A história de Caxias do Sul, a maior cidade do interior do Rio Grande do Sul, começa quando a região era percorrida por tropeiros, ocupada por índios e chamada Campo dos Bugres.
Em 1875, chegaram os primeiros imigrantes italianos em busca de um lugar melhor para viver que eram camponeses da região do Vêneto (Ítalia).
Embora o povoamento efetivo da região fosse iniciado em 1876, já dois séculos antes os jesuítas tinham tentado cristianizar esta zona. Por vários motivos as reduções fracassaram e os índios continuaram sua vida seminômade, daí o nome original de Campo dos Bugres, porque encontraram ali vestígios de antigo acampamento.
Já os imigrantes primeiramente se localizaram em Nova Milano e com a sua chegada os índios ficaram desalojados. No começo de tudo foi bastante dificil para os imigrantes, pois, se tratava de uma região de mata fechada. Em 1877, a colõnia do Campo dos Bugres passa a se chamar Colônia de Caxias, homenagem a Duque de Caxias. No entanto, com bastante celeridade o mato foi aberto e as primeiras lavouras e criações começaram a dar fruto.
Em 1884 a colônia foi anexada ao Município de São Sebastião do Caí. A origem da indústria Caxiense deu-se em 1895 com a atuação de um jovem italiano, com apenas 16 anos. Abramo Eberle inicia com uma pequena funilaria.
Em 1890, com Ato nº 257 de 20 de junho o comércio já florescia e as indústrias começavam a se multiplicar, e o primitivo povoado, na época distrito de São Sebastião do Caí, já dava mostras de pujança suficiente para ser emancipado, tornando-se uma vila governada por uma Junta provisória, e logo por um Conselho Municipal e uma Intendência. As primeiras décadas do novo município foram turbulentas. Os grupos de colonos procediam de várias regiões da Itália, alguns até de outros países, e tinham visões de mundo e interesses muitas vezes conflitantes. Ao mesmo tempo, o contexto político estadual era agitado por constantes disputas ideológicas e partidárias, que repercutiam na zona colonial. Ocorreram muitos episódios de violência e desentendimento, e a estrutura de poder se revelou instável. No meio das disparidades, a religião católica, comum a todos, revelou-se um poderoso elemento aglutinante, através do qual convergiram as diferentes correntes para o atingimento de propósitos coletivos, adquirindo a Igreja uma grande influência nos destinos da cidade por muitas décadas à frente.
No início do século XX a sociedade já se havia estruturado, as dificuldades iniciais tocantes à sobrevivência haviam sido superadas, e começava a se formar um sólido corpo cultural através da atividade de artistas, intelectuais, jornalistas e outros agentes, surgem cinemas e já se ouvem na cidade óperas e concertos sinfônicos. São fundados vários clubes sociais, recreativos e esportivos, o ensino se aprimora, o núcleo urbano cresce rapidamente e é embelezado por monumentos e edificações de estilo, a infra-estrutura urbana ganha corpo, a indústria e comércio estão solidamente alicerçados em uma rede de cooperativas e associações, e a zona rural desenvolve grande produtividade, começando uma fase de importantes exportações de uma variedade de produtos in natura e beneficiados. No âmbito político a disputas continuam, embora as crises sejam menos frequentes e menos dramáticas. O resultado deste período é a formação de uma cultura local diferenciada e original, num amálgama de elementos italianos e brasileiros, onde a consciência de uma herança da antiga civilização italiana e o progresso conquistado se tornam motivo de orgulho e autoafirmação.
Com a instauração do Estado Novo o governo federal impõe um rápido abrasileiramento da região e começa um processo de repressão e supressão dos indícios da italianidade. O desenraizamento cultural compulsório gerou uma profunda crise de identidade para os locais, que só começaria a ser superada na década de 1950.
Apartir daí, o mundo colonial ficara para trás. O crescimento da cidade começava a atrair migrantes da zona rural e de outras partes do estado em buscas de novas oportunidades, e ao mesmo tempo começam a surgir os problemas típicos das cidades grandes, com uma forte estratificação social e desigualdade de renda, e o Poder Público começava a ter dificuldade de atender as demandas que se multiplicavam com crescente rapidez em termos de habitação, saneamento, educação, saúde e outros. Desde então o ritmo do crescimento só acelerou, com seus aspectos positivos e negativos, e sua população, com um contínuo afluxo de grandes grupos de origens diversificadas, se tornou altamente heterogênea, deixando os descendentes dos italianos em minoria.
Neste ponto Caxias já se tornara uma das cidades mais importantes do estado, com uma economia forte e diversificada e uma cultura em franco alargamento.
Ao lado do lastro cultural itálico, a garra e a determinação herdadas dos imigrantes são a marca do povo caxiense. A ele foi erguido, em 1954, o Monumento Nacional ao Imigrante, na cidade da Festa da Uva. “Somos uma nação de nações. É justo que se erguesse aqui esse marco memorável”, disse na ocasião da inauguração, o presidente Getúlio Vargas.
Na zona rural instala-se a agricultura de subsistência que se concentra na produção de uva, trigo e milho, começando a industrialização em nível doméstico. Todo o excedente era comercializado. No início, a uva e o trigo. Em 1976, é criada a Universidade de Caxias do Sul, núcleo da cultura sistematizada.
Vários ciclos econômicos marcaram a evolução de Caxias do Sul ao longo destes séculos: do cultivo da uva e do vinho ao segundo polo metalmecânico do Brasil. Junto com os imigrantes, outras etnias partilharam desse caminho. Aconteceram a miscigenação e a aculturação.
Hoje Caxias do Sul tem mais de 470 mil habitantes, e é uma das grandes cidades brasileiras e muito do seu passado se perdeu pela dissolução de antigas tradições, pela demolição da maior parte do seu acervo arquitetônico primitivo, pelo cosmopolitismo que hoje impera, mas um grande grupo de pesquisadores se empenha em estudar a história local e preservar o que ainda resta de testemunhos materiais e imateriais desta história, e as instituições oficiais começam a perceber a importância de resgatar a memória coletiva através de museus, arquivos, tombamentos e fomento de atividades culturais que revisitam o passado e tentam integrá-lo ao presente.
Três municípios emanciparam-se das terras de Caxias: Flores da Cunha, Farroupilha e São Marcos.
Confira abaixo demais posts sobre Caxias do Sul aqui no Blog Entrevero Xucro.
Retratos do Rio Grande - São Jorge da Mulada (Caxias do Sul)
Retratos do Interior
Retratos do Rio Grande - Criúva
Retratos do Rio Grande - Caxias Interior
Confira aqui Cidades Riograndenses - Pinheiro Machado.
Fonte: Prefeitura Municipal de Caxias do Sul
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