terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Heróis Farroupilhas - General Netto

Buenas entreverados, sempre com o objetivo se espalhar a cultura do pampa neste vasto pago da internet, hoje trago um resumo sobre um dos maiores heróis da República Riograndense, ele que a proclamou e se desgarrou para outros pagos por não concordar com o acordo efetuado entre o província e o império. Morreu defendendo o império, mas, com seu exército de confiança. Confira um resumo da vida de Antônio de Sousa Neto, o General Netto.

Azevedo Dutra: Retrato de Antônio de Sousa Neto,século XIX. Acervo do Museu Júlio de Castilhos
Antônio de Souza Neto, tropeiro de profissão, soldado por imposição da Pátria, - primeiro a Pátria Rio-Grandense e depois a grande Pátria Brasileira, - passou sua existência a serviço da liberdade e da justiça, para o bem do Brasil e do Rio Grande do Sul.
Nasceu na estância paterna, Município do Rio Grande, no distrito de Povo Novo em 11 de fevereiro de 1801, lá é lembrado pelo CTG General Netto (de Povo Novo), provinha de troncos açorianos e paulistas.
Seu pai o estancieiro José de Sousa Neto, nascido no Estreito (São José do Norte) em 1764, era filho de açorianos - Francisco de Souza Soares natural de Colônia do Sacramento e dona Ana Alexandra Fernandes, já sua mãe Teutônia Bueno da Fonseca, era natural de Vacaria, filha de paulistas descendentes de bandeirantes - Salvador Bueno e dona Inácia Antônia Bueno.

O seu bisavô, Francisco de Sousa Soares, fora oficial de Auxiliares no Terço Auxiliar de Colônia do Sacramento e casara, em 1791, com Ana Marques de Sousa na capela da Fortaleza São João. Antônio de Sousa Netto (Rio Grande, 25 de maio de 1803 — Corrientes, 2 de julho de 1866) foi um político e militar brasileiro, um dos mais importantes nomes do Rio Grande do Sul. É reconhecido por seu árduo trabalho na Revolução Farroupilha, que durou quase dez anos (de 1835 a 1845), como o segundo maior líder.

Descendia, pelo lado materno, do português João Ramalho, que vivia em São Paulo antes do povoamento e que casou com a índia Bartira(Isabel), filha do cacique Tibiriçá. Também pelo lado materno, descendia do paulista capitão-mor Amador Bueno da Veiga.
Iniciando sua vida de estudante em Pelotas, com seus irmãos Rafael e Domingos, foi em seguida para Bagé, onde se dedicou à criação de gado. Tropeiro, percorria o Rio Grande e o Estado Oriental, sendo por seu caráter, por sua dignidade e apresentação pessoal, querido e respeitado por todos. Afeiçoado às carreiras, possuía o melhor plantel de cavalos de corridas em cancha reta.

Como todo o rio-grandense que se prezava, naqueles tempos, também Antônio de Souza Neto se apresentou e foi soldado. Aos 28 anos de idade era capitão de segunda linha. E antes de completar 35 era coronel de legião da Guarda Nacional de Bagé, onde dia a dia aumentava de prestígio por seu valor, capacidade e inteligência, a par de um coração boníssimo, sempre pronto a proteger o fraco contra as injustiças, e a justiça contra as violências e desenvolveu a maior parte de sua enorme atividade de guerreiro defensor da Liberdade, da República, da dignidade do Brasil Império que ele profundamente amava como sua Pátria, mas detestava como monarquia.

Foi quando o movimento farroupilha, organizado e dirigido por Bento Gonçalves da Silva, encontrou Antônio de Souza Neto já preparado para a defesa dos direitos e liberdades do Rio Grande participou da reunião que decidiu pelo início da Revolução Farroupilha em 18 de setembro de 1835, na "Loja Maçônica Filantropia e Liberdade". E quando rebentou a Revolução, a 20 de setembro de 1835, o valoroso coronel comandante de legião da Guarda Nacional de Bagé de imediato organizou, auxiliado
por José Neto, Pedro Marques e Ismael Soares da Silva, o corpo de cavalaria farroupilha.

