Primeiramente, sendo um crítico ferrenho do regramento da cultura do MTG nunca declarei que a cultura manifestada dentro do CTG não é importante e mesmo com todos os problemas dentro das entidades tradicionalistas, temos que reconhecer o trabalho executado por mais de 70 anos e perpetuando a cultura que temos hoje.
Ao falar que é uma cultura inventada, podemos considerar que a mesma está desinformada ou promovendo uma desinformação, comum nos dias de hoje, pois esse "modelo" cultural que temos no Rio Grande do Sul, vem de um resgate de manifestações culturais muito diversificadas e profundamente estudada por Paixão Cortes e seus parceiros, que se debruçaram em livros, filmes e relatos diversos buscando resgatar uma cultura que já estava perdida e que graças a ele respira e está consolidada no sul do Brasil.
O que surpreende é que a artista faz essa colocação novamente depois de aproximadamente 8 anos, abordando o machismo, que obviamente existe aqui e em todo lugar, e vamos apontar isso tudo mais a frente. Voltando ao relato, o que ela mesma fez nesses 8 anos além de ganhar dinheiro dessa mesma cultura "inventada" que certamente que proporciona uma boa renda e caso esteja equivocado, podem me corrigir, Shana Muller não tem nenhum projeto, programa ou eventos que trabalhem o tema machismo ou inclusão de mais mulheres no meio tradicionalista.
A tal invenção se dá de um movimento de resgate cultural promovido nos anos 50 e a partir dele trás a tona todo o simbolismo que hoje fica evidente na semana Farroupilha em setembro, porém, esse resgate aconteceu por que jovens do interior estavam vendo seu cotidiano lá do campo, da cidade pequena se perdendo e perdendo espaço para a cultura estrangeira vinda da Europa e principalmente dos Estados Unidos. Com isso fizeram o evento simbólico de acender uma chama simbolizando nossa essência cultural e mostrando que nossos costumes não estavam apagados.
Hoje, com essa atitude de pessoas que atuam dentro de instituições tradicionalistas, que ganharam dinheiro e visibilidade com essa cultura vem a público criticar sem apontar norte, mostra que estamos passando por um momento cultural nebuloso igual a década de 50 e precisamos de alguém para preservar e resgatar o que sobrou do nosso tradicionalismo essencial, com aquela simplicidade do campo, sem regras de vestimentas, sem padrão para laçar, sem normas para ser gaúcho. Nem isso está se segurando perante a invasão estrangeira no Rio Grande do Sul.
A invasão vem através desta ferramenta que uso para defender nossa tradição, e o descuido do que se diz gaúcho permite que ele próprio mate a tradição aos poucos. Como? Já te explico. Tchê, vem comigo fazer a linha cronológica do gaúcho, no século 18 tem notícias de índios vagos que rondam as capitais do Prata, tratados como bandidos e bandoleiros. Logo após o fim da reduções jesuíticas, com o gado solto, se criam campeiros com habilidades em cima do lombo do cavalo e com o início das Charqueadas são recrutados nas estâncias para a lida de campo. Seus costumes foram se perdendo e com sucessivos governos abertos a centralizar poder e normalizar o país, tudo isso acabou se perdendo e com o avanço das tecnologias da época, nossa essência estava fadada a se acabar.
Aí que começa a cultura de hoje, que foi resgatada por jovens que não aguentavam mais músicas do centro do país, músicas estadounidenses e inglesas. Essa indignação fez com que saíssem a cavalo pela capital e transformassem um pequeno gesto em uma perpetuação e consolidação da garra de uma povo. Agora no período que estamos, sendo contaminados pela política que segrega em prol de duas figuras que não se importam com nosso povo,com nosso estilo de vida, se importam apenas em arrebanhar suditos cegos por um ideal que não é nosso e sim deles. Hoje vemos gaúchos enrolados na bandeira do Brasil, sendo que quase duzentos anos atrás essa mesma bandeira estava aniquilando o povo em prol de não entregar o pedaço de terra que defendia suas fronteiras. Estão defendendo os Estados Unidos, presidido por um louco megalomaníaco que quer submissos ao invés de parceiros. Em contrapartida, a outra ponta da agressão cultura bem a onda vermelha combatendo nosso hino é nos taxando de racistas e tudo que hoje temos de ruim na sociedade.
Estes mesmos indivíduos que segregam o país em sua maioria, nos rotulam através de fantoches eleitoreiros que trabalham a favor dos figurões de Brasília, atuam aqui fantasiados de vereadores e deputados e pregam ódio de ambos os lados, tecem narrativas de interesses ideológicos financeiros. Uns para uma família, outra para os grupos e quem sai com sua história manchada é o Rio Grande do Sul, que tem pessoas que vivem dentro da tradição usando narrativas, pessoas em CTGS agredindo e ofendendo o outro em defesa de pátria invasora e assim seguimos rumo ao limbo histórico do ostracismo cultural.
Seguimos firmes defendendo o ideal gaúcho do pampa, o que não tem regra, o que é simplesmente ser gaúcho, na comida, no falar, no vestir e no ser. Minha pátria é o pampa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário