Se hoje o Rio Grande do Sul respira cultura gaúcha em cada rodeio, fandango, CTG e pilcha bem trajada, muito disso se deve a um nome: João Carlos D’Ávila Paixão Cortes. Nascido em 12 de julho de 1927, em Santana do Livramento, esse vivente deixou um legado tão forte que segue cavalgando na memória de todos os que amam a tradição.
Neste 12 de julho de 2025, Paixão Cortes estaria completando 98 anos. E mesmo que ele tenha partido em 2018, sua presença continua firme no coração do povo gaúcho, como um marco da identidade sul-rio-grandense.
Guri novo, Paixão já se mostrava diferente. Em Porto Alegre, nos anos 40, enquanto muitos se afastavam das tradições, ele resolveu fazer o caminho contrário: mergulhou no campo, nos causos, nas danças, nos costumes campeiros, e tratou de anotar, catalogar e preservar cada detalhe.
Foi dele a iniciativa de fundar, ao lado de outros idealistas, o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do mundo: o 35 CTG, em 1948. Ali começava o movimento tradicionalista gaúcho, que hoje se espalha por milhares de CTGs pelo Brasil e pelo exterior.
Paixão Cortes estudou as danças tradicionais gaúchas diretamente com os mais antigos – peões, prendas, tropeiros. A partir disso, sistematizou coreografias que hoje são ensinadas em concursos como o Enart e vividas nos fandangos do interior.
Ele também ajudou a padronizar a pilcha, diferenciar os tipos de lenço, os usos do poncho, da guaiaca, e resgatou a linguagem campeira com orgulho.
E mais: inspirou a estátua do Laçador, símbolo de Porto Alegre, baseada em sua própria figura, pilchado de forma autêntica.
Paixão não via o tradicionalismo como folclore vazio, mas como filosofia de respeito à terra, ao passado e à identidade do povo sulino. Ele dizia que o gaúcho não era um personagem: era um modo de ser.
Foi radialista, folclorista, pesquisador, compositor e sempre um divulgador incansável das coisas do Sul. Andou pelo interior, pelas escolas, pelas rádios e palcos, sempre dizendo: “Ser gaúcho é uma honra e uma responsabilidade”.
Entre suas principais contribuições literárias e iniciativas, estão:
"Danças Tradicionais Gaúchas" (com Barbosa Lessa)
Criação do 35 CTG
Codificação das danças e trajes do RS
Inspiração para o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG)
Conservação oral e escrita do folclore do sul do Brasil
Paixão Cortes não foi apenas um homem: foi um monumento vivo da tradição, daqueles que andam de chapéu, mas também carregam no olhar a responsabilidade de manter acesa a chama crioula.
Ele nos ensinou a valorizar a história, a linguagem, a música, o churrasco, o cavalo, a dança, a hospitalidade e a honra.
Neste 12 de julho, o Rio Grande inteiro tem motivo de sobra pra lembrar desse gaúcho de alma imensa. Se hoje temos orgulho de vestir a pilcha, de cantar milonga, de cevar o mate e de ensinar pros mais moços o valor do nosso chão, é porque Paixão Cortes esteve aqui antes e abriu caminho a lanço e a verso.
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Qual é tua lembrança ou ensinamento mais forte ligado a Paixão Cortes?
Já leu alguma obra dele ou dançou uma coreografia que ele ajudou a preservar?
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