Era o general da primeira brigada do exército liberal republicano, que um ano mais tarde se destacaria nos Campos do Seival e foi a que teve, pela primeira vez, a decisiva participação dos Lanceiros Negros., derrotando o grande cabo de guerra imperial General João da Silva Tavares e proclamando a República Rio-Grandense, livre e independente, para livrar o povo rio-grandense "a não sofrer por mais tempo a prepotência de um governo tirano, arbitrário e cruel como o atual".

Lutou em diversas batalhas pelos republicanos, tendo comandado o cerco a Porto Alegre, durante vários meses, e a retomada de Rio Pardo, que estava nas mãos dos imperiais.

Em 7 de janeiro de 1837, travou o combate do Candiota, em que foi derrotado por Bento Manuel, mas já no dia 12 de janeiro, em Triunfo, vencia as tropas do coronel Gabriel Gomes, que morreu em combate.

Em abril de 1837 comandou a conquista de Caçapava, recebendo a adesão dos novecentos homens da guarnição imperial ali comandada por João Crisóstomo da Silva, apoderando-se de quinze peças de artilharia, quatro mil armas de infantaria e farta munição de boca e de guerra. Esses recursos possibilitaram a subsequente conquista de Rio Pardo, a 30 do mesmo mês, levando a que o comandante militar da Província, marechal Barreto, respondesse a um Conselho de Guerra.

Em Rio Pardo, em 30 de abril de 1838, junto a Davi Canabarro, Bento Manuel e João Antônio da Silveira, derrotou os legalistas, comandados por Sebastião Barreto Pereira Pinto e os brigadeiros Francisco Xavier da Cunha e Bonifácio Calderón. Em 18 de junho de 1840, acampado perto do Arroio Velhaco, foi atacado de surpresa por Francisco Pedro de Abreu e perdeu diversos homens, inclusive o coronel José de Almeida Corte Real, um dos melhores oficiais farroupilhas.

E foi ainda Antônio de Souza Neto que, na primeira tentativa de pacificação, em novembro-dezembro de 1840, proposta por Francisco Alvares Machado em nome do governo imperial, respondeu à consulta de Bento Gonçalves: - "Enquanto tivermos mil piratinienses e dois mil cavalos, a resposta será esta", dissera, pondo a mão direita nos copos de sua espada, porque as propostas não haviam sido feitas com muita lisura e estavam muito aquém da dignidade daqueles heróis que se batiam contra o Império, sacrificando tudo por um ideal: saúde, família, bem estar, fortuna e propriedades.

Promovido a General da República Rio-Grandense, o grande amigo e admirador de Bento Gonçalves da Silva pouquíssimas vezes foi vencido durante aqueles quase dez anos de lutas constantes de um país inteiro, bem armado e municiado, contra um pugilo de homens livres do Rio Grande do Sul que, sem jamais tirarem os olhos da grande Pátria, preferiam a morte a um acordo desairoso.

Após feita a paz de Poncho Verde em lº de março de 1845, que pôs fim à República Rio-grandense por ele proclamada a 11 de setembro de 1836, destinada a unir-se a todo o Brasil republicano, concordou com os chefes da República que findava para a pacificação do Rio Grande, mas se retirou para Corrientes, República Argentina, exilado voluntário alguns anos de repouso, mas, sempre atento às atividades político-sociais do Brasil.

Abolicionista ferrenho, foi morar no Uruguai após a guerra, com os negros que o acompanharam por livre vontade e onde continuou com a criação de gado. Mas jamais abandonou sua terra natal e seu povo. Sempre de olhos atentos, de quando em quando visitava a sua Bagé dos Campos do Seival, onde proclamara a República Rio-Grandense, tomando conhecimento direto dos acontecimentos.

