônia foi realizada em Alegrete, na Fronteira Oeste e marcou a primeira vez que a Chama Crioula foi gerada com a participação de três países simultaneamente. Anteriormente, em 2015, a cerimônia realizada na Colônia do Santíssimo Sacramento havia contado apenas com a presença do Brasil e Uruguai..
O evento se encerrou neste domingo (18), e contou com simpósios, shows musicais e churrasco, no Parque de Exposições Lauro Dornelles.
A programação do acendimento foi precedida por um espetáculo teatral que apresentou a história de Alegrete e das fronteiras, destacando a formação da região e a integração dos povos que a constituem, incluindo representações do Brasil, Uruguai e Argentina. A Chama Crioula foi acesa por volta de 22h, e envolveu um monumento em forma de casa de pedras e a figura de um laçador, idealizado por Paixão Cortez. A chama, simbolizando a reconstrução e a esperança, foi acesa e colocada na pira central e contou com a presença do ex-BBB, natural de Alegrete, Matteus Amaral.
Participantes de Santa Catarina, Argentina e Uruguai também estiveram nos três dias do evento. A presença deles é "uma homenagem aos costumes e à história que unem os povos do Pampa", segundo a entidade. Após o acendimento, a Chama foi retirada por Adalberto Lima dos Santos, vice-presidente da Cavalgada do Rio Grande do Sul. Ele a transportou em seu candeeiro, onde posteriormente a pira foi apagada.
A distribuição da Chama ocorreu às 8h30min de sábado (17), a pira foi acesa novamente, mas desta vez a cavalo e começa a ser distribuída para as regiões tradicionalistas, abrangendo 30 e incluindo três regiões fora do Rio Grande do Sul: Paraná e Santa Catarina..
Após completar o ciclo de distribuição, todos os cavalarianos participaram da cavalgada até a Praça Nova e retornam à Zona leste. Ao término, os participantes retornam ao parque, encerrando a celebração com a entrega da chama às diversas regiões tradicionalistas, reforçando a união e a tradição da cultura gaúcha. A programação incluiu a Churrascada do Baita Chão Especial Pampa, ao meio-dia. Às 14h30min, ocorreu o simpósio de integração cultural 05 Gaúchos e Los Gauchos: A Vida no Pampa. À noite, um show com a cantora uruguaia Catherine Vergnes e baile do grupo Alma Gaudéria.
O encerramento do evento se deu no domingo, com uma mateada às 15h30min e apresentações artísticas às 16h.
O acendimento da Chama Crioula é organizado em parceria com o governo estadual, prefeitura de Alegrete e MTG.