General Antônio de Souza Netto (1803–1866) foi uma das figura central na história do Brasil e a mais emblemáticas da história militar e política do Rio Grande do Sul no século XIX, especialmente no contexto da Revolução Farroupilha. Reconhecido por sua liderança militar e política na Revolução Farroupilha, sendo fundamental na proclamação da República Rio-Grandense, marcando um capítulo significativo na luta por autonomia e liberdade no sul do país. Ficou conhecido também por sua atuação nas guerras da Cisplatina, contra Aguirre e na Tríplice Aliança contra o Paraguai, Netto deixou um legado de bravura e idealismo republicano.
Origens e Formação
Nascido em 25 de maio de 1803, na estância Capão Seco, distrito de Povo Novo, município de Rio Grande, Netto era filho de José de Souza Neto e Teotônia Bueno. Sua ascendência incluía o português João Ramalho e a índia Bartira, filha do cacique Tibiriçá, destacando uma herança rica e diversificada.
Ascensão Militar e Revolução Farroupilha
Em 1835, como capitão da Guarda Nacional, Netto participou da reunião na Loja Maçônica Filantropia e Liberdade, em Bagé, que decidiu pelo início da Revolução Farroupilha. Destacou-se como comandante da primeira brigada do exército liberal republicano.
Seu maior feito ocorreu em 10 de setembro de 1836, na Batalha do Seival, onde, à frente de 400 homens, derrotou as tropas imperiais comandadas por João da Silva Tavares. A vitória foi decisiva para a proclamação da República Rio-Grandense, realizada por Netto em 11 de setembro de 1836, no Campo dos Menezes.
Durante a ausência de Bento Gonçalves, preso na Bahia, Netto assumiu o comando interino do Exército Republicano. Com a volta de Bento, passou a exercer a função de Chefe do Estado-Maior do Exército da República Rio-Grandense.
Participação em Outras Guerras
Após a assinatura da Paz de Ponche Verde, em 1845, Netto exilou-se no Uruguai, onde estabeleceu-se como estancieiro. Em 1851, retornou à luta na Guerra contra Rosas, organizando, às suas próprias custas, uma brigada de Voluntários Rio-Grandenses, o que lhe valeu a promoção a brigadeiro honorário do Exército Brasileiro.
Participou também da Guerra contra Aguirre, em 1864, e da Guerra do Paraguai, onde comandou uma Brigada de Cavalaria Ligeira de Voluntários. Destacou-se na vanguarda do Exército Brasileiro, sob o comando do General Osório, sendo um dos primeiros a pisar em solo paraguaio durante a invasão pelo Passo da Pátria, em 16 de abril de 1866.
Morte e Legado
Na Batalha de Tuiuti, em 24 de maio de 1866, a maior batalha campal da América do Sul, Netto teve papel crucial na defesa do flanco esquerdo das tropas brasileiras. Durante o combate, foi ferido e transferido para um hospital em Corrientes, na Argentina, onde faleceu em 2 de julho de 1866, aos 63 anos.
Em 1966, no centenário de sua morte, seus restos mortais foram trasladados para um mausoléu em Bagé, cidade que tanto prezava.
Representações Culturais
A vida de Netto inspirou obras na literatura e no cinema. O escritor Tabajara Ruas publicou o romance "Netto perde sua alma" em 1998, adaptado para o cinema em 2001. Além disso, Netto foi retratado por Tarcísio Filho na minissérie "A Casa das Sete Mulheres" (2003).