Retornou à luta em 1851, na Guerra contra Rosas, com sua cavalaria na brigada de Voluntários Rio-Grandenses, organizada inteiramente à sua custa, o que lhe valeu a promoção a Brigadeiro Honorário do Exército Brasileiro, e a transformação de sua Brigada de Voluntários Gaúchos em Brigada de Cavalaria Ligeira.

Vencido o ditador, voltou à sua estância, para novamente regressar ao Rio Grande do Sul, em 1864, como representante dos estancieiros brasileiros no Uruguai - estancieiros residentes aí -, a fim de apresentar ao governo imperial as queixas contra roubos ali praticados contra ele e seus concidadãos.

Aliás, já em 1859 havia reclamado, violentamente declarando que, se o governo imperial não tomasse providências, ele, Neto, organizaria sua fôrça e assumiria a responsabilidade de invadir o Uruguai e vingar seus concidadãos. Regularizada a situação, com contemporizações, e algumas medidas preventivas, em breve tudo voltou ao que era antes e, novamente agredidos com violência, retornou ao Rio Grande do Sul, mas desta vez com poderes maiores. E, com esses poderes, foi ao Rio de Janeiro e aí, na côrte, onde foi acolhido com bastante afeto, depôs as queixas perante S. M. D. Pedro II. Pouco mais tarde, à frente de sua Brigada de Cavalaria Ligeira, fazendo a vanguarda do Exército, sob o comando do Marechal João Propicio Menna Barreto, invadia o Estado Oriental do Uruguai, - em auxílio do Presidente eleito da República, Don Venâncio Flores, tomando parte no assalto às trincheiras de Paissandu, onde também se sagrou, no ataque por água, o imperial marinheiro Marcílio Dias, recebendo seu batismo de fogo.

Voltou ao combate na Guerra contra Aguirre e depois, juntamente com seu exército pessoal, na Guerra do Paraguai. No comando em brigada ligeira fez a vanguarda de Osório na invasão do Paraguai, no Passo da Pátria, em 16 de abril de 1866. Sua cavalaria ligeira, ostentou sempre, ao lado da imperial bandeira do Brasil, o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense. Aliás, nessa sua fôrça eram numerosos os oficiais e soldados que o haviam acompanhado durante a Revolução Farroupilha.. Na batalha de Tuiuti, foi importante na defesa do flanco da tropa brasileiro, mas foi ferido a bala em 1º de julho e mandado para um hospital em Corrientes, Argentina, onde morreu e foi inicialmente sepultado.

O semanário ilustrado de Porto Alegre, 'Sentinela do Sul', n.' 7, de 18 de agosto de 1867, publicando uma bela litografia de I. Weingaertner, retrato do Brigadeiro Antônio de Souza Neto, assim termina seu comentário biográfico do proclamador da República Rio Grandense:

- "Faleceu, pois, o General Neto no cumprimento do mais sagrado dos deveres; e tanto mais apreciável é a sua dedicação quanto é certo que a sua extraordinária riqueza e o prestígio de que gozava o tornavam de tal maneira independente, que tudo quanto fez foi inteiramente espontâneo e somente inspirado pelo amor à Pátria".

Em 29 de dezembro de 1966, no centenário de sua morte, seu corpo foi exumado e transferido para um mausoléu em Bagé. Onde se lê na lápide do mausoléu do proclamador da República Rio-Grandense, no cemitério de Bagé.
"Aqui descansam os restos mortais do Brigadeiro Antônio de Souza Neto, falecido na cidade de Corrientes em 1.0 de julho de 1866". É o que , para onde foram transladados e definitivamente guardados .

Fica aqui o resumo colhido da internet da vida honrosa do autêntico gaúcho, defensor da liberdade, justo e corajoso, morreu peleando defendendo uma pátria que o explorou, mas, que por honra a defendeu.

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